Vida, vida ligeira
Diz o que quer de mim
Mal cochilei na esteira
Parece até brincadeira
Já se afastou de mim.
Vida que me parece
Algo que já não é
Ora apenas objeto
Calçando os pés da mulher
Antes te vi, oh vida!
Metade submergida
No couro de um jacaré
Vida, vida ligeira
Qual o teu querer enfim?
Não desci minha ladeira
Nem alcancei cumieira
E vais embora assim?
Há pouco estavas no campo
Plantada num pé de ipê
Recanto do pirilampo
Refúgio do zidedê
Para onde foste, vida?
Agora despercebida
Em um cômodo qualquer
Numa estante de TV
Vida, vida ligeira
Pó de pirlimpimpim
És assim tão passageira
Vive! Vida derradeira
Do começo meio e fim
Num sorriso pude ver
Brindando à felicidade
Várias vidas desfrutando
Em sua efemeridade
Porém tornaram-se cinzas
Foram só vaidade
Vida, vida ligeira
Diz o que quer de mim
Seja minha companheira
E que de alguma maneira
Possa eu dizer-te sim.
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