|
__ Angelo, meu amor acorda está na hora de ir para escola. ¬– me sentei na cama dele e comecei a passar minha mão em seu pequeno corpo para ele acordar.
__ Só mais cinco minutos mamãe. – Angelo resmungou
__ Isso foi o que você disse há quase quinze minutos atrás.
__ Hum. Está bem. – Ele levantou cambaleando ainda com muito sono.
Angelo entrou no banho e eu fui terminar de me arrumar para o trabalho, ainda não me acostumei totalmente com essa rotina de ser mãe.
Passou vinte minutos e ele apareceu na cozinha onde eu estava.
__ O que quer para tomar café?
__ Cereal, para eu ficar forte igual os meninos do comercial. – Sorri do jeito engraçado que ele falou.
__ Ok! Então vamos comer cereal.
Coloquei uma tigela para ele e outra para mim. Minha melhor amiga, Camila, diz que eu pareço uma criança, mas eu não me importo por que criança é um ser simples e feliz. Enquanto desjejuávamos fiquei analisando o meu filho sentado à minha frente; moreno, cabelos encaracolados longos quase como um Black Power, olhos negros como a escuridão, sorriso suave e inocente, do tamanho certo para sua idade: oito anos, rosto quadrado... É, vou ter muitos problemas com garotas quando ele estiver grande.
__ Acabei mãe. – Proferiu tirando-me dos meus devaneios
__ Já acabou? – Perguntei para Angelo que assentiu já levantando da mesa andando o banheiro para escovar os dentes, também fiz isso.
__ então vamos. – Coloquei as tigelas na pia e fui ao quarto para pegar minha bolça.
Entramos no carro para encarar mais uma sexta-feira e o transito caótico de New York. Carros indo e vindo, pedestres apressados e motos cortando caminho em meio aos carros. Esse é o preço de morar na cidade que nunca dorme.
__ Mamãe, o meu professor de matemática pediu seu número. – Ele falou depois de um tempo no transito.
__ Por quê? O que você aprontou?
__ Nada, a senhora sabe que eu não sou de aprontar.
__ Sim é verdade, mas então por que ele quer o meu número?
__ Vai ver ele quer namorar a senhora.
__ Hum... Você está muito espertinho para o meu gosto. Mas, você deu o meu número?
__ Por quê? A senhora está interessada? – Olhei pelo retrovisor, Angelo tinha um sorriso largo e olhos brilhantes.
__ Isso é jeito de falar com a sua mãe? – Falei fingindo está com raiva.
__ Não mamãe, desculpas.
Sorri e respondi
__ Não tem problemas, mas descubra oque ele quer e depois me diz, fechado?
__ Fechado.
Depois de tempo chegamos à primeira parada: Na escola dele.
__ Tchau mãe.
__ Espera aí, cadê o meu beijo?
__ Mãe, eu já estou grandinho. – Falou fazendo bico.
__ Estou esperando. – Ele se aproxima de mim, me dando um beijo rápido e depois saiu do carro. De longe eu fiquei olhando ele ser rodeado pelos seus coleguinhas, Angelo é um menino de ouro.
Meu celular tocou me tirando dos meus devaneios e me fazendo lembra que ainda tenho um dia completo pela frente. Conectei o celular no carro e voltei a dirigir rumo ao meu trabalho.
__ Alô?
__ Vic sua louca, onde você está? Vai chegar atrasada na reunião.
__ Bom dia para você também Camila, eu dormir bem, sim, obrigada por perguntar e você?
__ Ai! Desculpa amiga, bom dia. É que eu fiquei preocupada, toda vez que eu chego aqui você já está.
__ Nem estou tão atrasada assim. Mas, é que hoje Angelo demorou a acordar.
__ Há! Falando nele. Como está o meu sobrinho favorito?
__ Sobrinho favorito. – Imitei a voz dela em tom irônico. – Faz séculos que você não o ver. Isso por que você prometeu que iria me ajudar com ele quando eu o adotei.
