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Quebrantamento na Aflição
Thomas Boston

Thomas Boston (1676-1732)
Traduzido, Adaptado e
Editado por Silvio Dutra

“Considera as obras de Deus; pois quem poderá endireitar o que ele fez torto?” (Eclesiastes 7.13).

O propósito de Deus em afligir alguém para algum propósito de juízo ou de aperfeiçoamento espiritual haverá de ser cumprido pelo tempo que Ele determinou, sem que ninguém possa mudar isto. Este é um dos principais significados de Ec 7.13.

I Pe 4.15-19: “Que nenhum de vós, entretanto, padeça como homicida, ou ladrão, ou malfeitor, ou como quem se entremete em negócios alheios; mas, se padece como cristão, não se envergonhe, antes glorifique a Deus neste nome. Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; e se começa por nós, qual será o fim daqueles que desobedecem ao evangelho de Deus? “
“E se o justo dificilmente se salva, onde comparecerá o ímpio pecador?”
“Portanto os que sofrem segundo a vontade de Deus confiem as suas almas ao fiel Criador, praticando o bem”.
O sofrimento não tem o propósito de ser algo em vão em nossas vidas, do ponto de vista de Deus, pois tem determinado principalmente, que através dele sejamos transformados segundo a Sua vontade e Palavra, para que Ele seja glorificado. A paciência na tribulação, no sofrimento que ela produz é de grande valor para Deus, e também para nós, porque é por meio disto que aprendemos a ser pacientes e perseverantes nas coisas do Senhor, ensinando-nos a amar com o mesmo amor de Deus, que é sofredor, isto é, longânimo em sofrer em razão do pecado que há no mundo.
Uma visão correta da aflição é completamente necessária para um comportamento verdadeiramente cristão sob ela; esta visão somente será obtida por fé, e nunca pelos sentidos, porque somente quando os desígnios divinos são descobertos nas aflições pelos olhos da fé, sendo assim propriamente considerados, nós temos uma visão correta das tribulações que são o meio provido para suprimir as ações de afetos corrompidos, quando estão debaixo destas aflições.
Foi sob esta visão que Salomão afirmou as palavras de Ec 7.13: “Considera as obras de Deus; pois quem poderá endireitar o que ele fez torto?”
Antes, ele havia afirmado em 7.3-5 que;
“Melhor é a mágoa do que o riso, porque a tristeza do rosto torna melhor o coração.
“O coração dos sábios está na casa do luto, mas o coração dos tolos na casa da alegria.”
“Melhor é ouvir a repreensão do sábio do que ouvir alguém a canção dos tolos.”
Ele está se referindo às tribulações como o meio precioso de nos tornar úteis para os propósitos de Deus em transformar-nos em sábios, e que deveriam ser motivo de regozijo e não de abatimento o passar por várias provações, sabendo que a prova da fé produz perseverança, conforme diz em suas palavras: “a tristeza do rosto torna melhor o coração”, a saber, aquilo que nos magoa, isto é, que nos machuca, pode nos fazer pessoas melhores, o que necessariamente não ocorrerá com aquilo que somente nos dá alegrias.
Salomão deduz, conforme de fato é segundo a vontade de Deus, que é melhor ser humilde e paciente do que orgulhoso e impaciente nas tribulações, porque no primeiro caso nós nos submetemos sabiamente ao que é realmente melhor; e no segundo caso nós lutamos contra isto. Ele então, nos dissuade de estarmos contrariados com nossas provações, por causa da adversidade que se encontra nelas. Salomão nos acautela, falando pelo Espírito, para não fazermos comparações odiosas de tempos anteriores e presentes (v. 10), concluindo que não é sábio proceder desta forma, porque insinua reflexões e julgamentos impróprios acerca da providência de Deus.
Ele prescreve um remédio geral, isto é, primeiro uma sabedoria santa, que nos permitirá tirar o melhor de tudo, até mesmo da vida em circunstâncias mortais; e então, um remédio particular consistindo numa aplicação devida daquela sabedoria, para levar a uma visão justa do caso, “Considera as obras de Deus; pois quem poderá endireitar o que ele fez torto?”, como que a dizer; quem ou o quê poderá impedir aquilo que foi determinado pela poderosa mão de Deus para nos provar? Por isso Pedro recomenda que nos humilhemos sob a potente mão do Senhor, para que no tempo dEle possa nos exaltar.
Assim, o próprio remédio é uma visão sábia da mão de Deus em tudo que achamos que seja duro de suportar, isto é, "considere o trabalho de Deus" em suas desagradáveis aflições, nas cruzes que tem de carregar e nos cálices amargos que tem que beber. Há motivo de glória nisto, porque produzirá um peso eterno de glória, e o mesmo não pode ser dito de quem não tem experimentado os sofrimentos de Cristo, dos quais todos os que são dEle têm se tornado participantes, e isto sim é para se lamentar, porque é indicador do fato de ser bastardo e não filho, porque todos os filhos de Deus são corrigidos e transformados por Ele por meio das suas provações.
Quando se procura uma segunda causa para a aflição além da cruz, isto normalmente conduz à lamúria. Mas, sendo paciente na tribulação é possível ver a mão de Deus nisto, e sujeitando-se à Sua vontade é a melhor forma para ser livrado, porque Ele livra o justo de todas as suas aflições. Mas, o que lamuria será geralmente, ainda achado nelas.
Carregar a cruz voluntariamente faz com que ela se torne leve, mas carregá-la com a mente perturbada por inquietações à busca de respostas fora de Deus, para aquilo que se esteja experimentando, quando estas provas vêm da Sua parte, somente serve para aumentar o peso da cruz que carregamos.   
Ter um espírito contrito e quebrantado na aflição é algo muito apropriado para acalmar as agitações do coração, e nos fazer pacientes debaixo dela. Afinal, quem pode acabar com aquilo que Deus entortou? No quebrantamento em sua aflição Deus fez isto; e tem que continuar até que veja cumprido Seu propósito.
Se você pudesse usar toda a sua força, procurando consertar aquilo que somente Ele pode endireitar, sua tentativa seria vã; nada mudará, apesar de tudo que você possa fazer. Somente Aquele que produziu este entortamento que nos inquieta pode repará-lo, e fazer isto diretamente. Esta consideração, esta visão do assunto é o meio apropriado para silenciar e satisfazer os homens, e assim trazê-los a uma submissão obediente ao seu Criador e Senhor, debaixo do quebrantamento das suas aflições.
Agora, nós estudaremos o nosso texto debaixo destes três aspectos principais:
a) qualquer quebrantamento que há em nossa aflição é Deus que está fazendo ou permitindo; b) o que Deus determinou arruinar, ninguém poderá reparar em sua aflição;
c) considerar o quebrantamento na aflição como o trabalho de Deus, ou da ação direta dEle, é o meio apropriado para nos levar a um comportamento cristão debaixo da mesma.
Quanto ao fato de que qualquer quebrantamento que há em nossa aflição é Deus que está fazendo ou permitindo, nós temos duas coisas a considerar, a saber, o próprio quebrantamento, e Deus que o está produzindo.
1. Sobre o próprio quebrantamento - o quebrantamento na aflição para melhor entendê-lo, são postuladas estas poucas coisas que seguem:
Primeiro - Há certo curso de eventos pela providência de Deus que caem sobre cada um de nós, durante nossa vida neste mundo; isso é nossa aflição sendo repartida a nós pelo Deus soberano, nosso Criador e Senhor, "em quem vivemos e nos movemos”.
Este conjunto de eventos é extensamente diferente para pessoas diferentes, de acordo com a vontade do soberano Administrador, que ordena a condição dos homens no mundo, numa grande variedade.
Segundo - Nesse conjunto de eventos, excluindo determinadas épocas, cruzes nos são trazidas para que as carreguemos com o alvo de nos quebrantarem em nossa aflição. Enquanto estivermos aqui haverá eventos desagradáveis, como também agradáveis. Às vezes as coisas planarão suave e agradavelmente, mas logo há algum incidente que altera aquele curso, como se tivéssemos dado um passo errado que nos fez começar a mancar.
Terceiro - Toda a aflição neste mundo tem algum quebrantamento nela. Os queixosos são hábeis para fazer comparações odiosas. Eles não conseguem olhar para muito longe e acabam pondo a culpa do que lhes está afligindo no seu próximo. Eles não conseguem ver a mão de Deus nisto, e assim não se submetem a ela; de modo que fazem um falso veredicto, porque não há nenhuma aflição aqui, que não tenha sido ligada ou permitida no céu.
Quem teria pensado que a aflição de Hamã seria muito direta, quando sua família estava numa condição próspera, e ele prosperando em riquezas e honras, como primeiro-ministro do estado Persa, e de pé no elevado favor do rei? Certamente ele não pôde ver que era a mão de Deus que estava produzindo sua aflição. Ainda que os homens neguem que não é a mão de Deus que seja a causa de suas aflições, não há realmente uma só gota de conforto permitida, porque enquanto estivermos aqui, sempre será pelas misericórdias do Senhor que não somos consumidos.
Quarto - A aflição entrou no mundo através do pecado. Ela existe por causa da queda, porque assim que o pecado entrou no mundo, com ele entrou a enfermidade, o sofrimento e a morte. O pecado entortou o corpo, a mente e o espírito dos homens. E, como esse entortamento está inseparavelmente ligado à aflição, conclui-se que nos acompanhará até que deixemos este corpo de morte e cheguemos aos portões do céu.
Assim, enquanto estivermos aqui, o quebrantamento na aflição produz o contraste de comportamento que há entre o dia da adversidade e o da prosperidade, como se lê em Ec 7.14: “No dia da prosperidade regozija-te, mas no dia da adversidade considera; porque Deus fez tanto este como aquele, para que o homem nada descubra do que há de vir depois dele”.
De certo modo, isto segue a recomendação de Tiago: “Está alguém alegre? Cante louvores. Está alguém triste. Faça oração.”
Esta oração na tristeza é, sobretudo oração de dependência e submissão à vontade de Deus, e não necessariamente oração para expulsar imediatamente a tristeza.   
O quebrantamento na aflição é, portanto uma ou outra medida de adversidade. A Palavra ensina que tanto o dia da prosperidade quanto o da adversidade procedem da parte de Deus, “que fez assim este como aquele para que o homem nada descubra do que há de vir depois dele”, isto é, para que ninguém saiba o que lhe reserva o futuro, e assim vivam dependendo inteiramente de Deus, confiando suas almas ao fiel Criador na prática do bem, enquanto sofrem neste mundo.
