Já não minto
pois o que sinto
é toda a verdade que tenho,
mesmo que da boca
saiam multidões de evasivas,
mesmo que a carne guarde
o cofre das infinitas colmeias...
Já não canto
pois o que o pranto
da música que se debruça sobre o bebê morto
diz
é muito mais do que lágrimas
que escorrem sobre o verniz...
Já não exalo natureza morta
e nem atos abstratos,
cumpro o que diz a bula da vida:
coma o que te farta
pois um dia se fartará de ti
a eternidade amiga...
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