Já está frio agora...
Mas frio agora, por teu abandono;
O gelo, em metáfora, é um tapete lá fora
Em uma estampa de outono;
Que poderia ser inverno ou verão, ou primavera enfim;
Não é do ano, uma estação para mim;
É apenas a figura
De uma paisagem de árvores mortas,
Quando tudo fica feio, na peçonha do tédio...
Para uma estampa de outono, às portas,
Talvez não exista remédio.
Mais frio... cada vez mais frio em meu quarto morto...
É o gelo que, apesar do sofrido apelo,
Não dá trégua ou conforto;
Só o teu retrato me escuta agora;
Não atendes quando telefono...
A lágrima que não vês chorará lá fora,
No sofrimento, das estampas de outono...
|