Certa tarde, estava em casa assistindo televisão, quando escutei passos do lado de fora e o latido do cachorro. Um segundo depois, a porta da frente se abriu, e Mon-El entrou cambaleando.
Nunca o vira bêbado, afinal, este era um dos motivos por eu ter me apaixonado por ele. Levantei, me encaminhei até ele e perguntei:
- Mon-El, desde quando você bebe?
Ele se virou na minha direção, com o olhar fora de foco.
- Poxa, Kara, desde quando você se intromete na minha vida? – questionou, irritado.
Eu sabia que quando pessoas bebiam, geralmente ficavam estressadas, porém, ainda assim continuei discutindo. Passados alguns minutos, ele gritou por Ruby, nossa filha que estava no andar de cima.
Chegando lá, Ruby olhou o pai, que se aproximou dela e agarrou-lhe o pulso com força, ainda gritando.
- Pai, para! Está doendo! – reclamou ela – Por que está assim?
Senti uma onda de fúria ao ver que ele não a largava. Corri para perto, e o empurrei para longe. Mon-El me olhou como se eu fosse maluca, então se aproximou novamente e deu-me um tapa.
- Pa... papai! O que há de errado com você?! Você bateu na mamãe! – soluçou Ruby.
Como se aproveitando a deixa, ele andou em direção á porta, pegou a chave do carro e saiu. Escutei o som do motor do carro ligando e ficando mais distante.
- Mamãe, por que o papai fez isso? Ele é malvado. – choramingou Ruby
- Papai só não está em um bom dia, filha. Mas vai passar. – respondi, esperando para ser verdade.
Horas depois, já a noite, recebi um telefonema.
- Quem é? – perguntei
- Sra. Kara Danvers? Esposa de Mon-El?– disse uma voz que não conhecia.
- Sim? – respondi.
- Lamento informar, mas seu marido sofreu um acidente por embriagues e não sobreviveu. Hora da morte: 8:41 P.M.
Senti como se tivessem retirado o ar de meus pulmões. Atrás de mim, escutei uma vozinha e me virei.
- Mamãe? Cadê o papai? – perguntou Ruby.
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