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Crônicas de St. Yória
Télamon na Terra dos Desgraçados
A.Henrique SR

Resumo:
Neste episodio, Télamon decide levar Onze de volta a sua família moradora de rua em Gavinus, pois acredita que é a opção “menos pior” para o garoto. Nesse ínterim, um velho rico e misterioso surge fazendo uma proposta, deixando uma boa parte do pagamento em grande quantidade de dinheiro, o que ajudaria Télamon a poder continuar com o menino. No entanto, impaciente e temendo a recusa dele, o velho transforma Onze e Cindy em pequenos brinquedos e os rapta. Agora, Télamon precisa aceitar a “proposta” e viajar para uma dimensão inferior, a Terra dos Desgraçados,e encontrar uma preciosa Chave, capaz de dar acesso a grandes poderes elementais.




Crônicas de St. Yória
Télamon na Terra dos Desgraçados
Por A.Henrique SR

Em certos momentos Télamon tinha plena certeza de que havia caído numa verdadeira enrascada ao aceitar carregar consigo o pequeno Onze e sua cadelinha. Mas o menino o fazia lembrar de sua sofrida e abandonada infância, e isso era uma das poucas coisas que mexiam com ele.
Graças a Cindy, haviam descoberto numa floresta um casebre abandonado e ali se instalaram. Felizmente estavam há poucos quilômetros de grande cidade de St. Yória, e em um dia podia-se ir e voltar com com certa rapidez.
Uma fase lunar passara desde o dia em que acolhera Onze e instalaram-se naquele pobre casebre, cheio de madeiras comidas pelos cupins e outras tantas já apodrecidas. Num pequeno bosque Há poucos quilômetros dali existia um lago, cuja superfície havia sido coberta pelas folhas caídas das árvores. Ainda era cedo da manhã, os primeiro raios de sol surgiam tímidos no horizonte, e Télamon ali meditava enquanto seus parceiros de viagem dormiam.
Analisando o conteúdo de um saco de couro, pensava em voz alta:
-Ainda tenho algum dinheiro para alimentá-los por mais esta semana... Mas e depois? – erguendo os olhos rumo ao céu emoldurado pela copa das árvores ao redor, continuou – E naquela casa não poderemos permanecer por muito tempo, não. Do jeito que está, ameaça ruir se enfrentar mais um temporal. Afff... Onde fui amarrar meu cavalo?! Talvez... Talvez eu deva levá-lo de volta para sua família. Mesmo que não queira, pode ser o melhor para ele. Melhor do que ficar comigo, um “pé-rapado” cheio de condenações nas costas. Em falar nisso... Há quantas anda minha Punição? Como irei me livrar das Reparações se estiver com esse garoto pendurado na barra da minha capa?!
Télamon largou um longo suspiro e fitou o lago. Uma repentina brisa fresca soprou e arrastou todas as folhagens para as bordas, revelando as águas límpidas. Então, algo intrigou-o.
     - Uma ninfa?
Um par de olhos brilhantes o observava de dentro do lago, mas tão logo surgiu, desapareceu.
-Será um sinal? O que devo fazer, donzela das águas? Como percebe, me encontro em mais apuros do que antes. Devolvo o garoto? Eu nem sei por que estou perguntando isso... a resposta é óbvia. Devia estar fora de mim quando considerei ter aquela criança ao me lado. Será que eu havia bebido naquele dia? Ou me droguei e não me recordo ? Aliás... já estou sentindo falta dos “remédios”... Porcaria! Tinha que lembrar disso???
Irritado, golpeou o solo com tamanha força que estremeceu tudo. Há meses vinha tentando libertar-se do vício das drogas e do álcool. Não que se importasse com moral, porém tinha clara consciência que atrapalhava imensamente sua Jornada.
-Se não fosse essas porcarias eu não teria sido derrotado por aquele feiticeiro dos infernos! Maldito seja!
