Ainda bem que não somos donos da poesia...
Senão o que versos acorrentados pela estrada cantariam?
Ainda bem que fonemas desmaiam sob a tinta da pena,
mais ainda quando tem o poeta a alma turbulenta e serena...
Ainda que bem que o juízo não está preso à palavra,
que fia, tece, desenha. grafita, sinuosa e benfazeja larva...
Ainda bem que o poeta recruta em dicionários elétricos,
que acendem o céu deste tempo com versos nada simétricos...
Ainda bem que letras formam palavras que não se estorvam,
juntas andam e cedem ao espinho a companhia da rosa...
Ainda bem que os olhos pousam suas asas inquebráveis
em poesias que retornam de viagens a lugares inimagináveis...
Ainda bem que tem o tido o que viveu o consentido
quando consente o poeta ter imaginado tudo o que foi vivido...
Ainda bem que as palavras não nos deram ao abandono
nem quando insones procuramos versos mergulhados no sono...
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