Tempos
Chuto uma pedrinha e ela voa para a mata na beira da estrada, some da minha vista como se quisesse esconder-se de mim.
Continuo andando vagarosamente, me sinto tão leve que não percebo o peso dos livros que carrego em minha mochila e sob meus pés a estrada cascalhada que tantas vezes percorri.
Eu fiz companhia pra ela e ela fez para mim.
Ela é parte da minha infância mágica e me viu crescer. Nela eu quis caminhar ou correr, mas nunca procurei um atalho.
Observo a minha volta e são tantas as cores, se fundem ao vermelho no céu que anuncia o entardecer. Ouço ao longe o barulho das máquinas que colhem o trigo, espalhando pelo ar um perfume tão prazeroso quanto o vento que me refresca e acaricia meus cabelos.
Eu sou uma menina ingênua e feliz.
Pisco uma, duas vezes...o chão está cinza, as conversas, buzinas e movimentos me trazem a realidade. Tudo se transformou. Eu cresci.
A minha volta há tanta gente, mas eu sigo só.
Às vezes quero voar, cantar e rir.
Às vezes quero me encolher, me calar e dormir.
Há tempos e tempos.
Mas todas as vezes que me perco eu chuto uma pedrinha.
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