Deus misturou estes dois na condição dos homens neste mundo, que tanto experimentam um pouco de prosperidade, quanto de adversidade. Esta mistura tem lugar não somente na aflição de santos, dos quais é dito que "no mundo terão tribulação", mas até mesmo na aflição de todos.
Estas são aplicações da vara da adversidade que passa pelas pessoas, que pode ser extinta de repente, assim como a nuvem que desaparece antes que o percebamos, sem que seja produzido qualquer efeito duradouro. Assim o quebrantamento na aflição da adversidade, continua durante um tempo mais curto ou mais longo.
Mas, um quebrantamento na aflição produz efeitos duradouros; como o quebrantamento produzido pela crueldade de Herodes que fez com que a aflição das mães em Belém lamentasse a morte de seus filhos produzindo um lamento para o qual não se encontrou conforto.
E há um quebrantamento produzido por um conjunto de aflições que se sucede, tal como no caso de Jó, que enquanto um mensageiro de más notícias ainda falava, veio outro com outras más notícias.
José experimentou este tipo de quebrantamento, quando em sucessão foi lançado na cova por seus irmãos, vendido como escravo, e lançado numa prisão egípcia.
Há quebrantamentos que são de tempo prolongado, como Sara, Raquel e Rebeca que foram impedidas de gerarem filhos por muito tempo; outros, que como aquela mulher que tocou em Jesus e sofria de uma hemorragia de doze anos.
E assim há variedades de aflições, tanto na qualidade delas, quanto em relação às pessoas. E mais particularmente, encontramos na natureza do quebrantamento na aflição, estas quatro coisas:
(1) Desarmonia. Uma coisa que aflige é persistente, e não há naturalmente, isto é, em sua própria natureza, em nenhuma pessoa, tal coisa como um quebrantamento em relação à vontade e propósitos de Deus. Se a vontade de Deus fosse aceita e feita no mundo, haveria nele uma harmonia perfeita, mas como isto não é feito voluntariamente em razão da natureza terrena que não está sujeita à vontade de Deus, e nem mesmo pode estar, então Ele fará com que todas as coisas cooperem juntamente para o cumprimento da Sua vontade, sejam agradáveis ou desagradáveis. Ele fará aquilo que tiver que ser feito. Assim, se Paulo deve ser entregue nas mãos dos gentios, foi pela vontade de Deus que isto ocorreu, de modo que a Paulo foi revelado pelo Espírito, as cadeias e tribulações que lhe aguardavam. Assim, não havia nenhuma desarmonia nisto, mas na aflição de toda pessoa há uma desarmonia entre o que se passa em sua mente e a inclinação natural dela.
A situação adversa traz a cruz à pessoa, que não responderá harmoniosamente a isto. Quando a divina providência traz a provação, a vontade do homem vai de um modo e a situação de outro; a vontade puxa para cima, e a situação para baixo, e assim vão em sentidos contrários. É justamente nisto que consiste a aflição. É esta desarmonia produzida pela aflição que nos exercita no estado de provação, no qual somos chamados a confiar em Deus enquanto caminhamos por fé, não através de visão, e temos que nos aquietar e ajustar à vontade e propósito de Deus, e não insistirmos que a situação devesse estar de acordo com o que estabelecemos em nossa mente.
(2) Perda de visão. Coisas entortadas são desagradáveis à vista, e nenhum quebrantamento na aflição parece ser alegre, mas doloroso (Hb 12.11). Então, as pessoas precisam se precaver de dar curso aos seus pensamentos enfatizando sua aflição, e de mantê-la muito à vista.
Davi mostra uma experiência dolorosa quando disse: "Enquanto eu estava meditando o fogo estava queimando", e Jacó agiu de modo mais sábio, quando chamou seu filho Benjamim, de “filho da mão direita”, do que a mãe agonizante que lhe tinha chamado de Benoni, que significa “o filho de minha tristeza”, porque com isto não estaria provendo um meio de aflição toda vez que pronunciasse o nome do seu filho.
Realmente, um crente pode ter uma visão fixa e fraca do seu quebrantamento na aflição à luz da Palavra santa, que a representa como a disciplina da aliança. Assim, a fé descobrirá uma visão escondida nisto, debaixo de uma pequena aparência externa, percebendo o quão agradável é à bondade infinita, amor, e sabedoria de Deus, e para a realidade de que na maioria dos valiosos interesses, para que a pessoa possa experimentar aquele gozo mais elevado e refinado que resulta da alegria na provação e na angústia. Mas, qualquer quebrantamento na aflição que é agradável ao olho da fé, não é de todo agradável ao olho dos sentidos.   
(3) Incapacidade para se movimentar. Salomão observa a causa do caminhar intranquilo e desajeitado do manco: "As pernas do manco não são iguais".
Esta intranquilidade é encontrada na caminhada cristã, pela aflição de um espírito dobre que tem pernas de tamanhos diferentes, e traz grande dificuldade para a caminhada. Não há nada que dê um acesso mais fácil para a tentação do que a aflição; nada é mais hábil para colocar os passos fora do rumo.
Então, diz o apóstolo, no contexto das recomendações relativas à disciplina de Deus em Hb 12.11-13 “Na verdade, nenhuma correção parece no momento ser motivo de gozo, porém de tristeza; mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos que por ele têm sido exercitados. Portanto levantai as mãos cansadas, e os joelhos vacilantes, e fazei veredas direitas para os vossos pés, para que o que é manco não se desvie, antes seja curado”.
Devemos ter compaixão daqueles que estão sendo trabalhados debaixo disto e não os censurarmos rigidamente, porque ainda que tenham dificuldade de serem corrigidos por palavras, eles aprenderão a lição que lhes será dada na sua própria experiência.
(4) Inteligência para pegar e se segurar, como que usando ganchos (anzóis). O quebrantamento na aflição deixa prontamente uma forte impressão no espírito da pessoa, e as corrupções do pecado ou as tentações de Satanás deixam-na como que num embaraço do qual não consegue se desembaraçar. Esta tentação deixa à mostra alguma coisa muito feia que estava oculta no espírito, como o lodo que existe no fundo do mar e é revelado pelo bater das ondas.
Alguma blasfêmia ou ateísmo pode surgir na aflição, como revelado por Asafe “foi inútil limpar meu coração e lavar minhas mãos na inocência”.
Foi parte do que ele disse em sua aflição. Ah! É este o piedoso Asafe? Como é que ele se virou tão rápido na direção contrária! Mas o quebrantamento na aflição é uma máquina reveladora pela qual o tentador faz descobertas surpreendentes de corrupção oculta até mesmo nos melhores santos.
Assim, o quebrantamento na aflição pode atingir qualquer pessoa, e ninguém está isento de ser apanhado por isto; e porque o pecado é achado em toda parte, o quebrantamento pode acontecer em qualquer parte. As próprias enfermidades físicas e até mentais abundam visivelmente no mundo em razão disto, porque o pecado abunda em toda a parte, e a enfermidade é uma mera consequência da existência do pecado.
Uma pessoa pode ter um quebrantamento na aflição permanente, de complexos de inferioridade por causa de sua constituição física que lhe parece inadequada, na falta de estima e reconhecimento da parte de seus semelhantes, na insatisfação por não ser capacitada intelectualmente tanto quanto gostaria de ser, e por uma série de outros motivos relativos a uma inaceitação pessoal.
Muita aflição pode ser resultante do relacionamento pessoal. Este quebrantamento pode ser produzido por perda de relacionamento, especialmente a perda de pessoas queridas. Pode ser por rompimento de relacionamento, como no caso de separações conjugais, abandono do convívio dos filhos com os pais, exclusão da igreja ou de qualquer outra sociedade de amigos.
Jó era afligido por sua esposa; Abigail por seu marido ranzinza Nabal; Eli por seus filhos obstinados; Jônatas pelo temperamento de Saul, e assim as pessoas acham uma cruz exatamente naqueles em quem esperava o seu maior conforto. O pecado sujeitou a criação inteira à vaidade, e tornou todo relacionamento sujeito a produzir aflição.
Na empresa são patrões duros e injustos; no bairro, homens egoístas e violentos; na igreja pessoas carnais e indolentes, um verdadeiro fardo para os pastores; no estado, magistrados opressores e corruptos; na família, filhos contenciosos e rebeldes.
Tendo visto a própria aflição, nós vamos considerar qual é a participação de Deus em tudo isto.
Primeiro, o quebrantamento na aflição é uma forma de penalidade que os homens pagam como forma de juízo de Deus, que começa já neste mundo, mesmo começando primeiro pela Sua própria igreja, como diz o apóstolo Pedro, para que se saiba todo o mal que o pecado tem produzido na terra, e que Deus pôs um juízo sobre isto na forma de os homens serem quebrantados por suas aflições. Ninguém está inteiramente livre dos mais variados tipos de aflições que se pode sentir neste mundo, em razão de estar sujeito ao pecado que trouxe desarmonia e dor à criação. Mesmo quem se isole poderá ser achado por suas próprias aflições interiores, como solidão, temores, enfermidades etc.
Em segundo lugar, as doutrinas da Bíblia sobre a providência divina mostram claramente, que Deus provoca a aflição de todos os homens. Não há nada que aconteça neste mundo que não seja permitido ou produzido por Deus. Satanás nada poderá fazer se o Senhor não o permitir. O pecador nada poderá fazer, se Deus não o quiser; assim como impediu Abimeleque de tomar Sara, mulher de Abraão como esposa; e o poderoso Senaqueribe da Assíria levar Judá em cativeiro, como tinha levado Israel. No caso de Israel, Ele permitiu, mas no de Judá, impediu. Ele permitiu que Tiago fosse morto por Herodes logo no início da igreja, e manteve João com vida até a mais avançada idade. Nem um só pássaro é morto sem a Sua permissão, e até os cabelos de nossas cabeças estão contados.           
O mais maravilhoso de tudo isto é que Deus age sem anular o livre arbítrio humano e sem traçar o destino de cada um em relação a tudo o que deve lhes suceder em sua vida terrena. O bem será recompensado e o mal será julgado; o justo será feito mais justo, e o que se suja se sujará ainda mais. É com base neste princípio geral que Ele tudo governa e visita os homens controlando suas tribulações, de modo que produzam quebrantamentos na aflição para conversão, ou aperfeiçoamento espiritual dos justos, ou para juízo dos injustos.
