Desde a tenra idade
Pensei que seria um alforriado
Imaginei pisar firme no chão
Mas com passos de andante
Almejei toda aquela liberdade
Sim, condição de moderado
Jamais considerei a traição
Ou mesmo galgar como errante
Disposto em viver sem cativeiro
Juntei, investi, dediquei
Esqueci o número de anos que passava
Auxiliei aquele que tinha confiança
Opa! Ledo engano
Esbanjei meu dinheiro
Dei, emprestei, confiei
Não percebi por onde transitava
Coloquei tudo na balança
Opa! Entrei pelo cano
Maduro, tento esquecer
Necessitado, esbanjo sorrisos
Idealista, ainda sonho
Altruísta, pretendo aquecer
Abnegado, esqueço os caprichos
Desconfiado, a tudo me oponho
Ensaio os meios de recuperar
Dou vazão ao ânimo
Deliro nas fantasias
Entrego ao acaso recruzar
Com coragem e desejo no âmago
Em readquirir circunstâncias imaginativas
Essa aversão não chora
Lamenta apenas o ocorrido
Nem demonstra constrangimento
Considera os estigmas como aprendizado
Nas orações ao menos implora
Pelos fatos decorridos
Permanece com o sublime sentimento
De que só fora abençoado
Sem se preocupar pela demora
Mesmo com falsos sorrisos
Diante dos acontecimentos
E nem se sente como derrotado
Amanhã outro dia
O mesmo sol irá raiar
Considerando ou não a alforria
O importante é se amar
Orlando Galotti Jr.
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