Eu, mar.
Não sei como me expressar,
Nem como me sentir.
Tenho um corpo vazio,
Um corpo que me está a consumir.
Então para quê sentir?
Sou um barco à deriva,
Sem porto à vista,
Sem alternativa.
Sou a fraqueza de mim próprio.
Naufragando por ilusoões,
Ancorado no meu eu inóspito,
No meu eu decrépito.
Comparo-me com o mar mais revoltoso,
Mais frio e agitado.
Dentro de mim nasceu um iceberg,
Sinto-me imóvel, congelado.
Somos o oposto obsequente.
O meu mar é gelado,
O teu é quente.
Foste levada pela corrente.
Estamos separados sem propósito.
Então levanta a tua âncora e volta,
Tenho salva vidas, trás a tua.
Uma vez agarrada, não serás solta.
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