Estive pensando num desses fins de semana inesquecíveis que a maioria das pessoas já devem ter vivido e que parece que nunca deveria acabar. Momentos verdadeiramente alegres. Daqueles que marcam para o resto de nossas vidas e infelizmente, daqueles momentos que nunca vão voltar ou se repetir.
No meu caso foi apenas um fim de semana, mas para outras pessoas poderia muito bem ter sido uma semana, um mês, um ano ou então um dia, uma hora ou até mesmo um minuto. Muitos de nós ainda estamos no mesmo lugar, mas esses momentos jamais estarão.
Ah, se a vida fosse um filme! Poderíamos com um simples toque no controle remoto voltar todos os bons momentos e revivê-los sempre que tivéssemos saudade ou desejo, como ocorre exatamente agora. Nada ficaria no passado ou no esquecimento. Nossas vitórias, nossas amizades, nossos amores. Tudo seria revivido sempre. E até mesmo nossos dissabores e tristezas seriam controlados, pois nós simplesmente, adiantaríamos essas cenas desagradáveis de nossas vidas, mas isso só se nossas vidas fossem um filme e elas não são.
Por isso ficamos todos lembrando o tempo todo. Saudosos e emocionados e de certa forma insatisfeitos e indignados por nada poder fazer. Somente relembrar. E está sim é a única maneira de reviver ou rebobinar, voltar as cenas de nossas vidas, não como um filme mas como se fosse um.
O citado fim de semana é uma das cenas que mais repito em minha memória e em meu coração. E o faço com lagrimas de saudade. Naquela ocasião, hoje já longínqua, estávamos todos nós, eu e meus amigos. Conversando. Rindo uns com os outros. Ouvindo boa musica, segundo nossos critérios, regados a cerveja (e refrigerante para quem não bebia) estávamos todos ali, felizes e o futuro não importava. Hoje pouca mudou. De vez e quando voltamos a nos reunir, principalmente, para relembrar aqueles bons momentos e a felicidade que agora é incompleta, pois hoje falta um de nós, falta Cosme.
Cosme era o tipo de pessoa que deveria ser imortal. Até hoje eu não acredito que ele nos deixou, mesmo tendo se passado quase nove meses de sua morte. Na verdade ninguém acredita. Sua simpatia, sua alegria, sua sinceridade e simplicidade continuam presentes. Só falta ele. É impossível não lembrar dele. É impossível não falar dele, pois ele está sempre em nossas memórias, quando por teimosia insistimos em rebobinar as cenas de nossas vidas, e nesse caso, Cosminho (como era conhecido por todos os que compartilhavam de sua proximidade) não era apenas uma cena, mas, um filme completo que foi interrompido por um ataque cardíaco inesperado, que não só tirou ele nós, mas que também tirou um pedaço de cada um de nós, e hoje estamos um pouco vazios. Num presente vazio, pois é no passado que ele está. E se a vida fosse um filme, ele jamais teria fim.
E quem não queria que a vida fosse um filme? Para jamais ver findar a vida hoje em flor? Para nunca ter que se lamentar pelo dia que passou ou lamentar por alguém que se foi e não voltou e não vai voltar, mas a vida, filme não é. E como já disse antes, só nos resta lembrar, como estou fazendo agora e como sempre faremos até o dia em que nossa vida acabar. Ai seremos talvez lembrados da mesma forma que estamos agora a nos lembrar. Ah, que pena que a vida não é um filme!
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