__ Tá bom amiga, não precisa falar assim comigo. Prometo que vou fazer de tudo para recuperar o tempo perdido.
__ É bom mesmo, mas eu já estou chegando aí.
__ Está bem, não demora. Tchau.
__ Tchau. – Sorri de canto, minhas conversas com ela sempre eram loucas.
Em poucos minutos cheguei ao meu trabalho. Apresentei o meu crachá ao segurança, estacionei meu carro, dei bom dia a recepcionista e subi para o terceiro andar onde eu trabalho, como todos os dias.
Adentrei ao meu setor e estavam todos em um corre-corre. O presidente se aposentou e agora o filho dele assumiria. Meus colegas estavam fazendo de tudo para impressiona-lo, faltaram apenas colocar flores a tapete vermelho para ele. Mas, o motivo disso tudo não é só por que ele é novo, mas também por que vai haver troca de cargos e pessoal.
__ Pensei que a queridinha do chefão estava se achando tanto que não iria aparecer. – Camila apareceu na minha sala toda contente.
__ Até parece. Mas, que loucura é essa? Já estou vendo a hora em que eles vão lamber o chão que Mark pisou.
__ Isso se chama bajulação. Mas, “Mark” é? Que intimidade toda é essa? Para mim ele além de ser um gato, ele também parece ser bem centrado.
__ Não é nem uma intimidade, esse é o nome dele não é? Se fosse Alex eu o chamaria de “Alex”.
__ Ok! Finjo que acredito. Até por que sempre foi a senhorita que ficava pegando no meu pé falando que tem que chamar de “senhor” os chefes. – Falou Camila desconfiada.
__ E você porque está com essa cara de bem servida?
__ Por que eu estou bem servida. Sabe o George?
__ O gerente administrativo? – Falei abismada
__ Sim. Ontem à noite nós saímos e...
__ Já sei, já deu para entender. – A cortei, não gosto de falar desses assuntos abertamente e também por que sei que a maioria dos encontros de Mila acabavam no mesmo lugar; na cama. – Mas, ele não tem namorada?
__ Tinha, ela soltou e eu peguei. – Balancei a cabeça negativamente. – Mas, deu mesmo para entender? Por que desde que eu te conheço não vejo você saindo com ninguém.
__ E eu posso? Caso você não percebeu, eu tenho uma pilha de coisas para fazer aqui todos os dias e ainda sou mãe solteira. Quando acaba o dia, no primeiro lugar que eu encosto eu durmo. Sabia que na semana passada eu dormir no carro?
__ É sério? – Assenti com a cabeça. – Bom, enfim que bom que você falou no Angelo. Ele é mais um motivo para você encontrar alguém, ele precisa de uma figura paterna.
__ Ou só de uma tia relapsa que apareça lá de vez em quando.
__ Ui! Hoje você está mais amarga que o normal, já disse que vou me retratar. Mas, você não pode negar que estou certa. – Olhei no relógio e já estava na hora reunião.
__ Eu não posso negar que está na hora da reunião, e é melhor nós irmos senão o SENHOR Mark Torres vai começar a mudança de pessoal por nós duas.
Andando nos corredores indo em direção à sala de reuniões notei que meus colegas levam tipos diferentes de expressões; alguns levavam de alegria, pois segundo eles as coisas iam ser mais relaxadas a partir de agora por se tratar de um chefe novo e sem experiência. Outros estavam felizes por que pensavam que iam ser promovidos ou por que iria aumentar o salário. Tinha também uma grande parcela de pessoas que estavam com cara que de vão para o calvário, essas pessoas são as que brincaram em serviço e o Sr. Richard, o ex-presidente, por ser uma pessoa de bom coração sempre era enrolado pelas historinhas comoventes que eles contavam. E tem as pessoas normais como Camila, algumas poucas pessoas e eu. Que têm a consciência limpa de que fez tudo para está aqui e que não tem por que ser prejudicada.
