Tem dias que acordo sacro
e vou até a igreja
e me penduro nos vitrais
como fazem os caçadores com os animais,
finjo-me anjo e pisco se vejo uma criança,
salto sobre os lustres
e brinco com minhas lembranças,
o sol, meu tesouro, me cobre de amarelo,
a vida ri da morte, que é a sua vingança...
Tem dias que nem acordo
e faço dos meus sonhos minhas terras,
transmuto-me como os mortos,
presencio espíritos,
o telefone desligado,
perto do travesseiro,
sabe que não serei chamado
à vir por estas glebas...
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