O mistério da providência no governo do mundo está em todas as suas partes, em conformidade exata com o decreto de Deus, que opera todas as coisas conforme o conselho da Sua vontade.
Há quebrantamentos puros e sem pecado, que são meras aflições, cruzes limpas, dolorosas realmente, mas não sujas. Tal era a pobreza de Lázaro, a esterilidade de Raquel, os olhos baços de Lia, a cegueira do cego de nascença. Agora, os quebrantamentos deste tipo são de Deus, que pela eficácia do Seu poder os faz passar diretamente por estas situações. Ele é o Criador do pobre. Ele formou os olhos do cego de nascença, de modo que Suas obras sejam manifestadas nele. Então Ele diz a Moisés: “Quem faz a boca do homem? Ou quem faz o mudo, ou o surdo, ou o que vê, ou o cego? Não sou eu, o Senhor?” (Êx 4.11).
Em segundo lugar há quebrantamentos pecaminosos, isto é, resultantes do pecado em sua própria natureza. Como foi o quebrantamento na aflição de Davi, em razão do seu pecado de adultério e morte de Urias; do incesto de Amon com Tamar; do assassinato de Amon; da rebelião e morte de Absalão, e por todas as desordens havidas em sua família por causa do seu pecado. As tribulações deste tipo não são de Deus - é a isto que Pedro chama sofrer como um malfeitor, isto é, por causa do mal praticado. Deus não põe o mal no coração de ninguém, nem incita ninguém à sua prática. Nem sequer tenta a ninguém, porém estas tribulações são permitidas por Ele, de modo que venham como forma de julgamento sobre o pecado que é praticado.
Está na esfera de soberania de Deus impedir ou não a prática de tais pecados, assim como impediu Abimeleque de pecar contra Ele, no caso de Sara, mulher de Abraão. Aquilo que Deus fecha ninguém pode abrir, e aquilo que Ele abre ninguém pode fechar. E, quando Ele age ninguém poderá impedir; então, Ele sabe em Sua providência, a quem, onde e quando livrar da prática do pecado, bem como o contrário disto. Os juízos permitidos em forma de aflições chamam a atenção dos homens a serem responsáveis, e eles próprios tomarem atitudes legais, de modo a não permitir que a prática do mal venha a se espalhar colocando em perigo a sobrevivência da própria sociedade.
Deus põe limites à prática do mal até ao próprio Satanás, como vemos no livro de Jó. Ele não pode ultrapassar os limites que lhe são impostos por Deus; até mesmo todas as tentações dos crentes têm estes limites demarcadores de modo que não sejam tentados além de suas forças.
O propósito de Satanás era o de fazer Jó blasfemar, e o de Deus, provar a sinceridade do amor de Jó por Ele, ao mesmo tempo em que aperfeiçoaria a intimidade de Jó com Ele; por isso permitiu que Satanás produzisse todas aquelas aflições que trouxe sobre Jó. Deus virou o cativeiro de Jó fazendo com que aquilo que Satanás lhe trouxe para seu mal, se transformasse na vida de Jó em duplo bem; de modo que o Senhor demonstra Seu poder de fazer com que tudo coopere juntamente para o bem daqueles que O amam.
Ele fez o mesmo em relação a Mordecai e aos judeus, a quem Hamã desejava destruir, mas o mal sobreveio ao próprio Hamã, enquanto Mordecai e os judeus foram livrados. O mal intentado para a destruição de José trouxe o livramento da fome a todo o mundo.
Estes e todos os verdadeiros crentes sofrem nestas ocasiões, muitas vezes, não por praticarem o mal, mas exatamente por praticarem o bem, pelo bom nome de Cristo que levam sobre si, e sobre isto o apóstolo Pedro falou nas seguintes palavras:
I Pe 2.20: “Pois, que glória é essa, se, quando cometeis pecado e sois por isso esbofeteados, sofreis com paciência? Mas se, quando fazeis o bem e sois afligidos, o sofreis com paciência, isso é agradável a Deus.”
I Pe 3.17: “Porque melhor é sofrerdes fazendo o bem, se a vontade de Deus assim o quer, do que fazendo o mal.”
Assim podemos identificar dentre outros, os seguintes propósitos nos quebrantamentos na aflição:
Primeiro, para provar se a pessoa se encontra no estado de graça ou não, para que saiba se é um crente sincero ou um hipócrita, pois a verdadeira fé que habita no crente não é destruída pelas perseguições e tribulações. Você poderá saber se pertence realmente ao Senhor, pelo fato de perseverar em meio às suas aflições.
Josué e Calebe ficaram firmes na fé nas promessas de Deus, enquanto os outros espias recuaram, pelo temor aos gigantes que habitavam em Canaã.
A muitos que pretendem seguir o Senhor, Ele os põe à prova antes mesmo que venham a se converter, como foi o caso do jovem rico ao qual mandou vender tudo que tinha e dar o dinheiro aos pobres. Isto se tornou numa grande aflição para ele, a qual não pôde vencer no tribunal da sua consciência, e assim não conseguiu cumprir Sua ordem para poder segui-Lo. A outro disse que não tinha sequer onde reclinar a cabeça, para que medisse o custo de segui-Lo; e continua sendo uma grande aflição para muitos que amam o dinheiro e o conforto converterem-se e se entregarem a Cristo, por temor de não poderem mais se dedicar exclusivamente aos seus próprios interesses, e terem que dividi-los com outro senhorio.
Em segundo lugar, o quebrantamento na aflição tem o propósito de desmamar a pessoa deste mundo, e levá-la a aspirar pela felicidade do outro mundo. Perdas de posição, de influência financeira, de saúde e várias outras causas podem levar alguém ao quebrantamento na aflição, de modo que seja resgatado do estado de encantamento com a vida deste mundo. Nisto se cumpre o que Jesus disse em João 12.25:
“Quem ama a sua vida, perdê-la-á; e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna.”
Isto somente pode acontecer, se a pessoa vir a entender que este mundo é um lugar que produz muitos quebrantamentos na aflição, e não é, portanto nenhum jardim do Éden, perfeito e sumamente agradável para se viver nele. A quantas aflições não estão sujeitos os homens no mundo, produzidas por perdas e danos advindos de tempestades, terremotos, vulcões, maremotos, intempéries, e de tudo o mais que seja produzido somente pelas condições naturais do próprio planeta, sem se levar em conta as ações dos homens, quer morais ou não, como acidentes e danos dolosos ou culposos, fraudes, roubos, furtos, ferimentos, assassinatos, e todo o tipo de ações que produzam quebrantamentos na aflição. Isto é tão próprio ao mundo, e seria muito mais extenso, se Deus em Sua infinita misericórdia não impedisse diretamente a perpetração de maiores danos, de modo que toda a raça humana não venha a definhar.
Isto é tão verdadeiro, que no tempo do fim a iniquidade se multiplicará, porque como forma de juízo, o Senhor estará reduzindo Sua ação inibidora da prática do mal sobre a face da terra, e por ocasião da volta de Jesus, a terra sofrerá uma tribulação jamais vista, que será também controlada por amor aos eleitos que estiverem vivendo no período da Grande Tribulação, porque segundo Jesus, se aqueles dias não fossem abreviados por Deus, nenhuma carne restaria sobre a terra.           
Muito do mal que não sucede aos homens neste mundo é porque há inúmeras intervenções de Deus, tanto sobre as causas naturais, quanto sobre as espirituais, de modo que não é porque o mundo seja um lugar perfeito para se viver, mas porque há esta proteção do Senhor, que o mundo não revela toda a sua condição de sujeição à maldição por causa do pecado. Mas, em Seu grande amor, Deus despacha os quebrantamentos na aflição para que aqueles que estão apegados com seus afetos ao mundo e a tudo o que nele há, possam abrir seus olhos, e assim serem desmamados do mundo, de modo que neles se cumpre a palavra do apóstolo João:
“Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele.” (I Jo 2.15).
Em terceiro lugar, os quebrantamentos na aflição nos ajudam a verificar quando estamos caminhando de modo errado, e nos voltamos em oração a Deus, em busca de auxílio ou arrependimento de nossos atos errados.
Foi pelo quebrantamento na aflição que os irmãos de José foram convencidos do mal que haviam praticado contra ele, e puderam se arrepender daquele pecado.
A aflição de Jacó com o engano que sofreu de Labão em relação a Lia, certamente o conduziu a pesar melhor o engano que ele próprio havia feito em relação a seu irmão Esaú.
A espada que nunca mais se apartou da casa de Davi, o afligia continuamente em sua consciência lembrando que era um justo castigo pelo horrível pecado cometido contra Urias. E, quanto disto nos traz o temor de Deus, quando experimentamos que Ele é um justo Juiz sobre toda a terra, e não deixa Seus filhos sem a devida correção.
A mentira de Geazi para obter os bens de Naamã, bens que deveriam ser rejeitados para que a glória fosse exclusivamente de Deus, como fizera o profeta Elizeu, fez com que experimentasse a indignação do Senhor, pela lepra que o atingiu e à sua posteridade. Quão grande aflição isto não deve ter sido para ele, e quanto temor não deve lhe ter trazido ser conduzido por sua cobiça.
Assim, as pessoas podem confessar e sinceramente se arrependerem daqueles pecados que ainda as levarão à sepultura, entretanto não as poderão levar mais ao inferno, por causa do arrependimento produzido pela aflição.
Em quarto lugar, o quebrantamento na aflição serve para prevenir do pecado, assim como Paulo foi do pecado de orgulho, pelo espinho que lhe foi colocado na carne, um mensageiro de Satanás enviado para esbofeteá-lo.
Assim se cumpre o que o Senhor diz em Os 6.2: “Portanto, eis que lhe cercarei o caminho com espinhos, e contra ela levantarei uma sebe, para que ela não ache as suas veredas”.
O caminho de espinhos impede a passagem, e somos impedidos de ser vencidos pelo mal que viria ao nosso coração, de modo que nem nós podemos ir a ele, nem ele vir a nós, por causa desta barreira que o Senhor levanta para o nosso próprio bem.