__ Bom dia. – O novo presidente, Mark Torres, falou quando adentrou a sala.
__ Bom dia. – Todos nós respondemos.
Mark é um homem bonito, alto, loiro, pele e olhos claros, com um sorriso lindo e corpo definido. Morou muito tempo em Londres e por isso seu modo de falar e comportamento é calmo e compassado. É um verdadeiro gentleman.
Ele ficou diante de todos e começou a falar.
__ Acredito, eu, que vocês já sabem que meu pai depois de anos dedicados com excelência a essa empresa se retirou para seu devido e merecido descanso. Assumo a partir de hoje esse banco e todas as filiais. Alguns funcionários que trabalharam com o meu pai, também vão se retirar e vai ficar cargos vagos. – olhei ao meu redor e algumas pessoas estufaram o peito e cutucaram outros querendo dizer “Agora é a minha vez”. – Mas, também haverá corte de pessoal. – isso foi impressionante. Aquela sala na qual antes era tão silenciosa que agoniava, agora foi coberta por conversas paralelas e especulações. – Senhores, por favor, mantenham a calma. – Pediu Mark paciente.
__ Senhor, vai haver corte de funcionários por conta de alguma crise que não estamos sabendo? – surgiu uma voz mascarada no fundo da sala, mas não soube identificar de quem era. Covarde!
__ Bom, eu não sei que perguntou isso, mas a resposta é não, pelo contrário o banco nunca cresceu tanto quanto agora. Em quanto estava em Londres fiquei a par de tudo que acontecia aqui. Não só de movimentações bancárias, mas também sobre os funcionários. Uns se esforçam muito e já está na hora de serem reconhecidos, outros são inadimplentes e esses não têm lugar aqui no banco. – Vi algumas pessoas engolirem a seco por conta da consciência pesada.
__ Ele é tão mandão, será se ele dever ser assim em uma relação. – Arregalei os olhos e olhei para ela espantada. “Como ela conseguia pensar nisso nesses momentos?” Pensei.
__ Por favor, como é seu nome senhorita? – Mark perguntou para Camila.
__ É-é Camila Turner, senhor.
¬¬__ Ok Camila, tem algo que queria compartir conosco?
__ Não senhor.
__ Ótimo, foi o que eu imaginei. ¬– Coitados de quem pensou que tudo ia ficar mais fácil agora.
__ Não quero expor ninguém, então depois vou chamar um por um, desses levianos que citei, e conversaremos, mas agora quero dar os parabéns aos merecedores, ou melhor, as merecedoras de promoções – Ele começou a citar nomes de minhas companheiras e dizer quais cargos elas ocupariam a partir de agora. – Vejam só, senhorita Camila Turner agora não é mais secretária de presidência e sim assistente da vice-presidência. – Como assim? Esse cargo é meu. Milla não sabia se comemorava ou não, ela me olhava desesperada sem saber o que fazer, nem mesmo sorrir em agradecimento ela sorriu. – E finalmente. Apresente-se, por favor... Victória Cody Sullivan. – Ele levantou os seus lindos olhos claros da prancheta e começou a me buscar.
__ So-sou eu senhor. – Falei levantando a mão direita.
__ Você? – Ele sorriu lindamente e pude ver umas covinhas em suas bochechas parecendo luas. – Meus parabéns Victória, meu pai só falou maravilhas de você e por isso agora você é minha assistente. – Sorri como o muito não fazia. Ele estendeu a mão para me cumprimentar.
__ Obrigada – ele fez um “sim” com a cabeça.
__ Não vou modificar muito suas rotinas de trabalho, mas de forma alguma vou aceita que fiquem de brincadeiras e conversas paralelas enquanto poderiam está trabalhando. Entendido? __ Ele realmente conhece essa empresa. Ouve uma concordância mútua. – Perfeito! A reunião está encerrada. Victória me acompanhe, por favor.
|
