Ninguém pode imaginar,
e nem eu queria contar,
mas sou obrigada a falar,
o que vai no coração.
Às vezes não entendo porque,
sou assim tão diferente,
porque não sou igual,
seria louco de especial,
se pudesse ser,
uma Maria normal.
Mas não sei o que acontece,
meu sangue sempre se aquece,
e viro fogo de queimar,
a quem em mim tocar.
Mesmo através de palavras,
voando ao léu,
viro um fogaréu,
uma lava incandescente,
e prá apagar esse fogo,
meu amigo,
só mesmo muita paciência,
tem que ter muita valência,
carinho, amor e cuidado,
para não sair chamuscado,
desse vulcão,
que de brando
tem só aparência.
É um suplício esse fogo,
que toma conta da gente,
e abala nossa paz,
fazendo o coração pular,
e a alma rodopiar,
num fogaréu de sonhar,
e nos deixa a sempre pensar,
em o que fazer,
como este fogo apagar.
Ah, se eu soubesse o que fazer,
nestes momentos assim,
acalmar esse fogo dentro de mim,
e abrandar minha alma,
que vem alvissareira,
trazer pólvora e madeira,
pronta pro fósforo riscar,
e acender a fogueira.
Por isso quantas vezes,
sou meio incompreendida,
ao invés de me entender,
preciso ser subentendida.
Mas preciso dizer,
também sou querida,
doce, espontânea, divertida,
branda, mulher de abraçar,
alegre, apaixonada e feliz,
sou tudo o que sempre quis,
ser em toda minha vida.
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