Ao redor, branco:
Nos ombros, um manto;
E a flor na mão, um encanto.
Nela: Vestido preto,
Pensamento denso
E o Luto intenso de dentro.
O pesar busca algo para se refugiar
Seja uma flor pra cheirar
seja um xaile pra enroupar.
Lágrimas de saudade
De uma distante realidade
Expurgam sua tristonha face.
O pesar insiste em não partir
Enquanto a viúva não o sentir
Pois ele morre de vontade de sair.
Sentir, elaborar e ressignificar
Uma vida, uma perda e o amar
Para a vida conseguir continuar...
Pela sua perda,
A viúva deixa
Que o sorriso se perca.
Ela acha que a alegria,
de certa forma, é proibida
E do pesar é submissa.
A perda deixou um vazio
Tão grande que sumiu
A vontade de viver sem quem partiu.
A viúva cheira a flor
E se condena com tanta dor,
Pois foi irresistível sentir por ela amor...
A flor com sua intrínseca beleza
fez a viúva reconhecer na natureza
que não há apenas dor pela redondeza.
A viúva se sentiu acolhida
pelo manto em cima
de seus ombros e da melancolia.
O universo é tão convidativo
para acharmos que é proibido
sorrir após o que nos é dolorido.
O interior se clareia pela compreensão
de que a dificuldade inclusive a perda na evolução
é importante para a nossa evolução.
Mesmo que o peito continue mais fraco a escurecer,
pela saudade e o amor nunca perecer,
tudo bem isso sentir e persistir em viver...
Pois mesmo que difícil seja a sua adaptação,
a viúva sabe que ela é a única pessoa que ela não
consegue realmente viver sem bater o coração...
E ao contrário do que ela imagina,
Há muito mais gente viva que ela imagina
Que quer fazer a ela companhia.
Mas se em quem perdeu ela se limitar
E em seu pesar se fixar, vai ser mais difícil nela encontrar
Forças para que a vida possa continuar...
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