Novamente golpeou o chão, e outra vez, e outra vez... Até que, olhando para as ondulações no lago, retirou toda a roupa e, apesar de frio, deu um salto e mergulhou na água gelada.
Qual uma bola incandescente, esfriou aos poucos. Permaneceu submerso o quanto pôde, em torno de três horas, e quando finalmente esfriara a cabeça, regressou à superfície. Colocou suas vestes maltrapilhas, tendo uma ideia em mente.
     Numa encruzilhada de estradas de chão batido, a meio caminho do bosque onde ficava o casebre, surge uma carruagem púrpura, da qual desce um velho senhor, encurvado, de pele bem enrugada. Duas pessoas mascaradas o acompanhavam, um de cada lado. Todos vestiam preto.
- Télamon, estou certo?
-Quem deseja saber?
- Procuro por alguém capaz de realizar um importante serviço para mim. Pago muito bem. Inclusive dou um belo adiantamento. – um dos mascarados mostra uma maleta cheia de dinheiro.
-Não sou mercenário. – Télamon vira as costas e sai andando.
-Sei que necessita do dinheiro, meu caro. E a missão que tenho para você está a sua altura. Como vê, não posso me aventurar em mais nada. Poderia ao menos ouvir, não?
Télamon engole em seco e suas reflexões de cedo retornam à mente:
-Curioso saber tanto assim de mim. Isso me cheira a feitiçaria e chantagem.
Volta-se ao ancião e ele prossegue:
- Hehehe. Bem, rapaz, preciso que resgate uma Chave para mim. Já ouviu falar nas Pedras do Poder?
-A lenda das bolinhas coloridas que controlam elementos? Ouvi isso na minha infância. Ainda acredita nessas coisas?
-“Bolinhas”? Hahaha! Penso que mudará seu pensamento depois disso...
Do bolso da calça retira algo e mostra na palma da mão uma pedra lisa, oval, cor marrom escuro, com um orifício no centro.
-Uma bolinha colorida, como eu disse. E daí? Olha, eu realmente tenho mais o que fazer... Adeus!
No instante que Télamon pretendia se afastar novamente, a pedra libera uma onda de finos raios e fica maior, precisando das duas mãos do velho para ser amparada.
-Preciso da Chave que abre esta gema. Apenas isso. Como vê, não é uma simples “bolinha colorida”.
- E onde está essa tal chave?
-Na Terra dos Desgraçados. Conhece ?
-Terra dos Desgraçados? Que belo nome. Não me recordo.
-Um lugar em outra dimensão, geralmente reservada aos mortos. Mas posso assegurar sua ida muito bem vivo. Mas claro, vai depender de seu desempenho lá para retornar com vida. E com minha chave.
-O que “sua” chave faz em outra dimensão?
-O que interessa a você é o que estou dizendo. Traga-me a chave e receberá grande recompensa. Aliás, posso te ajudar em muito mais. Sou inimigo pessoal do Xanto, aquele que te rogou inúmeras pragas que logo surtirão efeito.
- Xanto? !O que sabe sobre ele? !Como posso encontrá-lo?!
-Calma, calma. Posso ajudá-lo contra ele. Porém, precisa fazer a primeira parte: trazer minha Chave. E então?
- Te dou a resposta amanhã, nesta mesma encruzilhada, ao entardecer. Agora preciso ir.
-Está bem, posso esperar um pouco mais. Leve isto, como um pequeno motivador! Dê a ele!
O rapaz da maleta a joga aos pés de Télamon e voltam para a carruagem, desaparecendo no horizonte.
Télamon coça o queixo e revisa a maleta.
-É muita grana... Espero que não me arrependa. Se bem que um arrependimento a mais ou a menos não vale grande coisa nessa altura da minha vida.


Ao chegar no casebre, encontra o menino e a cadelinha terminando de comer pedaços de pão:
-Onze, vamos comigo a Gavinus, comprar algumas coisas.
