De Sagan ao Hubble
Fui apresentado aos mistérios e fascínios do Universo por Carl Sagan. Não pela série que ele apresentou em 1980. Pelo livro lançado no mesmo ano. Ambos com o mesmo título “Cosmos”. Ler “Cosmos”, é fazer uma viagem simplesmente inesquecível. Logo no início Sagam afirma que não tínhamos chegamos a molhar os dedos dos pés por inteiro no conhecimento do Universo.
Com a mágica da leitura em andamento então eu imaginava. Se tudo isto que Sagan está a me ensinar ainda não molha totalmente nem os dedos dos meus pés, o que o Universo nos deixará saber quando a água estiver pelos tornozelos. O mais fascinante dessa viagem é que estamos desvendando os segredos do Universo sempre olhando mais e mais para o seu passado.
Menos de meio século depois de “Cosmos”, quando a Nasa comemora os trinta anos do Telescópio Hubble, eu não me atreveria a dizer que os astrônomos já estão com a água pelos tornozelos. Atrevidamente empresto um dos slogans da série “Jornada nas Estrelas”, para dizer que o Hubble audaciosamente nos levou onde nunca estivemos.
Segundo as interpretações de observações astronômicas feitas em 2014 indicam que a idade do Universo é de 13,82 bilhões de anos. Hoje sabemos que as lentes do Telescópio Hubble conseguiram captar imagens de objetos distantes 9,5 bilhões de anos do Sistema Solar. A teoria de que um dia conseguiremos captar imagens da explosão conhecida como Big Bang se aproxima de ser realidade para as futuras gerações.
Como exemplo de que no Universo estamos sempre olhando o passado, vamos pegar a constelação de Escorpião. A partir de maio ela estará nascendo no leste por volta das 20h próximo de onde o Sol nasce em dezembro e a Lua em junho. E então, a cada dia quatro minutos mais cedo. Se em torno de sua estrela alfa “Antares” existir algum planeta abrigando uma civilização com tecnologia para nos ver, veriam como era o Brasil 100 anos antes do descobrimento. Antares está distante 600 anos-luz de nós.
O Telescópio Hubble poderia ter representado o maior fracasso da astronomia atual. Poucas semanas após o seu lançamento em abril de 1990, o Hubble apresentou uma falha no seu espelho óptico. Os consertos e a colocação do “óculo” foram feitos por astronautas em missões do ônibus espacial.
O Telescópio faz muito mais do que fotografar objetos nos confins do Universo. Ele mede com precisão a posição deles e dissecando a luz que eles enviam. Com sua resolução é possível ver objetos separados por dois metros de distância. Veríamos os faróis acessos de um carro na Lua
Quarenta anos separam Sagan do Hubble. A água próxima aos tornozelos é convidativa. Como eu queria ainda estar por aqui para senti-la nos joelhos!
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