Quem poderia imaginar que um nome tão comum seria usado para chamar uma mulher de tantos talentos? Rio de Janeiro, primeiro dia do primeiro mês do ano de 1907. Nascia Laura, no bairro de Botafogo.
Embora nascida em família rica, com várias posses, a maior riqueza de Laura era seu espírito guerreiro. Uma mulher a frente de seu tempo em suas ideologias e posicionamentos.
Laura, em sua juventude, encantava e agraciava a todos com sua beleza, educação e outras mais variadas qualidades que uma mulher poderia ter.
Mas Laura não era apenas sinônimo de beleza, era também sinônimo de luta e engajamento nas mais variadas esferas sociais: pelas mulheres, pelos pobres e por várias outras causas que "abraçava".
Era contra o papel que a sociedade "destinava" as mulheres, as estruturas hierárquicas religiosas e as injustiças sociais que acometiam as camadas menos favorecidas.
Adepta ao feminismo, lutou pelo direito ao voto junto a outras damas nos anos 30 em meio ao governo de Getúlio Vargas e obteve êxito.
Opositora da opressão e da ditadura, lutou contra o regime militar e fez "frente" contra o quinto ato institucional, não obteve êxito, e foi exilada em Lisboa, Portugal.
Quando retornou ao Brasil, Laura percebeu que a dedicação as suas lutas e causas a impediu de ter filhos ou se casar. Assim, ela sentia-se sempre sozinha, de modo que envelhecia e adoecia.
E o impiedoso tempo foi o grande inimigo de sua vida e acometida por uma doença perdeu toda a memória, e como vivia sozinha, não havia quem lembrasse sua história.
Já senhora, sentada na varanda de uma velha casa, muito triste e com os olhos sem esperança pois não tinha mais as belas lembranças do que fizera parte de sua vida.
Certo dia, Dona Laura recebe uma visita em sua casa, era uma semana aleatória do ano de 1990, talvez a visita mais indesejada que alguém possa receber, era o Anjo da Morte, que a levou deste mundo aos 83 anos de idade.
|