Enquanto mantém o espinho na carne, a graça do Senhor permanece disponível para nos fortalecer e animar, de modo que possamos substituir o desgosto da aflição, pelo prazer de ver Seus propósitos cumpridos através de nossas vidas.
Em quinto lugar, a aflição tem o propósito de revelar aquelas disposições interiores que estão escondidas, até mesmo nos melhores crentes. Quem teria suspeitado da força de paixão que havia no manso Moisés, caso não fosse revelada pelas águas de Massá e Meribá?
Ou quanta amargura de espírito havia no paciente Jó, que julgou que Deus estava sendo cruel para com ele?
Quem imaginaria que o bom Jeremias amaldiçoaria o próprio dia do seu nascimento?
Nada disso seria revelado senão pela aflição. Sem ela a nossa condição de pecadores seria muitas vezes despercebida, e poderíamos incorrer no erro de fazer uma injusta avaliação dos nossos méritos, especialmente os relativos à nossa salvação, mas graças à aflição podemos ver quem somos, e que todos os méritos pertencem a Jesus.
Por isso Deus provou o povo de Israel com as aflições do deserto, para que eles soubessem o quão eram pecadores, de modo que viessem a depender dEle e da Sua graça para viverem do modo que lhes havia ordenado, por meio dos Seus mandamentos. Como se lê em Dt 8.2:
“E te lembrarás de todo o caminho pelo qual o Senhor teu Deus tem te conduzido durante estes quarenta anos no deserto, a fim de te humilhar e te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias ou não os seus mandamentos.”
E também em Dt 8.16:
“que no deserto te alimentou com o maná, que teus pais não conheciam; a fim de te humilhar e te provar, para nos teus últimos dias te fazer bem;”
Em sexto lugar, os quebrantamentos na aflição servem para o propósito de despertar os crentes para o exercício de suas graças e o dever de serem zelosos e abundantes na obra de Deus. A aflição desperta o clamor, a oração, e a intercessão em busca de respostas e alívio. Leva ao desprendimento da vida e encoraja para o desejo de gastá-la por amor a Deus e ao próximo. pois pela aflição se aprende a paciência e a perseverança. A cruz trata com o ego e nos ensina a fazer a vontade de Deus, quando é diferente da nossa própria vontade.   
O quebrantamento na aflição dá origem a muitos atos de fé, esperança, amor, abnegação, resignação, e outras graças, que de outro modo não seriam produzidos.
Não é a força e capacidade do próprio homem o que agrada a Deus, mas a atuação do Espírito Santo através da sua vida; especialmente o exercício das graças do Espírito no Seu povo. Assim, o quebrantamento na aflição substitui a nossa própria força pela força de Deus. Quando somos assim enfraquecidos, podemos então ser tornados fortes pelo poder do Espírito.
A promessa de Deus se cumpriu na vida de Abraão no meio de muitas aflições que sobrevieram ao patriarca, com o propósito de fortalecer sua fé. Moisés teve seu caráter forjado no fogo da aflição, de modo que veio a ser o varão mais manso sobre a face da terra.
Agora, a aplicação desta doutrina é especialmente: (1) para reprovação; (2. para consolação, e (3) para exortação.
1. Para reprovação.
Isto se aplica aos mundanos carnais, que não têm temor e consideração para com sua aflição como vindo da parte de Deus, para que se arrependam de seus pecados, pois em todo quebrantamento na aflição há este chamamento de Deus ao arrependimento ou à conversão. Toda aflição é uma chamada para mudança de atitude e comportamento diante de Deus, a fim de que pautemos nossa caminhada segundo a Sua vontade e Palavra, e lhe demos a honra devida de Criador, Salvador, Senhor. Há assim uma assinatura da mão de Deus nestes quebrantamentos, cuja negligência prediz destruição.
Os ninivitas, ao contrário destes, se arrependeram debaixo da aflição que foi produzida pelo prenúncio do juízo de Deus proferido através do profeta Jonas, porém os de Sodoma e Gomorra foram destruídos, porque não atentaram para o modo de vida do justo Ló, que era uma repreensão para o procedimento deles, nem sequer se arrependeram quando os sodomitas foram cegados pelos anjos de Deus, antes da destruição daquelas cidades.    
O apóstolo Judas caracteriza alguns homens como aqueles, aos quais está reservado a escuridão das trevas para sempre (v.13), que desde há muito estavam destinados para este juízo (v. 4), porque transformam a graça de Deus em dissolução.
Assim, o Senhor considerou a murmuração dos israelitas contra Moisés, como sendo diretamente contra Ele próprio, como se lê em Nm 14.27: “Até quando sofrerei esta má congregação, que murmura contra mim? tenho ouvido as murmurações dos filhos de Israel, que eles fazem contra mim.”
Qual é o direito que o homem tem de se revoltar contra Deus, na aflição que lhe tem trazido? Por que tem que se revoltar em sua mente, em razão do quebrantamento que seria para seu próprio bem?
Quem se endureceu contra o Senhor e prosperou?
“Por onde quer que saíam, a mão do Senhor era contra eles para o mal, como o Senhor tinha dito, e como lho tinha jurado; e estavam em grande aflição.”(Jz 2.15).
2. Para consolação.
Deus tem reservado uma consolação para cada aflição de Seus filhos. Todo quebrantamento na aflição que vem da parte de Deus é para conforto dos crentes, e assim, considerando que é Seu Pai que o está produzindo, então a aflição pode ser vista de modo amável. Sabendo que foi o nosso Pai que o fez, não questionaremos Seu propósito favorável para nós.
Uma criança que foi disciplinada pela vara virá a ser grata a seu pai pela correção que lhe aplicou, e que a desviou da prática do mal. De igual modo, o quebrantamento na aflição de um crente, apesar de ser uma prova dolorosa, é uma parte da disciplina da aliança feita com Deus pelo sangue de Cristo.
Além de tudo isso, eles recorrem a Deus em sua aflição, porque sabem que aquilo que Ele entortou, somente Ele pode endireitar. A provação que vem da parte do Senhor somente pode ser retirada por Ele, e ninguém mais.
Na prova a que se referiu Jesus, em Apo 2.10, que seria experimentada pela igreja de Esmirna, quem fixou o tempo da provação de dez anos (dez dias proféticos) não foi o diabo, mas o próprio Deus. O Senhor cuidaria deles, pois lhes disse que não temessem o que tinham de sofrer. O controle sempre está nas mãos do Senhor, e o diabo não pode agir fora destes limites estabelecidos por Deus.
“Não temas o que hás de padecer. Eis que o Diabo está para lançar alguns de vós na prisão, para que sejais provados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida.” (Apo 2.10).
3. Para exortação.
Como o quebrantamento na aflição vem de Deus, então, vendo a mão de Deus nele devemos nos submeter à Sua vontade, e prosseguir em nossa caminhada cristã vivendo de modo que Lhe seja agradável, pois pelo quebrantamento na aflição somos exortados a entender, que é um dever ter a Deus como nosso soberano e benfeitor. A soberania dEle desafia a nossa submissão.
É um estatuto inalterável durante o tempo desta vida, que ninguém quererá ser quebrantado por aflições, mas aqueles que são projetados para o céu têm sido assegurados de uma maneira especial, de que terão que enfrentar aflições neste mundo que visarão ao seu amadurecimento espiritual. E, como estes quebrantamentos variam de pessoa para pessoa, você pode estar seguro que o seu é necessário; por isso se diz que cada crente deve tomar a sua própria cruz para poder seguir a Jesus como Seu discípulo, isto é, aprendendo dEle a conformar a sua vida à do próprio Cristo, numa mudança progressiva de glória em glória, até a estatura de varão perfeito.   
Por isso é sempre grande a perda de não se submeter a isto, porque o quebrantamento na aflição é o meio usado por Deus para o aperfeiçoamento dos Seus servos, assim como testemunha o salmista:
“Antes de ser afligido, eu me extraviava; mas agora guardo a tua palavra.” (Sl 119.67).
E ainda: “Foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse os teus estatutos.” (Sl 119.71).
Uma grande lição que aprendemos em nossos quebrantamentos na aflição é que a remoção da causa de nossas aflições é sempre feita no tempo de Deus, e se aplica particularmente às situações que lhe deram causa, porém quando estas situações permanecem (deformidade física, determinada enfermidade congênita incurável etc.) o tempo de remoção da aflição dependerá em muito, da submissão ao Senhor e rendição interior do coração, sem se rebelar mais contra o espinho que foi posto em nossa carne, e sujeição à ação da graça de Deus.
De um modo geral, todas as aflições estão reguladas pelo relógio de Deus e não pelo nosso. O tempo do Senhor nunca é tão cedo como o nosso; nós queremos alívio imediato, mas Ele sabe quando este alívio deve ser provido; por isso Jeremias disse, no que aprendeu de suas próprias aflições:
“Bom é ter esperança, e aguardar em silêncio a salvação do Senhor.” (Lam Jer 3.26).    
Em resumo, se Deus não ordenar a bênção, todos os nossos esforços serão em vão para resolver aquilo que foi quebrado, quer em relacionamentos, quer em alívio de circunstâncias desagradáveis interiores ou exteriores; por isso a Palavra diz que bom é aguardar a salvação que vem do Senhor, e isto em silêncio.
Este silêncio significa a espera de que Ele nos envie Seu socorro, sem que nos apressemos em tentar resolver aquilo que veio da parte dEle para nos humilhar e afligir. Daí se cumprirá o que é dito pelo apóstolo Pedro:
“Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte;” (I Pe 5.6).
Moisés havia aprendido nas contendas de Israel contra ele, a colocar o rosto em terra e se humilhar na presença do Senhor, em vez de discutir suas próprias razões com eles. Ele reconhecia o que vinha da parte de Deus sobre ele, por meio de Israel, exatamente com o propósito de mantê-lo dependente dEle. Assim se dá, com a quase totalidade dos ministros que sofrem situações adversas quanto ao comportamento do rebanho que foi entregue pelo Espírito, ao seu cuidado. Eles terão que depender de Deus para terem harmonia na igreja, pois nunca o conseguirão por seu próprio empenho e argumentos.
Deus revelou Seu favor aos Seus filhos mais queridos, trazendo e eliminando os quebrantamentos notáveis na aflição que tiveram, assim como Abraão, Jacó, José, Moisés, Davi, Jeremias, Paulo, bem como todos aqueles que foram usados poderosamente pelo Senhor tiveram esta marca comum das muitas aflições que sofreram.
