Ela era demais para mim. Até eu admitia isso. Sua intensidade, seu modo de amar eram genuínos. Sua capacidade de se entregar sem medo das consequências, era admirável. E eu a invejava, pois nada daquilo fazia sentido.
Sempre fui do tipo de pessoa que não se deixa levar. Ao contrário, aliás, sou como rocha em território perdido. Sou imortal em meio aos mortais. Estagno no tempo. Mudo por osmose e me perco dificilmente. Eu a conheci por acaso e me interessei, também, por obra do acaso. Somos diferentes. Portanto, não convergimos em nada. Por exemplo, ela é doce e eu amargo. Ela é quente e eu frio. Sou corpo enquanto ela é alma. Ela é calmaria em meio à tempestade. Ela talvez seja perfeita, mas eu... A própria imperfeição.
Porém, encostado na cabeceira da cama após uma costumeira noite de sábado, observei-a com atenção. Observei o modo como seu cabelo desprendia do coque desleixado que fizera segundos atrás. Observei o modo como sua silhueta pendia quando colocara seu short jeans. Observei que se encolhera enquanto eu a admirava. Também a observei corar e ficar perdida em meus olhares.
E, naquele instante, eu soube que sua alma era doce demais para as maldades que infligiam o mundo.
Sua alma era pura.
Pura como a água mais límpida. Ah, menina, por que você sorri assim? Nenhum homem é digno desse sorriso de covinhas. Ele é abrasador, além de ter um charme singular.
Notei ela se aproximar timidamente com uma pergunta em seu olhar. E eu sem entender a puxei para os meus braços e tentei ver aquém de nossas diferenças. Aliás, não dizem que os contrários se atraem? Então, me permito relaxar.
Só hoje, quero sua intensidade para mim. Só hoje, quero desfrutar de um pequeno pedaço de seu mundo perfeito. Só hoje, irei me permiti ser volúvel...
Só por você, menina. Só por você.
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