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Muita gente diz acreditar em Multiverso, Universos Paralelos, eu sou apenas mais uma delas, mas que vivenciou tal transição.
A vi pela primeira vez dia 13 de Agosto de 2015, vestia uma jardineira jeans, uma bolsa bordô de spikes, e aqueles lindos olhos puxados os quais tempos depois, eu os assimilava com pequenos limões. Mal sabia eu que, após dividirmos nosso primeiro Sundae, iria querer dividir minha vida inteira com ela. O famoso "amor à primeira vista" aconteceu comigo, gravei sua voz, suas feições e expressões, sotaque, cheiro, gostos, tudo.
Tivemos algumas situações meio conturbadas, mas como quero apenas um texto e não um livro, pulo para 12 de Dezembro de 2015, onde a pedi em namoro e fui correspondido. O segundo dia mais feliz da minha vida, perdendo apenas para 13 de Agosto (já que estou escrevendo, e não com ela em meus braços, já devem imaginar o que está por vir).
Vivi intensamente cada dia, cada situação, tudo era pensando nela, tudo era pensando na reação que minha amada teria. Não éramos um casal perfeito, longe disso. Nada mais éramos que, um menina com alguns problemas, e um menino que sempre escondeu uma carência de amor atrás de um ego inflado. Talvez essa "armadura" que faço com meu ego, seja o que tenha arruinado e muito, diversas situações em minha vida; Mas sem ela, creio que eu não consiga nem ao menos sair de casa. Tive os melhores 6 meses da minha vida, e meu objetivo para 2016 estava realizado, ter ela ao meu lado, nada mais.
2016... Primeiro ano em que fui reclamar da vida, primeiro ano que disse "eu não consigo", primeiro ano que me senti incapaz de realizar algo, primeiro ano que para os meus amigos não era mais aquele Eduardo forte, corajoso, otimista. Em 2016 a armadura de ego foi quebrada, quebrada de dentro para fora. A perdi um dia depois do dia dos namorados, onde eu achava que estava tudo bem. Simplesmente a perdi. Vivi após isso uma semana no inferno. Gostaria de estar brincando, mas a definição de inferno que temos hoje é baseada no sofrimento, e vou explicar à você, meu novo desconhecido favorito.
Uma semana sem se alimentar de forma digna, sem dormir. Devo ter dormido um total de 8 horas em 7 dias. Meu coração gritava, mas depois quem gritou foi meu corpo, e gritou forte. Começou com uma suspeita de conjuntivite, sentia um incômodo no olho direito, o qual tratei com compressas com água. A dor só aumentava conforme os dias se passavam, até chegar no insuportável. No hospital, fui diagnosticado com Herpes Zoster, um tipo de herpes que ataca de forma localizada, quando a imunidade baixa. Fui o primeiro caso de jovem com esse tipo de herpes em 50 anos no hospital (a mesma só ataca bebês, ou idosos). 7 dias de internação, logo de cara. A região escolhida pela doença foi a pior, a ocular. Estava com 8 feridas no olho direito, as quais tinham grandes chances de causar cegueira no mesmo. Como já dito, não quero um livro, então vou resumir a internação em algumas frases.
De 7 dias, pulamos para 30, pois meu quadro se agravou. Tive um inchaço no cérebro, o que poderia a ser fatal. Perdi 30% da visão do olho direito, mas só de não ter ficado cego, já foi uma conquista. Vivia a base de altas doses de Rivotril, pois tinha crises constantemente. E as únicas palavras que repetia constantemente eram "Eu quero ver a Yukari; Eu preciso da Yukari"
Nunca me gabei por ter um coração bom, muito pelo contrário, acho isso o básico. Mas ali, eu sabia que estava pagando algo que não merecia. Em certa discussão com minha amada pelo celular, fiquei tão arrasado a ponto de tentar me jogar da janela do quarto andar o qual eu estava, onde um enfermeiro viu e causou uma enorme confusão entre minha família. No hospital tive contato com minha primeira psicóloga, a qual espero ainda um dia rever. Nem para ela, nem para ninguém, tive coragem de contar que estava lá por um término com uma garota que conhecia no meio de 2015, além do mais, tinha vergonha de dizer que perdi quem formava 90% do meu vocabulário. Falava mais sobre a Yukari do que sobre mim mesmo, até mesmo para pessoas que tinha acabado de conhecer.
Quando em casa, após a recepção calorosa que tive do inferno na Terra, após consultas, fui diagnosticado com Transtorno de Personalidade Borderline, Depressão Severa, e Crise de Ansiedade. Faço acompanhamento em áreas da psicologia e da psiquatria, e estou apenas no começo do tratamento de desintoxicação de Yukari do meu corpo. Ah sim, quase ia me esquecendo do título... Thaís, minha terapeuta, disse uma vez que:
"Yukari foi embora, você dormiu chorando, acordou chorando, e ainda vai fazer muito isso. Mas o Sol nasceu, as pessoas foram trabalhar, a chuva caiu, as folhas das árvores balançaram com o vento, o Sol se pôs, e as mesmas estrelas iluminaram nosso céu. Com ou sem a Yukari, o nosso mundo ainda gira, você perdeu seu mundo, que era resumido em uma pessoa, mas caiu no mundo de todos. Nesse mundo ela não influencia, não tem poder, as coisas seguem com ou sem ela, e é nesse mundo que você terá que viver agora. Você apostou tudo nela e perdeu, agora precisa se reerguer, pois o mundo de todos não vai parar.
Então, bem vindo ao nosso mundo, Eduardo."
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