Deus olha para o humilde e contrito de coração; este trabalho é geralmente feito pelas aflições. É coisa muito agradável a Deus e a nós, quando podemos nos achegar a Ele em oração, chorando em nossos corações, pelo quebrantamento produzido pelas aflições.
“A minha mão fez todas essas coisas, e assim todas elas vieram a existir, diz o Senhor; mas eis para quem olharei: para o humilde e contrito de espírito, que treme da minha palavra.” (Is 66.2).
As demoras não são negações de atendimento de nossas petições no tribunal do céu, mas provações da fé e paciência dos solicitantes, assim como somos ensinados por Jesus:
“E não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que dia e noite clamam a ele, já que é longânimo para com eles?” (Lc 18.7).
Disso tiramos as principais lições para a remoção do quebrantamento na aflição.
1. Orar, e orar com e em fé, enquanto permanecemos com esperança e amor em nossos corações. E, em alguns casos dependendo na natureza da situação, além de orar, jejuar será um expediente muito importante.
2. Humilhar-se debaixo da aflição, como um jugo da poderosa mão sobre você. "Eu aguentarei a indignação do Senhor, porque eu pequei contra Ele.".
3. Esperar pacientemente, até que a mão que fez isto seja removida.
Devemos lembrar, que todo quebrantamento na aflição traz embutido em si, uma proposta de se fazer uma troca daquilo que é terreno e carnal por aquilo que é celestial e espiritual.
Jesus disse ao jovem rico, para vender tudo o que tinha a fim de que tivesse um tesouro no céu. Se sofrermos com Ele, com Ele reinaremos. Se tomarmos a cruz, nos é prometida uma coroa. Se tomarmos Seu jugo, acharemos descanso para nossas almas.
Então, sempre que Deus remover Sua poderosa mão de sobre nós trazendo-nos alívio em nossas tribulações, Ele sempre deixará após si uma bênção. Ele removerá o que é terreno e deixará em seu lugar o que é celestial.
“Todavia ainda agora diz o Senhor: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, e com choro, e com pranto.
E rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes; e convertei-vos ao Senhor vosso Deus; porque ele é misericordioso e compassivo, tardio em irar-se e grande em benignidade, e se arrepende do mal.
Quem sabe se não se voltará e se arrependerá, e deixará após si uma bênção, em oferta de cereais e libação para o Senhor vosso Deus?” (Joel 2.12-14).
Assim, por meio do quebrantamento podemos obter mais fé, mais amor, mais paciência, mais humildade, mais zelo, mais fervor, mais diligência; enfim todas as virtudes de Cristo que são implantadas em nossa natureza pelo Espírito, e são desenvolvidas pelo mesmo Espírito através do trabalho da submissão da nossa vontade à do Senhor.
Muitos falam em cooperação da nossa vontade com a de Deus, mas na verdade a nossa própria vontade nunca será achada conformada naturalmente à do Senhor, se não for por um trabalho da graça que submeta a nossa natureza terrena. Isto não vem naturalmente pela pronta cooperação da carne que é fraca, ao contrário vem sempre por um trabalho realizado pelo Espírito em nós. Sem que haja então, um trabalho anterior de Deus neste sentido, não se achará em nós nenhuma cooperação voluntária de nossa vontade em fazer aquilo que é da Sua vontade. Daí nos ser ordenado que para seguirmos a Cristo devemos primeiro negar-nos a nós mesmos.     
Não devemos esquecer, o que nos diz o apóstolo Paulo sobre o efeito das tribulações:
“Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós cada vez mais abundantemente um eterno peso de glória;” (II Cor 4.17).
As tribulações são momentâneas, são deste mundo, e são comparativamente leves se comparadas com o peso da glória que há de se revelar em nós, e que está sendo produzido exatamente por estas aflições.
Assim, aquilo que nós não conseguirmos remover e Deus não houver removido, nós devemos suportar com paciência, assistidos pelo poder da graça de Jesus. Quantos crentes não foram martirizados no passado e ainda o são em nossos próprios dias?
Eles são para nós, o exemplo extremo do que podem vir a ser as aflições dos justos, de modo que não desfaleçamos em nossa caminhada cristã.
Não devemos seguir o exemplo de Israel no deserto, murmurando e não sendo pacientes em nossas dificuldades, assim como eles o foram e provaram o desagrado de Deus. Não é bom atear mais combustível ao fogo que já está queimando, pois se espalhará causando um dano muito maior. A nossa impaciência e murmuração na aflição é este combustível que servirá apenas para aumentar o fogo que já está queimando.
O fruto do Espírito Santo é também domínio próprio, e o Senhor quer nos ensinar isto, de modo que nos submetamos a Ele e aguardemos pela Sua direção e ação, para que sejam solucionados os problemas que não podemos resolver com nossas indignações, iras, resoluções etc.   
Quanto mais resistirmos ao jugo em nosso pescoço, mais ele nos esfolará. Quanto mais batermos contra a ponta da faca, mais ela nos ferirá. O aguilhão que é posto pelo Senhor, assim como o que colocou sobre Paulo, nos ferirá tanto mais, quanto mais resistamos a ele. A solução está em se render, assim como Paulo fizera em relação ao senhorio de Cristo, cansado de resistir duramente contra os aguilhões que despachara sobre ele com vistas à sua conversão.
Mas, esta luta para que a carne seja vencida pelo Espírito nunca será resolvida de uma vez por todas neste mundo. A submissão não será continuada e permanente sem que haja uma luta do velho homem, que nunca se submeterá a isto, e quando o novo homem criado pela graça estiver se submetendo à aflição, o velho homem ainda estará se rebelando; assim se torna uma luta de fé, uma provação da fé, que nos conduzirá a nos submeter a Deus, ainda que os argumentos do velho homem procurem nos dissuadir a confiar em Deus para a remoção da nossa aflição, e para que sejamos conduzidos a fazer Sua vontade. Uma luta contra o próprio coração é a causa do quebrantamento na aflição, e a alma achará descanso e paz somente quando tomar o jugo e o fardo de Jesus, que lhe será agora suave e leve. Assim, apesar da relutância da carne, a resposta adequada do crente deve ser a de se submeter a Deus, pois quando o fizer, até mesmo aquelas aflições que lhe são produzidas por ação direta do diabo terão que acabar, porque ele terá que fugir do crente que se submeteu ao Senhor.   
Por isso em toda tribulação é apresentada uma cruz que devemos tomar voluntariamente, para que nosso ego seja submetido ao Senhor; sem isto, não poderemos suportar o quebrantamento na aflição, e lutaremos contra movidos pelo nosso ego.
Cristo tomou voluntariamente a cruz, assim todos os crentes são chamados a seguirem Suas pegadas. Aquele que diz estar nEle deve caminhar como Ele caminhou.
Enquanto não aprendermos e praticarmos isto a oração dominical não será verdadeira em nossos lábios quando dissermos:
“Seja feita a tua vontade assim na terra como no céu.”
Satanás mente aos homens dizendo, que o quebrantamento é um jugo insuportável, que fazer a vontade de Deus será algo demasiadamente difícil, mas Jesus diz que Seu jugo é leve e Seu fardo é suave. Cristo é a verdade e o diabo o pai da mentira. Em quem creremos nós? O Senhor tornará fácil e suave aquela tarefa difícil que nos é imposta pela Sua Palavra e desafia a nossa fé, porque Sua graça agirá por nós, nos guiará e fortalecerá. Mas, enquanto não nos dispusermos a obedecer a vontade de Deus, isto não poderá ser experimentado por nós.
Não devemos, portanto ficar olhando para as coisas que nos afligem, mas elevar os olhos para o alto, para o autor e consumador da nossa fé. É no próprio Cristo que está a vitória.
Em vez de se fixar em Simei, que o amaldiçoava, Davi olhou para Deus e foi impedido de ser tomado por sentimentos de vingança deixando o caso nas mãos do Senhor, para que julgasse entre ele e Simei. Quando perseguido injustamente por Saul também entregou-se ao Senhor, para que julgasse entre ele e Saul.
Como Davi, deveríamos nos exercitar frequentemente nisto, de modo que aos primeiros sinais da vinda de uma tribulação, nos recomendássemos à providência de Deus com um coração puro, humilde, sincero e quebrantado. O endurecimento da cerviz só servirá para aumentar a pressão do jugo que nos ferirá ainda mais. Dura coisa é resistir contra os aguilhões.    
Como Paulo, muitas vezes as visões da glória celestial podem nos levar ao pecado da presunção e do orgulho, pensando que merecemos as bênçãos de Deus por causa de nós mesmos, mas o quebrantamento na aflição produzirá este bom resultado de nos manter humildes reconhecendo que não há nenhum bem em nossa própria natureza terrena e tudo o que somos e fazemos de bom é por exclusiva capacitação da graça de Jesus, a quem pertence de fato toda honra, glória e louvor.
Trabalhos que começam a prosperar nas mãos daqueles que têm servido fielmente a Deus poderá ser a causa do começo da própria ruína, caso não se mantenham humildes diante do Senhor; então é para mantê-los prosperando que o Senhor envia as provações que produzirão este efeito benéfico de nos quebrantar. Afinal, o que está em jogo não é a nossa conveniência e vontade, mas as de Deus, porque a obra não é nossa, mas Sua. De Deus somos cooperadores; a lavoura, o rebanho, o edifício são dEle e não nossos. Somos apenas seus mordomos, seus administradores, portanto devemos ser achados fiéis, e para este propósito o Senhor usará os meios que forem necessários para manter-nos assim.   
Seria racional se pensar, que o homem caído com sua natureza corrompida, trabalhasse do mesmo modo que Adão antes da queda?
Seria o mesmo que colocar os mendigos no mesmo nível dos ricos. Assim, para trabalhar para Deus o homem precisa primeiro ser lavado, tratado, enriquecido pela graça de Jesus, e continuará necessitando permanentemente de atender a recomendação feita por Ele à igreja de Laodiceia:
“aconselho-te que de mim compres ouro refinado no fogo, para que te enriqueças; e vestes brancas, para que te vistas, e não seja manifesta a vergonha da tua nudez; e colírio, a fim de ungires os teus olhos, para que vejas.” (Apo 3.18).
