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QUANDO O MUNDO PERDE A COR
Ane Lenn

Resumo:
Quando nada parece dar certo, um mundo cheio de vida se transforma em cinza. Depressão, bem vindo ao meu mundo.

Um mundo com cores opacas, sem vida, sem graça. É assim que eu o vejo o alguns anos.
De repente o chão se abriu sob os meus pés e o diagnostico para isso, no meu caso, foi chamado de depressão.
Não pude ter certeza de onde ela surgiu, pode ter sido por decisões erradas, segredos que não me pertencem pesando em minhas costas, coisas que deixei de fazer por medo, trabalho sobre pressão resultando na perda da vontade de se levantar, realmente o mundo perdeu a cor.
Convivo a longos anos com essa má companhia, se é que posso chama-la assim, me perseguindo para todos os lugares como uma sombra, não tem como esquece-la ou abandona-la em uma esquina qualquer.
O pior momento do dia é levantar da cama de manhã, porque sei que o dia vai ser totalmente desperdiçado, fazendo grandes nadas e quando se tem algo pra fazer o corpo não quer obedecer.
Percebi que até hoje não tive amigos de verdade, tive pessoas que precisaram de mim em algum momento, mais nada de tão importante ao ponto de quererem me manter nas suas vidas. Como dizem “as pessoas que mais amamos são as que mais nos magoam”, essas palavras são as mais verdadeiras que já ouvi.
Nao vejo beleza e graça onde as pessoas “normais” costumam se derreter. Os bens materias não são coisas que me atraem, claro que são essenciais, mais também nao vejo muito sentido em te-los em grande quantidade, vamos ter que deixa-los para trás mesmo.
Há um tempo atrás, quando fui demitida, resolvi gastar um pouco do meu dinheiro com uma viajem, nunca tinha ido para um lugar muito longe e como fui convidada tentei deixar as minhas neuroses guardadas e conhecer o mar do caribe.
O que para muitos pode ser um sonho, para mim não passou de agua, vento e areia. Não posso dizer que essa viajem foi ruim, claro que não foi, guardo muitas recordações boas e histórias engraçadas, mais me senti uma grande imbecil. Estava em um lugar lindo, com muitas pessoas animadas, música, sol, muita comida e bebida, e mesmo assim, não consegui ver nada de tão espetacular como todos dizem. É claro que o problema sou eu, não tenho duvidas disso mas o fato é que não consigo mudar esse sentimento.
Sinto como se estivesse presa ao chão e não pudesse ir para outro lugar, e se conseguisse sair, parece que nada vai dar certo, que a incapacidade vai se fazer presente.
Quando adolescente, nunca fui popular e nem tive muitos amigos, sempre gostei de ser discreta e ficar longe de onde pudesse ser vista. Acredito que passei esse período da minha vida praticamente anönima, mais apesar de ser um zero em relacionamentos, me saía muito bem nos estudos, embora não fosse um exemplo de estudante, sempre fui uma das melhores da turma, inteligencia era o que diziam, mais costumo pensar que era sorte. Odiava o portugues, preferia os números, apesar de sempre ter gostado de ler, irönico né! Como qualquer um gostava de sair, confesso que não fazia com frequencia, mais sempre estava nas festas que tinham na cidade.
Quando paro pra pensar em quem fui e em quem me tornei, muitas vezes é difícil aceitar. De uma criança gorda, adolescente praticamente normal, para um adulta totalmente vazia e ao mesmo tempo cheia de pensamentos conturbados.
Realmente não era esse futuro que imaginava para mim.
Com o meu trabalho, consegui coisas que pareciam ser conquistas distantes, com as pessoas que amei aprendi que nunca conhecemos ninguém por inteiro, com a graduação vi que não foi um erro mas poderia ter abandonado para fazer o que realmente gostava. Assim os anos passaram e não vão voltar. Dizem que sempre podemos começar de novo, nunca se é velho para tentar. Isso pode ser verdade, mais como começar de novo quando nao se enxerga nada pela frente.
Penso no futuro que me aguarda e não vejo nada, um mundo borrado, sem sentido e sem cor.


Biografia:
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Biografias QUANDO O MUNDO PERDE A COR Ane Lenn


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