- Tem que ser Gavinus? – questiona enquanto limpa o farelo da boca - Deve haver um vilarejo aqui perto. Não está pensando em me levar de volta, né?!
- Vamos logo, não quero que fiquem sozinhos aqui. E pare de me olhar com essa cara de desconfiado.
-Pode ficar tranquilo que ficaremos bem. Esperamos aqui.
- Onze, vamos sim! Vai querer que eu brigue com você? Ou terei que te carregar no colo igual um nenê? Já pensou, passar vergonha na frente de todo mundo?
-Nem ouse! E também não arredo o pé daqui! – disse cruzando os braços.
-Ah, é? Sabe que eu era igual a você? Teimoso feito uma mula!Vou te esperar lá fora e contarei até três. Se continuar teimando e não vir por bem, venho atrás de ti e te levo no colo!
-É o que vamos ver, seu Télamon!
Télamon segura o riso diante da audácia do garotinho e sai do casebre.
-Um...
Lá dentro Onze tampa os ouvidos e começa a cantarolar:
-Lalalala-lalala-lalala!
-Dois...
-LALALALALA-LALALALA-LALALALA!!!
Télamon estala os dedos e termina a contagem:
-TRÊS!!!
Numa velocidade incrível adentra a casa, pega o garoto e o põe nas costas.
-Me solta! Me solta! Seu brutamonte! Vou te quebrar a pau! Me solta!!!
-Eu avisei. Agora fica quieto, caso contrário vou te dar umas palmadas.
-Me solta! Me solta! Socorrooo! Socorrooo! Cindy! Cindy!
-Aaaaaaaaa!!!- PAF! Télamon acerta o bumbum do menino com um tapinha de leve.
-Vai parar ou não?!
-Afff! Só porque eu quero! Tá, me solta! Eu vou andando!
-Se tentar aprontar...
-Prometo que vou direitinho.
-Hmmm. Te darei só uma chance,hein!
Enfim coloca o menino de volta no chão e os dois seguem o caminho para Gavinus, cidade-estado onde Onze morava com a família adotiva.
Gavinus, Entardecer
Ao chegarem numa das entradas da cidade, na região de fábricas e depósitos, muitas delas abandonadas, sentaram no chão e descansaram um pouco. Em seguida, Télamon disse:
-Onze, preciso que me guie até onde sua família mora.
Cabisbaixo, o pequeno respondeu:
-Eu sabia... Não quer ficar comigo... Mas mesmo que me deixe aqui, fugiremos depois. Cindy e eu!
-Só quero conhecê-los. Preciso ter certeza se realmente é melhor vocês ficarem comigo. Onze, apesar da sua pouca idade, sei que é bem inteligente. Tanto que fugiu e sobreviveram bem os primeiros dias. Mas tem que entender... Sempre fui sozinho, não tenho família nenhuma, nem casa, nem nada. Vivo pra lá e pra cá...E tem outras coisas...
-Tá bom, já entendi. Vem comigo, é perto.
O garoto cortou o assunto, levantou-se sério. Tentava segurar o choro e esfregava os olhos constantemente.
Há poucas quadras dali, num beco qualquer ouviu alguns resmungos, risadas e conversas. Havia uma mulher, aparentemente a única adulta do grupo, morena, cabelos grisalhos, carrancuda e usando um vestido desgastado pelo tempo e de tanto arrastar pelas ruas da cidade em busca de comida em lixeiras. Ao ver o garoto, encheu-se de ira e esbravejou:
-Eu não acredito que voltou!!! E ainda com mais um maltrapilho!!! Nem pensar!!! XÔ!!! Os dois!!! Xô!!!
-Calma, minha senhora, eu encontrei Onze perdido numa floresta e resolvi trazê-lo de volta.
-Por mim pode devolver pra floresta, ele e essa cadela, tem muita gente aqui e daqui a pouco chega meu marido bêbado pra encher o saco!!!