Jesus nos adverte de modo conclusivo e final, que sem Ele nada podemos fazer. É preciso, pois aprender a ser apenas instrumento em Suas mãos. Se a obra que fizermos não tiver sido feita por Ele através de nós, não poderemos dizer que foi Sua obra que fizemos, apesar de toda a sua aparência cristã. A falta da presença de Cristo pode, quando muito produzir uma religião cristã assim como o catolicismo romano, mas não uma obra verdadeiramente cristã que tenha a assinatura de Jesus.
Como os dez mandamentos foram dados no Monte Sinai?
Não como puras ordens, mas tal como o evangelho, com uma exortação a que se cresse antes, em Deus, pois antes de tudo é dito:
“Eu sou o Senhor teu Deus...”.
Assim, não podemos considerar nenhum preceito moral da Bíblia, quer no Velho ou no Novo Testamento, sem esta necessidade de se ter antes uma união pela fé ao Senhor. Se isto não vier primeiro, não haverá nenhuma obediência verdadeira em Deus segundo a Sua vontade, pois não é ordenado que se escolha este ou aquele mandamento, mas que se ame e obedeça todos os mandamentos, porque primeiro, amamos a Deus, e sabemos que sem Cristo nada podemos fazer.   
Tudo aponta para um compromisso com Deus. Usar então qualquer coisa para um determinado fim, sem a correspondente fé que deve acompanhar aquela ação, é fazer da criatura um deus; então em vez disso, deve haver uma dependência de Deus de acordo com aquela palavra de compromisso, e tudo deve ser ajustado para o fim o qual Deus tem designado.
Os papistas, legalistas, e todas as pessoas supersticiosas inventam vários meios de santificação bastante ineficazes, porque qualquer meio será ineficaz sem o Espírito.
O discernimento da mão de um Pai no quebrantamento tirará muito da amargura, e adoçará o remédio; por isso é absolutamente necessário deixar Deus ser Deus em nosso quebrantamento.
Como Ele prometeu nunca nos abandonar e não permitir que sejamos tentados além de nossas forças; devemos confiar na Sua fidelidade e bondade enquanto estivermos atravessando o vale da aflição.
Especialmente nestas horas é recomendado ter o espírito de Pv 16.19: “Melhor é ser humilde de espírito com os mansos, do que repartir o despojo com os soberbos”.
Este é o espírito de Cristo que se esvaziou e se humilhou até a morte de cruz.
O orgulhoso está subindo e planando no alto; o humilde está contente em rastejar no chão, se esta for a vontade de Deus. Se esta condição for mudada, e o orgulhoso for humilhado e o humilde exaltado, o humilde continuará contente como já se encontrava antes, e o orgulhoso não raro desesperará e viverá inquieto para nunca vir a cair das alturas em que julga se encontrar, porque não há verdadeira elevação que não proceda de Deus, pois toda soberba será humilhada. Não surpreende que o Senhor tenha dito que são bem-aventurados os humildes de espírito, e não os orgulhosos e arrogantes.
Ninguém, enquanto do alto de seu orgulho e arrogância admitirá que seja necessário quebrantar-se na aflição. É preciso primeiro, descer das alturas e humilhar-se debaixo da potente mão do Senhor para que a cura seja achada.
Disto se aprende que o orgulho será um mau companheiro na hora da tribulação, e a humildade é de todo recomendada.
Jesus ordenou aos crentes que aprendam dEle, que é manso e humilde de coração. São os que seguem Seus passos que vencerão a aflição neste mundo e para sempre no céu, porque lá não haverá aflição. Porém, o mundo e especialmente o inferno são lugares de aflição.
Muitas aflições aguardam especialmente, por aqueles que pretendem se dedicar ao exercício do ministério, e eles precisarão aprender a serem pacientes na tribulação para que não sejam desqualificados na obra que pretendem fazer para o Senhor. Satanás se levantará para tentar detê-los, e o fará difamando-os, caluniando-os, através dos menos avisados que possa usar como seus instrumentos. Assim, se estes candidatos ao ministério, ou que já se encontram no seu exercício, não aprenderem a se humilhar sob a potente mão de Deus terão sérios problemas para superar todos os entraves que se levantarão diante deles.
Por isso se ordena o que lemos em II Tim 2.24: “e ao servo do Senhor não convém contender, mas sim ser brando para com todos, apto para ensinar, paciente”.
Em vez de se debaterem em suas aflições, eles devem aprender a se submeterem mansamente ao Senhor, para que peleje por eles e vença o inimigo, enquanto mantêm seus corações guardados na paz de Cristo.
No dia da nossa angústia devemos fazer como Davi; encorajar-nos no nosso Deus, e não procurar alívio nos homens, ou em quem seja partidário a nosso favor contra aqueles que desejam o nosso mal.
O espírito humilde extrai doçura da amargura da sua aflição.
Deus corta os fardos e os obstáculos dos confortos terrestres, para que o atleta de Cristo possa correr mais livremente para o céu.
A alma que tem aprendido a paciência na aflição, não a busca como um fim em si mesmo, mas pelas mudanças celestiais que são produzidas por ela na vida daqueles que se submetem à vontade de Deus.
Satanás é o ser mais miserável em toda a criação, no entanto é o mais orgulhoso de toda ela. O desejo dele permanece sendo o de colocar seu trono tão alto quanto o de Deus, mas como tem sido lançado ao mais profundo abismo, a aflição dele é imensa e jamais cessará, porque nunca poderá realizar sua vontade.
Devemos, portanto nos guardar de um espírito obstinado como o que há no diabo e não se rende à vontade de Deus, enquanto procura estabelecer a própria. Geralmente o que nos moverá a isto será o espírito de orgulho, que como vimos é próprio do diabo e não de Deus. A alma que acha descanso em Cristo é a que aprende a ser mansa e humilde como Ele, e toma sobre si o Seu jugo, submetendo-se aos quebrantamentos da aflição que possam nos sobrevir, para provar a nossa fé e humildade.
A humildade e a mansidão de espírito nos qualificam para o relacionamento e a comunhão amigável com Deus por meio de Cristo. O orgulho fez de Deus nosso inimigo. Nossa felicidade e futuro aqui dependem do nosso relacionamento amigável no céu.   
Assim, a humildade é um dever que agrada a Deus, e o orgulho um pecado que agrada ao diabo; por isso Deus exige de nós que sejamos humildes, especialmente debaixo da aflição. “Cingi-vos todos de humildade...” (I Pe 5.5).
O humilde e manso de coração terá paz e descanso em sua alma e mente, enquanto o orgulhoso terá a aflição reinando em sua mente e alma.   
O subjugar de nossas paixões é mais valioso do que ter todo o mundo debaixo da nossa vontade.
O trabalho de carregar a cruz deve ser em cada dia, em todos os dias da vida, porque se removermos a cruz, a vontade própria prevalecerá. Então, há uma grande verdade no que Tiago diz:
“Meus irmãos, tende por motivo de grande gozo o passardes por várias provações”.
Se a cruz está presente, é indicador de que há um trabalho continuado de Deus em nós, e da nossa parte, submissão à Sua vontade; então é um motivo para grande alegria. Portanto é melhor ter um espírito humilde e quebrantado, do que ter a cruz removida.
Se alguém não tomar voluntariamente a sua cruz a cada dia, não poderá fazer a obra de Deus de modo constante e agradável a Ele, porque o ego se levantará e se oporá àquilo que for da Sua vontade.
Quão perigoso é para aqueles que estão envolvidos na seara do Senhor, desejarem que a cruz seja removida. Quando aspiram por total falta de problemas, de oposições, perseguições, dificuldades, e começam a se encantar de novo com a alegria puramente mundana, eles constatarão que a infidelidade a Deus terá invadido seus corações, e já não amam tanto a Sua obra e vontade quanto antes.
Por isso, não se pode lançar a mão do arado e olhar para trás. Envolver-se na guerra do Senhor exige que seja considerado o custo relativo à necessidade de consagração e renúncia à própria vontade. Ninguém será um apóstolo como Paulo, enquanto não estiver crucificado para o mundo e o mundo crucificado para ele.
O levar no corpo, o morrer de Jesus é o que gera a verdadeira vida eterna. Se o grão de trigo não morrer ele ficará só. Não há frutificação na lavoura de Deus sem este morrer operado pela cruz. É neste sentido que o estar apegado à vida nos leva a perdê-la, e o perdê-la por amor de Cristo, a achá-la.
Muito desta mortificação da carne, desta auto negação está exatamente em se seguir à exortação do apóstolo Pedro em sua primeira epístola, na qual exorta todos à submissão de uns para com os outros, particularmente às linhas de autoridades estabelecidas por Deus: os servos a seus senhores, as mulheres aos esposos, os filhos aos pais, os cidadãos às autoridades, as ovelhas aos pastores, os jovens aos anciãos.
“Semelhantemente vós, os mais moços, sede sujeitos aos mais velhos. E cingi-vos todos de humildade uns para com os outros, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte;” (I Pe 5.5,6).
Toda esta submissão de coração somente será possível, caso se tenha humildade. Estas duas atitudes estão ligadas inseparavelmente por Deus, assim como Ele ligou o arrependimento à fé.
O apóstolo coloca no final do texto lido, que a seu tempo Deus exaltará o que se humilha. Ele elevará aquele que se humilhou debaixo da Sua potente mão, no tempo que Ele tiver determinado. Logo, o caminho para a elevação é se humilhar. É neste sentido que o maior de todos é o que mais serve.
Afligir o nosso espírito, especialmente nas aflições, e não somente nelas, é o nosso dever, mas o elevá-lo é trabalho exclusivo de Deus. Todo aquele que a si mesmo tentar se exaltar será humilhado por Deus, mas todo o que se humilhar será exaltado (Mt 23.12).
O recusar-se a se humilhar é recusar o único caminho para a verdadeira exaltação.     
É interessante observar, que a exaltação é geralmente proporcional ao nível da humilhação. Ninguém se humilhou ou poderá se humilhar mais do que Cristo, porque se rebaixou, se esvaziou, se humilhou sendo Deus, e sendo homem perfeito, sem pecado, portanto ninguém poderá ser mais exaltado do que Ele, e por isso recebeu um nome que é sobre todo nome.
Este feliz evento da exaltação acontecerá no tempo próprio. No tempo próprio nós colheremos, se não desfalecermos. Mas, há aquela raiz de orgulho que está no coração de todos os homens que vivem na terra, que deve ser mortificada antes que possam ser considerados aptos para o céu, e por isso Deus os levará a circunstâncias humilhantes com vistas a atingir o referido fim. Foi por isso que Deus conduziu o povo de Israel naqueles quarenta anos no deserto, para os humilhar, provar e saber o que estava no coração deles.
