Eu caminhava por uma estrada estreita.
Percebi alguém chegar ao meu lado.
_ Finalmente o encontrei...
Ao levar um susto evitei sair correndo.
_ Outra noite tentei falar contigo...
_ O que deseja comigo?
Fiz a pergunta ao pensamento sentindo arrepio.
_ Mostrar cada um de seus atos...
A resposta era do meu próprio pensamento.
De repente me vi da estrada sendo transportado.
A minha frente surgiram cenas do passado.
Eram fatos que eu havia já muito esquecido.
Surgiu diante de mim a cena de um menino correndo.
O trovão ribombava e caiu um raio ao meu lado.
Eu corria completamente desesperado.
Outros meninos vinham atras dispostos a me pegar.
Correndo eu me assemelhava a um louco fugindo do hospício.
A turba de meninos gritava todos juntos:
_ Vamos pegá-lo e matá-lo...
O suor escorria em meu rosto.
Eles depressa me cercaram.
Deram-me socos e mais socos...
Sem sucesso procurei me defender.
Um ódio intenso penetrou minha alma.
Peguei o braço de um dos meninos.
Consegui torce-lo a ponto de quebrá-lo.
Os outros meninos recuaram em pânico.
O sangue em meu rosto escorria até o pescoço.
O menino do braço quebrado gritava chorando.
Todos os outros meninos olhavam-me com espanto.
Meu rosto suado e em sangue era como de um louco.
No olhar o ódio era um brilho intenso e rubro.
Cada menino recuou e foi embora.
Fiquei ali sozinho sabendo que eu tinha vencido.
Nunca mais iriam mexer comigo.
Sempre que desse fato me lembro
Sinto tudo como se fosse um fantasma ao meu lado.

Obs: Esses fatos aconteceram comigo
quando os colegas me cercavam ao sair da escola.
Eu tinha entre nove a dez anos de idade.

                      ( J C L I S )

Enviado por Jacques Calabia Lisbôa em 03/03/2016
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