Télamon ouvia os esbravejos da senhora e analisava o local. Era um beco sem saída, coberto por uma lona, abrigando a mulher e algumas crianças e adolescentes. Duas moças estavam grávidas, notável pela enorme protuberância que ambas carregavam.
-Ah, que bom! Vai-te embora! É a coisa mais sensata que faz!
Télamon voltou a si e pensou que falava com ele, mas era com Onze, cuja silhueta desaparecia rumo ao centro comercial da cidade, virando uma rua qualquer.
-Onze! Onze!
Sem mais, deixou a mulher resmungando sozinha e correu atrás do menino.
Era horário de pico, e na área comercial as pessoas apressavam-se a afim de pegar suas respectivas linhas de trem e regressarem a suas casas. Onze e Cindy esquivavam-se para não serem pisoteados ou atropelados, mas ora lhes golpeavam com cotovelo ou os empurravam sem dó nem piedade.
-Bem, Cindy, vamos embora deste lugar horroroso, bem longe dessa gente ruim e do Télamon também! Vamos viver sozinhos e seremos felizes assim mesmo! - Cindy respondeu com um latido e assim seguiram por entre a multidão estressada, rumo a qualquer lugar fora daquela cidade.
Logo a noite caiu e os pequenos ainda caminhavam pela cidade. Algumas lojas e restaurantes estavam abertos e cheios de clientes.
-Bah, estou com fome, Cindy.
-Au!Au!
-Você também? Hihihi. Quem sabe alguém nos dá algo para comer?Fica aqui e eu já volto.
Onze deixou sua cachorrinha numa esquina e atravessou a avenida. Na primeira lancheria ao alcance, aproximou-se de um casal e perguntou:
- Com licença, eu e minha cachorrinha estamos com muita fome, poderiam nos dar algo para comer?
-Onde estão seus pais, garoto? – pergunta o homem.
-Sou apenas eu e minha cadelinha, a Cindy. Ela está me esperando lá, olha. – e aponta para o outro lado da rua.
-Claro, sente-se conosco e peça o que quiser,menino. – disse a mulher.
-Sério??? Posso chamar minha amiga também?
-Ah, mas aí o dono do bar vai reclamar. – disse o homem, com uma careta.
-Se ele reclamar eu falo com ele. Ora, não pode abrir uma exceção?! Pode chamá-la, sim. – protestou a mulher.
Contente, Onze faz um sinal e Cindy atravessa a rua e juntos com o casal jantam como nunca antes.
-Ufa, finalmente os encontrei! Ora... Hahaha! Ele realmente sabe se virar sozinho! – disse Télamon ao vê-los de longe .

Minutos depois, Onze e sua cachorrinha se afastarem da lancheria e continuaram sua caminhada. As ruas já estavam praticamente vazias, era alta hora da noite.
-Hora de dormir, então, né, Ci? Precisamos arrumar um esconderijo. – disse o menino esfregando os olhos devido ao sono.
-Ei, psiu! – uma voz masculina surgiu de repente – Eu sei onde vocês podem dormir sossegados. Venham comigo!
-Hã? – Onze olhou ao redor – Télamon? Quem está aí?
-Aqui, menino, aqui! Siga-me! Siga-me!
Um vulto desaparece na esquina e eles vão atrás.
-Onze! Onze! Espere! Estou aqui!!! Cindy!!! – Télamon corre atrás deles, porém entram noutra avenida. – Droga! Quem será aquela pessoa?!
Télamon depara-se com um enorma enorme figura sombria, cuja identidade escondia-se sob um capuz e longa capa negra esvoaçante. Sua voz, cavernosa , disse em tom zombeteiro:
- Não me deu muita escolha, jovem transgressor! Detesto esperar! Agora tenho certeza de que aceitará minha proposta!
-Onde estão eles??? Onde??? – Télamon prontamente saca sua adaga de prata brilhante.