O coração é naturalmente hábil para se revoltar contra estas circunstâncias humilhantes, por conseguinte a mão poderosa do Senhor as traz e as mantém lá. O homem redobra suas forças naturais para fugir da dificuldade, levantando sua cabeça, murmurando por causa das suas aflições, e poucos dizem que confiam que o seu Criador por fim os abençoará.       
Há muitas imperfeições naturais e morais em nós. Nossos corpos e almas, em todas as suas faculdades estão em um estado de imperfeição. O orgulho de toda a glória está manchado, e é uma vergonha não nos humilharmos em tudo o que se refere a nós, e tentarmos nos apresentar a Deus como pessoas que não têm do que ser perdoadas e lavadas. É certo que no caso dos crentes, o Espírito fez uma grande obra de regeneração e iniciou o processo de santificação, mas enquanto permanecem no mundo há muitas corrupções que remanescem na carne, das quais devem se humilhar, arrepender, e abandonar (II Crôn 7.14).
Quando Deus criou o homem, Ele estabeleceu toda uma linha se submissão à qual já nos referimos anteriormente, de modo que todos fossem exercitados em humildade; por isso os filhos nascem pequenos, menos fortes e capazes que seus pais e dependentes deles para a sua sobrevivência. Ele poderia ter feito diferente, não criando tal linha de submissão de filhos aos pais, mas desde Adão e Eva não há quem chegue a este mundo sem ter sido filho de algum casal. Neste aspecto, todos têm a oportunidade de serem exercitados em submissão.
De igual modo Ele constituiu o homem como cabeça sobre sua esposa, de modo a exercitar as mulheres casadas em submissão e humildade em seus matrimônios. E isto vale para os que são governados na sociedade civil por todos aqueles que estão em posição de autoridade - professores, juízes, policiais, políticos, etc., enfim, há uma grande linha de autoridades que procedem de Deus exatamente com este intuito principal de nos ensinar a nos humilharmos, a obedecermos, a exercitarmos o respeito, e tudo isto conduz diretamente à submissão ao próprio Deus, pois aquele que resiste à autoridade resiste a Deus que a instituiu.
Logo, a autoridade é antes de tudo instituída para o nosso próprio bem, especialmente neste particular, de sermos exercitados por Ele em submissão e humildade. E, como vimos, é somente nos humilhando que podemos ser exaltado. Esta atitude trata com a raiz do orgulho que entrou na natureza terrena do homem em razão do pecado. O homem quis ser igual a Deus pelo caminho da exaltação, mas Deus levará o homem a atingir o propósito de ser igual a Ele, pois o criou para ser à Sua imagem e semelhança, exatamente pelo caminho que vai em sentido contrário, a saber, o da humilhação.
Uma das maiores provas da nossa humilhação é exatamente a de se submeter, se render à vontade de Deus debaixo das nossas aflições, porque é exatamente nestas horas que o velho homem mais se levanta em seu orgulho e procura resistir com todas as suas forças, procurando o modo de se livrar das coisas que o afligem, sem contar com o fato de que é somente se submetendo ao Senhor que é possível ser livrado das aflições que Ele mesmo determinou para nos provar.
O velho homem jamais se submeterá a isto, e é por isso que foi crucificado juntamente com Cristo. Ele recebeu a sentença de morte para que não tenha mais o pleno domínio da própria vontade. Ele morreu, portanto devemos nos despojar dele, e vivermos como novas criaturas, nascidos de novo pelo poder do Espírito, que têm o poder da vida indissolúvel e eterna, e não a morte do velho homem. Assim, em Sua infinita sabedoria, Deus não removeu de modo absoluto a ação do velho homem enquanto permanecemos neste mundo, apesar da certeza do pleno cumprimento da sentença de morte que ele recebeu na cruz, tendo sido aos olhos de Deus, crucificado lá juntamente com Cristo, de modo que pudéssemos conhecer a total corrupção da sua natureza terrena e que de fato deve ser mortificado pela cruz, de modo que em vez da carne pecaminosa, da antiga natureza, sejamos guiados pelo Espírito, pela nova criatura, que tem a marca da santidade de Deus.       
Assim, tentar se levantar do pó quando Deus está nos submetendo à humilhação, é provocar a Deus para nos quebrar em pedaços, porque Sua mão é poderosa. Como homens contenderão com Deus? São mais fortes do que Ele? Como um menino não se submeterá à disciplina de seu pai?   
Como Paulo diz em I Cor 10.22: “Ou provocaremos a zelos o Senhor? Somos, porventura, mais fortes do que ele?”
Todo pecado que há no mundo é consequência do pecado original de Adão, e não há quem não peque, logo todos devem se humilhar diante do Deus perfeitamente santo e justo.
Não se permitir ser humilhado debaixo desta nossa condição de pecadores é se revoltar contra a mão poderosa de Deus, e tentar nos justificarmos perante Ele com nossa justiça própria, que é para Ele como trapo de imundície - é o mesmo que perder todo o senso do nosso dever e vergonha.

Daí entendemos o que está em Lam Jer 3.26-33: “Bom é aguardar a salvação do SENHOR, e isso, em silêncio.
Bom é para o homem suportar o jugo na sua mocidade.
Assente-se solitário e fique em silêncio; porquanto esse jugo Deus pôs sobre ele;
ponha a boca no pó; talvez ainda haja esperança.
Dê a face ao que o fere; farte-se de afronta.
O Senhor não rejeitará para sempre;
pois, ainda que entristeça a alguém, usará de compaixão segundo a grandeza das suas misericórdias;
porque não aflige, nem entristece de bom grado os filhos dos homens.”
Fartar-se de afronta. Dar a face a quem o fere; este é o caminho designado pelo Espírito, pela boca do profeta. É assim que se alcança a salvação e a possibilidade de esperança. Colocar a boca no pó, clamar pelo livramento de Deus, não se engrandecer, e não se exaltar.   
O orgulho se alimenta da dignidade e excelência pessoal pela qual imaginamos que superamos outros, portanto isto não pode prevalecer diante de Deus. O fariseu agradecia a Deus por não ser como os demais homens, mas o Senhor diz que não há um justo sequer diante dEle.
Se Jesus lavou os pés de pecadores, Ele nos deu um exemplo para ser imitado, e se Ele lavou seus pés, você deve também lavar os pés dos outros.
Então, permita que as circunstâncias humilhantes tornem seu espírito humilde, e você será útil nas mãos de Deus e poupado de muitas aflições, porque elas têm em sua maioria, exatamente este grande propósito de nos humilhar. E, se somos achados humildes, então é nesta condição que o Senhor nos exaltará, pois não haverá o risco de que sejamos vencidos pelo orgulho.
Não podemos esquecer que todo pecado, toda transgressão da lei e da vontade de Deus é uma luta direta contra Ele, o que consiste basicamente na falta de submissão a Deus. A carne não está sujeita à lei de Deus, nem mesmo pode estar; por isso ela é sujeitada à crucificação juntamente com Cristo, ou à condenação eterna.
O pecado é tratado, ou é condenado. Deus leva o velho homem à cruz, mas ele se debate e luta para não ser crucificado juntamente com Cristo. Se deixado à vontade, sem aflições, o velho homem prevalece e governa absoluto, mas a aflição o abaterá e enfraquecerá, a mente buscará auxílio em Cristo, e finalmente se renderá e submeterá ao trabalho da graça, escolhendo fazer a vontade de Deus e não a própria vontade.   
Mas, não é uma coisa fácil humilhar o espírito dos homens, não é uma coisa pequena; é um trabalho que não é feito em pouco tempo. Há necessidade de um cavar profundamente para uma humilhação completa no trabalho de conversão. Muitos golpes devem ser dados à raiz da árvore do orgulho natural do coração antes que ela caia, e muitas vezes parece ter caído, mas ainda está de pé; pois até mesmo quando o golpe na raiz é produzido nos crentes, o orgulho brota novamente, de forma que demandará a repetição do trabalho de humilhação.    
Paulo resistiu por um tempo ao espinho na carne e queria ser livrado diretamente dele, sem entender que a forma de se alcançar isto não seria lutando contra o próprio espinho, mas submetendo-se à graça de Jesus, tirando proveito da fraqueza produzida pela aflição, e humilhando-se diante do Senhor, porque Jesus lhe disse que o Seu poder se aperfeiçoa na nossa fraqueza, que é gerada pelas aflições que têm a finalidade de nos humilhar.
Em sua grande aflição Jó se rendeu no fim, depois de muito argumentar. Quando confrontado por Deus, ele disse que se arrependia no pó e na cinza. Ele o fez quando estava com seu corpo enfermo e o espírito quebrado. Foi aí que o Senhor virou seu cativeiro e o exaltou, dando-lhe o dobro de tudo o que possuía antes, como prova desta exaltação em face da sua humilhação. A chave da sua cura e libertação estava exatamente na sua humilhação diante de Deus.
Deus não nos traz nenhuma provação desnecessária, nem nos aflige mais do que o necessário, porque Ele não aflige de boa vontade os filhos dos homens, porém os contrista com várias provações caso necessário, conforme diz o apóstolo Pedro.
Quando o profeta Elias foi levado para pronunciar juízos contra o rei Acabe, este se humilhou diante de Deus, e apesar de toda a sua malignidade e do juízo que tinha sido estabelecido sobre ele, o Senhor suspendeu o juízo em face daquela humilhação inesperada pelo próprio profeta, e mandou registrar o incidente na Bíblia, para nos ensinar a eficácia que há para suspender juízos e aflições o ato de se humilhar sob a potente mão de Deus.
“Sucedeu, pois, que Acabe, ouvindo estas palavras, rasgou as suas vestes, cobriu de saco a sua carne, e jejuou; e jazia em saco, e andava humildemente. Então veio a palavra do Senhor a Elias, o tesbita, dizendo: Não viste que Acabe se humilha perante mim? Por isso, porquanto se humilha perante mim, não trarei o mal enquanto ele viver, mas nos dias de seu filho trarei o mal sobre a sua casa.” (I Rs 21.27-29).
