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O Livro Amarelo Brilhante
Daniela De Zorzi

Ela era magra, dos olhos negros e cabelos excessivamente grossos, os quais permaneciam sempre presos e bem penteados. De um sorriso doce, doce e tranquilo, que sempre ocultava as amarguras da vida sofrida.
     A escola onde trabalhara a vida toda era pequena, composta por duas salas com algumas carteiras e o velho quadro negro. Junto com as lições que levara para casa, levara também um pote de alumínio, camuflado de isopor onde levava-o cheio de sorvete para uma menininha que em casa a esperava.
     Mal sabia ela que a menininha dos olhos grandes azuis que tornaram-se verdes, esperava em casa ansiosa para vê-la apontar no fim daquela longa e reta estrada, que terminava aonde o sol se põe para ir de encontro para ver o que tinha reservado à ela.
     Quando avistava-lhe ao longe era só alegria, sem camisa e descalça sentindo os pedregulhos machucarem seus pés a menininha corria sorrindo pela estrada ao seu encontro. Lá vinha ela carregada de coisas e levando em baixo do braço, vassouras de mato para varrer o pátio.
     Um belo dia enquanto um temporal se armava, recolhia rapidamente as roupas do varal. E quando começavam a cair as primeiras gotas daquela chuva de verão escutara a menininha chorando aos prantos deitada ao chão daquela estrada, sua mãe gritava com ela, menina saia dessa chuva, seu pai foi e eu não vou ai te pegar.
     Porém, a menininha teimosa, de olhos verdes continuava no chão a chorar, pois sabia que alguém, sem demora iria lhe buscar. Entremeio o cheiro de poeira molhada que levantara daquele chão de terra batida aparecia ela para tirar do chão sua menininha e levá-la até sua casa em seu colo.
     Todos os dias o trajeto era um só, depois de ver o maninho partia a menina pela velha estrada para aquela casa azul desbotada, de varanda alta, de cheiro inigualável e sempre ao som do velho freezer a funcionar. Naquela casa a menininha amava ir todos os dias para visita-la, escutar histórias, tomar mate doce de funcho que só ela sabia fazer e admirá-la. Logo, sentavam as duas na velha escada a conversar.
     Ela tinha algo que a menininha sempre quis ter, a dedicação ao trabalho que realizara sempre com tanto amor e algo ainda mais deslumbrante, que aos olhos da menininha era de um amarelo brilhante que refletia na estante como um diamante.
     Certo dia, lá ia a menininha correndo para a casa dela por aquela mesma estrada que percorria todos os dias. Este dia, estava, ansiosa, sentia uma saudade enorme que só a vendo-lhe para acalmar aquele coraçãozinho inquieto e quando estava prestes a chegar no pátio daquela casa seu pai a impediu, mesmo chorando aos prantos ele não permitiu que a menininha fosse visitá-la e ela não entendia por que seu pai havia feito isso.
     Obrigando-se a voltar para casa, seu pai disse cabisbaixo a alguém que pediu para deixá-la ir:
- Ela não pode ir lá, se for ela vai querer pegá-la no colo e isso não será bom.
     A menininha que tinha apenas três anos de idade, com o rosto cheio de lágrimas, soluçando ao escutar isso ficou ainda mais apavorada sem compreender direito o porquê de não poder ver a “nona velha”.
     Passaram-se alguns dias e veio a triste notícia, a menininha recolheu do seu jardim as mais lindas e coloridas flores e levou-lhe para a despedida da professora que ela tanto admirava e amava.
     E essa menininha, tão teimosa e tão bela chama-se Daniela, que aos três anos de idade guardou com saudades as lembranças singelas de sua avó Nair, que era professora e sonhara em ver seus netos seguindo o mesmo caminho e hoje de algum lugar muito brilhante, olhando para a menininha que tornou-se professora está e que guarda com carinho como um diamante o seu livro amarelo brilhante com que Nair lecionava e que ela sempre sonhou em ter. E a menininha que Daniela era, teria orgulho da pessoa que ela é hoje!
A minha professora preferida, Nair Didomenico De Zorzi


Biografia:
Professora de Letras Português e Espanhol.
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Poesias O Livro Amarelo Brilhante Daniela De Zorzi


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