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O café, uma reunião
Karolina Candido

Hoje, me levantei disposta,a resolver questões de trabalho, após imprimir a papelada, coloquei-as em uma mala pequena, vesti o meu blazer azul escuro, e fui andar pelo Centro Comercial.
Aquele salto me incomodava, aos 15 anos eu usava apenas aquele All Star.
Meu pai falava que era um tênis antigo. Mas eu não ligava para aquelas coisas. Ele dizer que era antigo, não era uma crítica, para ele, era legal eu curtir rock e principalmente antigo. Minha mãe dizer que era antigo, sim, era uma crítica. Ela só queria que eu colocasse sandálias e coisas totalmente do contrário que eu gostava. As vezes ela já imaginava como seria quando eu começaste a vida responsável.
Paro o pensamento, e olho para o sinal, ao atravessar, me lembro de quando quase fui atropelada ao deixar cair um colar que ganhei aos 15 anos de um garoto. Não me lembro como soltou, e eu não queria perder aquele colar. Eu estava indo viajar não queria perdê-lo.
Aquele salto me incomodando e finalmente cheguei ao Banco. Fui retirar o extrato. Precisava manter tudo em ordem. Ah, como amo economia.
Eu estava indo para a cafeteria, na Leitura, porque de fato, eu ainda tenho os hábitos dos 14 anos. Olho os livros, e me sento na cafeteria esperando a hora passar. Um Café Expresso. Olho as horas, tenho de chegar a reunião às 16 horas. E ainda eram 15 horas. Começo a ler, fazer contas, preparando para a reunião ser ótima. Com muitas ideias.
E então chega um rapaz, de terno azul escuro, mais escuro que meu blazer. Ele pega um café expresso, assim como o meu.
Ele se senta na mesa a frente, e olha para mim.
O tempo estava nublado, muito, aquela era a Leitura mais linda que já fui, 2 andares como a maioria que eu já havia ido. Ela tinha um vidro que permitia ver o lado de fora. E chovia. Muito. Eu bebendo meu café, e olhando as ideias, ligo para o administrador:
''Sua chamada está sendo encaminhada para a caixa...''-desligo.
Ligo para o contador:
''Grave seu recado...''-desligo.
Eu nem liguei para o resto da equipe porque meu celular acabou a bateria e eu nem tinha como chamar um Uber se não encontrasse um lugar para conectar aquele celular logo.
E aquele rapaz certamente me olha. Ele sabe que eu insisto, quando mais ele olha, mais nervosa eu fico. Mas eu precisava de sair bem na reunião, eu havia me acordado disposta e continuo, esse rapaz deve estar rindo por dentro. Ele se levanta. Eu finjo fazer contas mexendo no colar, o presente de 15. Mas eu estava mais concentrada nele do que em qualquer outra coisa.
Ele se levanta e não vai embora, ele pega outro café e vem na minha direção.
''Algo me diz que você está nervosa.''
''Algo me diz que você não tem nada haver com isso.'' -retruco.
Certamente, eu estava nervosa, eu estava mais nervosa quando ele chegou perto com aquele olhar certeiro. E mais ainda porque ele me lembrou do meu nervosismo.
''Certamente, não tenho, desculpe, posso me sentar?''
Fiz que sim.
''Seu batom vermelho com esse blazer azul me deixou encantado.''
''Veio dar em cima de mim? Isto é papo.''
''Não, claro que não, não sou esses moleques, me desculpa se teve ruim impressão de mim.''
''Não tive nada.'' -Digo, olhando para o colar.
''Prazer, Diego Melo.''
''Prazer, Ana Cândido.''
Eu ainda não estava acostumada em falar desse modo. Ele pergunta sobre meu profissional, a gente conversa, enquanto a chuva lá fora só aumentava.
''Diego, eu tenho de ir, tenho uma reunião.''
Pego as coisas, a papelada, tiro os saltos. Vou correr na chuva, meu celular certamente não carregou.
''Mas ainda faltam 20 minutos. Eu lhe dou carona Ana.''
''ESTOU ATRASADA!''
Me assusto. Desço as escadas correndo descalça. salto na mão, ele vai atrás de mim.
''Espera, cara, você me encantou.''
Vou para a chuva, correndo, descalça. Espera, onde está o meu colar? Entro em desespero.
Eu me importava com colar pelos momentos vividos. Era como perder as recordações o mesmo provas. Ele some. Eu não me importava com a chuva, porque de fato eu amava, mas acabou, sem condições de ir assim para a reunião com banqueiros.
Aparece então um Honda Civic na minha frente, Diego.
''Entra moça, não me importo de molhar meu carro.''
Eu faço hora, enrolo, entro. Do lado dele no banco da frente, com a saia na cor preto, mais preto ainda pois estava molhada, como meu cabelo.
''Me deixa ficar com seu colar, quero me lembrar de você.''
''Devolve. Preciso dele.''
''Eu também Ana.''
''É sério.''
''Não, não posso devolver. Eu quero algo seu. Para me lembrar.''
''Eu de dou outra coisa, mas o colar não Diego.''
''Quando eu sentei naquela mesa, a primeira coisa que eu olhei foi te olhando brincar com esse colar, ele é a lembrança perfeita.''
''É a lembrança perfeita para mim também, mas não disso.''
''Vem cá garota, seu batom vermelho é perfeito.''
Me puxa.
''Devolve.'' Esquivo.
Tomo de sua mão, tento sair do carro, ele acelera.
''Vou te levar para casa, coloca no GPS.''
''Ok, não sei porque estou confiando em você.
20 minutos para reunião. Chegando em casa, o fixo chamando, corro, atendo, enquanto ele ficou lá fora no carro.
''Ana Cândido, boa tarde?''
''A senhora então resolveu aparecer? A reunião foi cancelada, pois você não atendeu o telefone, remarcamos, coisas associadas a federação dos bancários. Desculpe Sr.a Ana., remarcamos e a Sr.a não participará desta nova equipe, precisa mostrar mais interesse.''
Desligou sem que eu pudesse falar.
Choro, choro, choro muito, toda molhada de água daquela chuva.
Diego ainda lá fora. Me esperando trocar de roupa. Não sei o que fazer. Se o mando estrar,, se conto, certamente, ele se encantou pela minha dedicação, a dedicação que eu não tenho mais, ali deitada no carpete chorando. Ele buzina e grita ''Vamos Cinderela''.
Certamente, Cinderela que acabou de perder o encanto.


Biografia:
Um amor por ler, um amor por escrever.
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Contos O café, uma reunião Karolina Candido


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