“Olhar à volta e deparar com um mundo em movimento, com as coisas e as pessoas em constantes mudanças, verificar o resgate de uma observação - o senso crítico - e transformar tudo isso num produto em favor do autoconhecimento. Escrevo, antes de mais nada, para mim. Para me fazer entender com a esperança de ser entendida. Para libertar fantasmas, declarar sentimentos indeclaráveis, lançar teorias e, como conseqüência de tudo, fazer a diferença num mundo indiferente.” (Juliana Marciano)
Um grupo de escritores de uma universidade, ou mesmo de uma escola, deve nascer da idéia de aglutinar estudantes, professores, funcionários, ex-alunos, pessoas que de alguma forma tenham em comum o interesse não só com a palavra escrita como também o interesse em discutir, ler, pesquisar novas temáticas concernentes ao fazer literário, em um ambiente de respeito total à pluralidade opinativa.
E é nesse ambiente de troca de experiências em torno da palavra e seus mistérios que consolidará a união do grupo e, sem medo de errar, constituirá o motivo de sua existência.
Acreditamos que um grupo de escritores pode realizar diversas ações em diferentes direções que, na verdade, se complementariam. Dentre as quais podemos sugerir:
Núcleo de Estudos – O Núcleo de Estudos terá a tarefa de desenvolver atividades de iniciação temática, ou seja, textos de autores representativos das literaturas brasileira, portuguesa e mundial serão objetos de estudo e análise, a fim de que os participantes tenham conhecimento e se possa sistematizar um conjunto de idéias que contribuam para o esclarecimento do processo de criação e do fazer literário.
Núcleo de Produção – O Núcleo de Produção desenvolverá atividades que tenham por objetivo a capacitação dos participantes, por meio de oficinas. Estas são entendidas em seu sentido mais amplo, ou seja, propõem-se oficinas em que constituam momentos para que o participante realize e produza na acepção intelectual e material.
Núcleo de Divulgação – O Núcleo de Divulgação veiculará os trabalhos produzidos por meio de suportes a serem criados, como livros, jornal, página na internet e blogs.
Além dessas ações, o grupo poderá desenvolver as seguintes iniciativas:
Realizar, nos equipamentos públicos de cultura do município e/ou escolas do município ou região, encontros freqüentes com os escritores.
Proceder a um levantamento dos escritores e demais interessados na questão a fim de construir um cadastro permanente.
Promover intercâmbio entre as Secretarias de Educação e Cultura, Conselhos de Educação, Conselhos de Cultura e outros para troca de experiências e parcerias.
Se as universidades tiverem uma editora, a esta caberá lançar as produções do grupo; do contrário, parcerias com editoras poderão ser viabilizadas visando à publicação dos trabalhos.
O grupo ainda pode promover semanas de leitura, jornadas de escrita, oficinas de contadores de história, mesas-redondas com escritores, enfim, uma série de atividades em que leitura e escrita tenham, objetivamente, um espaço na universidade e não figurem apenas como temas de congressos, simpósios, etc.
Há pessoas talentosas na arte da escrita que poderão passar despercebidas se não forem encontradas e, se encontradas, não for dada uma oportunidade de elas mostrarem seu potencial. A universidade precisa ficar atenta aos talentos que nela estudam, e um grupo de escritores poderá ajudar nessa questão. Afinal, como escreveu Roland Barthes, “escrever é espantar-se”.
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