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ERON
Prólogo
Gabriel Martins de Borba

Eron
Prólogo

Eron acordou repentinamente, espantado e transpi-rando como nunca antes. O rapaz tinha desde muito pequeno algumas sensações intrigantes que ele não conseguia explicar. Tinha déjà vus, conseguia sentir odores de longas distâncias e às vezes parecia que conseguia ouvir os pensamentos de alguns animais. Devido a isso era considerado “louco” por todos do reino.
Mas desde o dia de seu 16º aniversário essas sensações se intensificaram, principalmente enquanto estava dormindo. E nesta fria noite ele teve um sonho muito estranho, onde parecia que tudo aquilo que estava acontecendo não era a simples fantasia de um sonho qualquer, mas sim que estava vivenciando aquele momento, aquele mágico momento.
No sonho o garoto estava num lugar muito escuro, meio cavernoso e cheio de belas árvores floridas, plantas de todos os tipos e animais exóticos, animais estes que há muito tempo não se via no Reino de Vartus, e que Eron só se lembrava e conhecia devido a passar horas e mais horas na gigantesca biblioteca do Castelo de Fogo.
Um dos maiores e únicos prazeres de Eron, além de cavalgar pela floresta enquanto ouvia os sons da natureza, era passar as tardes inteiras enfurnado na biblioteca em cima de enormes livros velhos e empoeirados que ninguém além dele gostava de ler. O menino ficava lendo imensas histórias, novas e antigas e analisando mapas e figuras de uma Era onde tudo era diferente.
Ele era muito grato por poder fazer aquilo, já que fre-quentar o castelo e a sua biblioteca era muito para um garoto bastardo como ele, e muito mais para um bastardo amaldiço-ado, como seu avô e rei Thodor gostava de lembrar pratica-mente todos os dias.
— E sinta-se grato por eu não ter te mandado para a fo-gueira quando te largaram no portão do MEU castelo, e mais ainda por ter te deixado morar aqui. — dissera-lhe alguns dias atrás enquanto recusava a sua presença no Baile de Máscaras. — Você só serve para lembrar-me o quão nojento é seu pai.
     Em seu sonho, Eron estava em uma densa floresta dentro de uma caverna escura como a noite, mas não havia uma lua se quer para clareá-la. Mesmo com toda aquela escu-ridão, ele conseguia enxergar bem devido a alguns pontos de luz que havia por entre rochas e pedras.
O garoto não conseguia reconhecer o lugar, pois nunca ouvira nem havia lido nenhuma história sobre uma floresta dentro de uma caverna. E também não conseguia entender o quê estava fazendo naquele local tão diferente de seu reino.
Mesmo que tudo aquilo soasse esquisito para o garoto, ele achava tão diferente, mas ao mesmo tempo de uma beleza que o despertou muita curiosidade de seguir em frente e descobrir onde estava. E então o garoto seguiu por um estreito caminho entre as árvores.
Havia diferentes tipos de flores por todo o lado, flores estas que exalavam um perfume tão doce que o fazia pensar em sua mãe que nunca havia conhecido e por que motivo seu pai nunca falava dela. Além das belas flores havia pássaros azuis como olhos de sereias cantando em uma melodia per-feita, onde o som deles entrava em harmonia com o som do cair das claras águas de uma cachoeira que Eron não conseguia enxergar, mas que provavelmente estava bem próxima dali.
Ele, muito curioso com tudo aquilo, resolveu continuar andando pela floresta para descobrir onde ele estava. Depois de andar por entre as árvores por algum tempo viu uma forte e intensa luz branca, vindo de trás de algumas árvores. Logo resolveu ver o que podia ser aquilo. Então foi se aproximando calmamente, andando passo por passo sem fazer um barulho sequer.
Quando chegou próximo o suficiente para ver do que se tratava aquela diferente luz, se escondeu atrás de uma árvore e espiou.
O garoto não conseguia acreditar naquilo que estava vendo. Era um lindo e majestoso pavão branco, mas aquele era um pavão diferente, suas penas eram maiores que a de qualquer outro pavão e brilhavam mais do que a Lua em noite de Lua Cheia. Aquele era um Pavão Iluminado, o símbolo dos reis antigos.
O rapaz não entendia nada do que estava acontecendo, ainda mais sabendo de que aquela espécie de pavão tinha sido extinta a mais de 500 anos.
Foi então que ouviu uma voz chamando o seu nome. E por frações de segundos Eron sentiu medo, mas logo em se-guida esse breve medo se tornou em uma forte curiosidade. E então começou a seguir aquela voz misteriosa floresta adentro.
Conforme ele ia avançando naquela linda e escura flo-resta, o som daquela voz ia aumentando, onde a cada passo ele conseguia ouvir melhor aquela doce, misteriosa e suave voz, que agora conseguia identificar como a de uma mulher.
— Tem alguém aí? — perguntou apreensivo enquanto an-dava pela floresta — Quem é você?
Eron não sentia medo, pois aquela voz lhe parecia muito familiar e lhe transmitia calma, como se ele já tivesse ouvido ela em algum momento de sua vida. E aquele lugar já não lhe parecia estranho, era como se ele já tivesse visitado-o alguma vez, como se aquele lugar fizesse parte de sua vida, como sua casa fazia.
Após seguir aquela voz por mais algum tempo, chegou ao local de sua origem.
— O Fogo... — disse a voz, agora em tom de apreensão, como se quisesse dizer algo mais.
O bastardo esperou que ela dissesse algo, mas o som se desvaneceu por entre as árvores, repetindo várias vezes a mesma palavra em um intenso eco até se extinguir.
Foi quando Eron olhou para frente e viu uma árvore, uma árvore diferente de todas as outras que ele já tinha visto em sua vida. Então sentiu uma súbita vontade de tocá-la, como se aquela árvore o chamasse, como se ela estivesse puxando-o para si.
O jovem despertou daquele intenso e estranho sonho no momento em que tocou aquela árvore. Mas aquela não era uma árvore comum como as outras que via todos os dias nos bosques e florestas do reino onde morava. Ele nem mesmo lembrava-se de ter visto ou lido sobre aquela árvore em algum dos livros de tanto lia na biblioteca.
Aquela era uma árvore diferente, uma árvore vermelha como o sangue, vermelha como os seus olhos, mas com galhos e folhas que ardiam em um infinito e brilhante fogo de um tom de verde que ele nunca havia visto em toda a sua vida, um fogo que não havia o queimado quando o tocou.


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Contos ERON Gabriel Martins de Borba


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