-Aqui! – a criatura estende suas garras e abre seus longos dedos, revelando dois bonequinhos que lembravam muito bem o garotinho e a cachorrinha. – Isso é para saber que ainda posso realizar alguns truques! Reencontro-te na mesma encruzilhada, ao entardecer, e então lhe darei as instruções. Após cumprir sua parte, os devolverei a salvo!
E sem mais demora, dissolve-se em fumaça negra.
Télamon solta um urro e destrói o chão de concreto com um golpe de espada.






          

No dia seguinte, horas antes do combinado Télamon dirigiu-se àquela mesma encruzilhada, onde encontra um pequeno baú de madeira talhada, com seu nome inscrito na parte superior. Imediatamente o abre e descobre um colar de pedras brancas e uma folha de papel contendo as instruções de que necessitará em sua procura pela Chave:
“Hahaha, pensava que eu iria lhe esperar pessoalmente, não é? Mas para quê, se posso te mandar uma mensagem? Enfim, siga a estrada sul, ultrapasse o vilarejo das Aroeiras e alcance o Monte das Torres. Lá por entre os montes existe um santuário em ruínas, e dentro delas o Pórtico dos Mundos. O Pórtico vai te transportar para o lugar certo quando um corvo pousar sobre ele. Não passe sem que seja essa a condição, caso contrário você irá para qualquer outra dimensão e nunca mais voltará. Esse colar de pedras brancas irá manter seu corpo protegido da densidade energética da Terra dos Desgraçados, porém se for derrotado em batalha, perecerá sem esperanças. Quando regressar, lhe encontrarei pessoalmente e levarei seus pequenos “bonecos” hehehe.”
-Velho esperto! – esbraveja Télamon, golpeando o solo com seus punhos.
Não havendo tempo a perder, ele seguiu as coordenadas e partiu, chegando aos Montes das Torres ao amanhecer. O local recebia esse nome por causa das altas formações cônicas de pedra que pontilhavam os morros cobertos de floresta. Algo chamou sua atenção, uma das torres libera um fino brilho ao lhe ultrapassar, porém nada além ocorre. Cauteloso continuou.
Télamon seguiu por uma suave trilha sinuosa em meio ao matagal e apenas parou quando desembocou num imenso terreno plano, onde comportava as ruínas do tal santuário. Colunas destruídas espalhavam-se pelo piso misteriosamente polido e toda a estrutura era colorida de diversos tons claros de verde e amarelo.
-Lá está! – Télamon enxerga o pórtico, um simples arco de pedra cinzenta, cujo aspecto pouco lhe distinguia do resto das ruínas, senão fosse sua particularidade: tele-transportava-se de um canto a outro após permanecer por dois minutos e certo ponto. – Agora só preciso esperar um corvo pousar a bunda nessa coisa! Que legal!
Desprovido de alternativas cruzou os braços e aguardou resmungando. Foi então que as torres começaram a brilhar sem interrupção e a produzir um zumbido grave. Télamon sacou sua adaga e subitamente foi arremessado para o outro lado das ruínas, a chocar-se contra os destroços. Com rapidez ergueu-se para enfrentar um monstro alado, semelhante a um rinoceronte, porém munido de longas e potentes asas de bronze, além de chicotes a brotar de suas costas.
- Nem pense em querer atravessar o portal! Eu sou a guardiã deste local não permitirei que profane este santuário sagrado! – disse uma resoluta voz feminina, surgindo da parte mais alta do terreno, da floresta negra.
-Santuário sagrado?! Estes pedregulhos?! Há! Faz-me rir! – Télamon saltou e evitou ser atropelado pela fera insana.
-Debochado e desrespeitoso, terá seu castigo! Haaa!!! – ela arremessa um objeto fino e dourado no ar e intriga Télamon. Ele pensou em dizer alguma palavra zombeteira, mas imediatamente a pequena agulha tornou-se uma lança dourada que lhe atingiu como um ofuscante relâmpago dourado. Télamon recebe uma tremenda descarga elétrica e cai todo molenga no chão. A fera avança contra ele, dá um pulo e pretende esmaga-lo com suas patas destruidoras.
