Quando eu morrer pode enterrar por ai, como eu vivi,
Meio sem família, sem cuidados de pessoas,
Cuidei de mim mesmo,
Foi necessário, se quisesse viver livre;
Digo sempre que sou de todos os lugares
Mas de lugar nenhum;
Não criei raízes, pois não sou arvore,
Criei asas como os pássaros, apesar de não os sê-los.
Tive amores, dissabores...
Vivi, sonhei, criei filhos, tive arvores, mesmo não as plantando;
Não escrevi livros, mas li todos que pude;
Amei-os mais do que a mim, os livros.
Quando eu me for desta,
Diga que viajou, sossegou.
Peregrinou, imprimiu movimento ao mundo.
Onde foi acolhida e de forma torta adormeceu.
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