A salvação em Cristo é em si mesma uma chamada à humilhação, porque Deus rejeita todos os nossos méritos no assunto da redenção, justificação e regeneração e nos ordena a confiar somente nos méritos de Cristo, isto é, o reconhecimento de nossa incapacidade e da Sua suficiência e soberania. O arrependimento que é necessário à salvação, não pode existir sem a humildade. A humildade é, portanto uma valiosa companheira e útil para todo bom propósito.   
É bom lembrarmos que há sempre uma intercessão no céu por causa das circunstâncias humilhantes do humilde. Deus se moverá em misericórdia em favor dos que se humilham, pois receberá deles gratidão, glorificação e louvor. Deus se compadece dos que estão aflitos e recorrem a Ele com espírito contrito, em busca de auxílio. Em toda a aflição deles, Ele é afligido e agirá prontamente para que seja também livrado da Sua própria aflição em face do sofrimento deles.
A aflição que Deus sente não é de desespero, mas de compaixão. Jesus revelou abundantemente este caráter de Deus em Seu ministério terreno, quando se compadecia dos necessitados e os socorria - a intercessão de Cristo é sempre eficaz; é o desejo do Pai e do Filho levantar os humildes, mas sempre no seu devido tempo.
As circunstâncias humilhantes ordinariamente são levadas ao ponto extremo de desesperança, antes do levantamento daquele que se humilha. A faca estava à garganta de Isaque antes que a voz do anjo fosse ouvida. Paulo se refere à tribulação que sofreu na Ásia, até o ponto de desesperar da vida. Quando parece que já não há mais esperança, o Senhor age com Sua misericórdia trazendo-nos livramento.
Outro fim para o qual a Providência aponta neste ato de levar as aflições até seu ponto extremo, é o de ensinar o crente a confiar somente em Deus, porque no caminho ele terá visto que todas as tentativas de socorro da parte dos homens foram em vão, e que somente o Senhor seria capaz de operar a solução - isto trará grande regozijo para o crente e grande gratidão ao Seu Deus, reforçando sua confiança na fidelidade do seu Senhor.
Apresentamos a seguir alguns textos bíblicos que servem de base para as afirmações do nosso texto:
Rom 5.3: “E não somente isso, mas também gloriemo-nos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a perseverança.”
I Cor 13.4: “O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece,”
I Cor 13.7: “tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”
II Cor 7.9: “agora folgo, não porque fostes contristados, mas porque o fostes para o arrependimento; pois segundo Deus fostes contristados, para que por nós não sofrêsseis dano em coisa alguma.”
I Pe 5.6: “Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte;”.
Fp 4.14: “Todavia fizestes bem em tomar parte na minha aflição.”
Apo 1.9: “Eu, João, irmão vosso e companheiro convosco na aflição, no reino, e na perseverança em Jesus, estava na ilha chamada Patmos por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus.”
II Cor 1.6: “Mas, se somos atribulados, é para vossa consolação e salvação; ou, se somos consolados, para vossa consolação é a qual se opera suportando com paciência as mesmas aflições que nós também padecemos;”
Tg 5.10, 11: “Irmãos, tomai como exemplo de sofrimento e paciência os profetas que falaram em nome do Senhor. Eis que chamamos bem-aventurados os que suportaram aflições. Ouvistes da paciência de Jó, e vistes o fim que o Senhor lhe deu, porque o Senhor é cheio de misericórdia e compaixão.”
I Pe 2.20: “Pois, que glória é essa, se, quando cometeis pecado e sois por isso esbofeteados, sofreis com paciência? Mas se, quando fazeis o bem e sois afligidos, o sofreis com paciência, isso é agradável a Deus.”
Rom 12.12: “alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração.”
Fp 3.10: “para conhecê-lo, e o poder da sua ressurreição e a e a participação dos seus sofrimentos, conformando-me a ele na sua morte.”
Cl 1.24: “Agora me regozijo no meio dos meus sofrimentos por vós, e cumpro na minha carne o que resta das aflições de Cristo, por amor do seu corpo, que é a igreja.”
II Tim 1.8: “Portanto não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes participa comigo dos sofrimentos do evangelho segundo o poder de Deus,”
I Pe 5.1: “Aos anciãos, pois, que há entre vós, rogo eu, que sou ancião com eles e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e participante da glória que se há de revelar:”
II Tim 1.8: “Portanto não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes participa comigo dos sofrimentos do evangelho segundo o poder de Deus.”
II Tim 2.9: “pelo qual sofro a ponto de ser preso como malfeitor; mas a palavra de Deus não está presa.”
Hb 2.10: “Porque convinha que aquele, para quem são todas as coisas, e por meio de quem tudo existe, em trazendo muitos filhos à glória, aperfeiçoasse pelos sofrimentos o autor da salvação deles.”
Jesus tomou sobre si as nossas enfermidades e sofreu em nosso lugar, para que tivéssemos o privilégio de sofrer juntamente com Ele, por causa do Seu nome, e não para que fôssemos livres de toda e qualquer aflição neste mundo. Tanto que Ele afirma, que as teremos enquanto aqui estivermos, mas que devemos ter bom ânimo enquanto passamos por elas, porque assim como Ele foi glorificado e exaltado nos céus, nós também o haveremos de ser.
Lc 22.28: “Mas vós sois os que tendes permanecido comigo nas minhas provações.”
I Pe 5.9: “ao qual resisti firmes na fé, sabendo que os mesmos sofrimentos estão-se cumprindo entre os vossos irmãos no mundo.”
At 5.41: “Retiraram-se pois da presença do sinédrio, regozijando-se de terem sido julgados dignos de sofrer afronta pelo nome de Jesus.”
II Tim 3.11: “as minhas perseguições e aflições, quais as que sofri em Antioquia, em Icônio, em Listra; quantas perseguições suportei! e de todas o Senhor me livrou.”
II Tim 4.5: “Tu, porém, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério.”
Hb 12.7: “É para disciplina que sofreis; Deus vos trata como a filhos; pois qual é o filho a quem o pai não corrija?”
I Pe 2.20: “Pois, que glória é essa, se, quando cometeis pecado e sois por isso esbofeteados, sofreis com paciência? Mas se, quando fazeis o bem e sois afligidos, o sofreis com paciência, isso é agradável a Deus.”
I Pe 3.17: “Porque melhor é sofrerdes fazendo o bem, se a vontade de Deus assim o quer, do que fazendo o mal.”
I Pe 4.19: “Portanto os que sofrem segundo a vontade de Deus confiem as suas almas ao fiel Criador, praticando o bem.”
I Pe 5.10: “E o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de haverdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, confirmar e fortalecer.”
Apo 2.3: “e tens perseverança e por amor do meu nome sofreste, e não desfaleceste.”
I Pe 1.6: “na qual exultais, ainda que agora por um pouco de tempo, sendo necessário, estejais contristados por várias provações,”
At 20.19: “servindo ao Senhor com toda a humildade, e com lágrimas e provações que pelas ciladas dos judeus me sobrevieram;”
Tg 1.2: “Meus irmãos, tende por motivo de grande gozo o passardes por várias provações,”
Mc 4.17: “mas não têm raiz em si mesmos, antes são de pouca duração; depois, sobrevindo tribulação ou perseguição por causa da palavra, logo se escandalizam.”
Jo 16.33: “Tenho-vos dito estas coisas, para que em mim tenhais paz. No mundo tereis tribulações; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.”
At 14.22: “confirmando as almas dos discípulos, exortando-os a perseverarem na fé, dizendo que por muitas tribulações nos é necessário entrar no reino de Deus.”
At 20.23: “senão o que o Espírito Santo me testifica, de cidade em cidade, dizendo que me esperam prisões e tribulações.”
II Cor 1.4: “que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, pela consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus.”
II Cor 4.17: “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós cada vez mais abundantemente um eterno peso de glória.”
Ef 3.13: “Portanto vos peço que não desfaleçais diante das minhas tribulações por vós, as quais são a vossa glória.”
I Tes 1.6: “E vós vos tornastes imitadores nossos e do Senhor, tendo recebido a palavra em muita tribulação, com gozo do Espírito Santo.”
I Tes 3.3,4: “para que ninguém seja abalado por estas tribulações; porque vós mesmo sabeis que para isto fomos destinados; pois, quando estávamos ainda convosco, de antemão vos declarávamos que havíamos de padecer tribulações, como sucedeu, e vós o sabeis.”
I Tes 3.7: “por isso, irmãos, em toda a nossa necessidade e tribulação, ficamos consolados acerca de vós, pela vossa fé,”
Hb 10.33: “pois por um lado fostes feitos espetáculo tanto por vitupérios como por tribulações, e por outro vos tornastes companheiros dos que assim foram tratados.”
Apo 2.10: “Não temas o que hás de padecer. Eis que o Diabo está para lançar alguns de vós na prisão, para que sejais provados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida.”
Apo 2.22: “Eis que a lanço num leito de dores, e numa grande tribulação os que cometem adultério com ela, se não se arrependerem das obras dela.”
Apo 7.14: “Respondi-lhe: Meu Senhor, tu sabes. Disse-me ele: Estes são os que vêm da grande tribulação, e levaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro.”
Mt 25.44: “Então também estes perguntarão: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou forasteiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos?”
At 20.35: “Em tudo vos dei o exemplo de que assim trabalhando, é necessário socorrer os enfermos, recordando as palavras do Senhor Jesus, porquanto ele mesmo disse: Coisa mais bem-aventurada é dar do que receber.”
I Cor 11.30: “Por causa disto há entre vós muitos fracos e enfermos, e muitos que dormem.”
Gál 4.13: “e vós sabeis que por causa de uma enfermidade da carne vos anunciei o evangelho a primeira vez,”
I Tim 5.23: “Não bebas mais água só, mas usa um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas frequentes enfermidades.”
Fp 2.26,27: “porquanto ele tinha saudades de vós todos, e estava angustiado por terdes ouvido que estivera doente. Pois de fato esteve doente e quase à morte; mas Deus se compadeceu dele, e não somente dele, mas também de mim, para que eu não tivesse tristeza sobre tristeza.”
II Tim 4.20: “Erasto ficou em Corinto; a Trófimo deixei doente em Mileto.”
Tg 5.14,15: “Está doente algum de vós? Chame os anciãos da igreja, e estes orem sobre ele, ungido-o com óleo em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.”


Este texto é administrado por: Silvio Dutra
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