Escreve aí esse poema:
De um lugar distante,
não mais longe do que uma légua,
menos do que mede uma régua,
perto de ser um instante,
vem as palavras de mãos dadas
a mudarem de sentido,
onde lia-se lilases anáguas
leia-se pomo de pescoço de vidro...
Cai uma, outra se levanta,
juntas refletem o viver cotidiano,
uma faz o almoço a outra a janta,
uma liberta, outra é irmã de tirano...
Decidiram visitar a casa da poesia,
nos arrabaldes do terreno dos que pensam,
do desconversar da mesma mal elas sabiam,
se aventurarem onde mora a Rainha que Inventa...
Nem reina a geometria, menos ainda a lucidez,
nada se parece ao que parece que veio do nada,
bruta é a língua feroz e mansa da insensatez...
O que escrito foi se apaga depois de lido,
ciência de números que se embute na natureza;
escreve aí: só nasce o poema depois de parido...
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