Nina era sempre evasiva quando a mãe a questionava sobre quando iriam inciar os preparativos para o casamento e toda vez em que esse assunto surgia, ela dava um jeito de se retirar. Diante da incompreensão da mãe com o comportamento da filha o pai dizia rindo “O sacro instituto do matrimônio consegue assustar até mesmo Nina, a quem nada assusta!”.
Desde o dia em que soube que estava perdida para sempre, Nina entendeu que aquele casamento não poderia acontecer, ela nunca poderia entregar a Inácio algo que já não lhe pertencia. Sabia que em algum momento teria que resolver aquele assunto e a incansável insistência da mãe a lembrava que este momento estava chegando. Então, sem qualquer aviso, tomou sua decisão. Nunca fora indecisa em sua vida e não seria agora. A decisão era sua, então não precisava da autorização de seus pais para escolher o caminho que iria seguir.
Foi até a biblioteca, e com sua letra firme, escreveu para Inácio naquele papel de carta em tom rosê com suas inciais gravadas no alto.
Prezado Inácio,
Serei direta, pois sei que não há jeito fácil de lhe dizer que já não posso ser sua esposa. Não posso lhe dar o que não me pertence, já que me foi roubado. Devolvo o anel que me deu e espero que o entregue a alguém capaz de lhe fazer feliz.
Adeus.
Nina.
Dobrou o papel com cuidado, colocou-o dentro de um envelope juntamente com o Cartier, chamou uma das criadas e pediu que a correspondência fosse levada ao correio ainda naquela manhã, então, como se estivesse livre de um peso, esperou o anoitecer chegar.
(CONTINUA)
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