Estradinha de terra
Ela caminhava na estradinha de terra
O sol não lhe perdoava
Trazia consigo o balde do banho arregalado de hoje e de amanhã
Levava uma criança de nariz verde nos braços e mais duas a seguia
Cheias de “sustaça” e energia
Olhavam pro chão; preferiam olhar para o céu
Mas para o céu não podiam olhar
O molequinho puxava a blusa da mãe
Queria beber leite!
Os outros dois... vinham brincando de correr e de falar alto
Aquele é meu! Não é meu.
É meu...
Ela caminhava
Mantinha o recato de uma mulher pobre
Na estradinha de terra
O pano enrolado na cabeça amaciava o calor do sol,
Mas esquentava... Caía até o cabelo
Todo dia a mesma coisa,
O mesmo sofrer
O mesmo penar
O mesmo ruído estomacal
E o moleque renitente
Pertina ainda, em se deleitar de seu líquido furtivo a sombra do sol
E ao bailar dos resquícios brancos.
|