-Não tão rápidooo!!!- ele aciona sua espada e num lampejo descarrega um potente raio rubro, criando a ilusão de uma grande lâmina a perfeitamente partir a criatura ao meio, cada parte da carcaça despencando de um lado a outro.
-Hmmm, realmente não pertence a raça comum de mortais! Pois bem, vou tornar as coisas mais difíceis!
Télamon levantou com certa dificuldade e viu a mulher começar a levitar erguendo os braços:
-Espíritos das Torres Sagradas, deem-me seu poder para que eu seja o Escudo do Santuário!!!
As Torres responderam a evocação e brilharam mais intensamente, emitindo grande calor e luz. Télamon protegeu os olhos parcialmente com a capa, porém foi paralisado e a preocupação fez-se sentir. Algo energeticamente pesado e quente se reunia acima de sua cabeça e não podia mexer um dedo sequer. Então, ouviu alguns resmungos da mulher e de mais alguém e toda aquela energia se dissolveu com rapidez, e seus movimentos restabelecidos.
- Saia daí, Kalímachos!!!- a mulher esbravejou para um garoto que corria empunhando um pedaço de pau na direção de Telamon. Este vê a oportunidade e prende a criança entre os braços.
-Ah, então fui salvo por um pentelho! Hahaha! Que irônico!
-Me solta!Me solta! Vou matá-lo! Deixe minha mãe em paz!!! – a criança esperneava e xingava Télamon, mas ela tinha algo distinto, uma força além do normal para um humano.
-Solte-o!!! – gritou a Guardiã.
Antes de responder qualquer coisa, o corvo surge voando e pousa sobre o Pórtico, que se finca num dos destroços do santuário, talvez um coluna.
-O soltarei sim, quando eu atravessar o portal. Tenho certeza de que não vai me atrapalhar dessa vez.
Ele corre com a criança pendurada nos braços e a solta de qualquer jeito ao ultrapassar o portal, desaparecendo de vista.
Contrariada e furiosa, a mulher puxa a criança pelas orelhas e sai com ela berrando.
-Não, mãe! Não, mãe!
-Eu já disse para ficar em casa quando eu sair em missão!!! Vai apanhar quando chegar em casa!!!
E arrasta o filho floresta adentro.
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Noutra dimensão, Télamon espatifa-se no chão arenoso, a tempo de proteger o rosto amenizando a queda com os braços. Levanta lentamente, espanando a terra da roupa. Percorreu o local com os olhos e torceu o nariz: a sua frente estendia-se uma estrada sem fim de chão batido, a cortar um imenso mar leitoso, branco, monótono, cheirando a cera de vela e fumaça de ervas alucinógena reconhecidas por ele. Ainda, pelas margens cresciam arbustos e árvores espinhosas.
-Será aqui?
Virou-se para trás e se deparou com um paredão imensurável, cinzento, com uma passagem no alto, aparentemente impossível de ser alcançada com um salto.
-Depois terei que dar um jeito de passar por lá. Aff...
Sem mais demora, pôs-se a caminhar por aquela paisagem morta e enjoativa. Logo em seguida, cerrou os olhos para enxergar um estranho movimento a quase um quilometro dele. Eram pessoas. E na medida em que se aproximava dela, percebia que eram milhares em estado lamentável, sendo a esmagadora maioria homens maltrapilhos, cuja identidade era quase impossível discernir. Fediam a carne podre, e de fato havia muitos em estado de putrefação, porém ainda se movimentado. Eles gemiam, rastejavam, mal conseguiam manter-se de pé. Alguns comiam ervas coloridas que cresciam pelas margens, outros lambiam a terra, em certos pontos revelando-se um pó branco. Acima deles, voavam criaturas semelhantes a diabretes, numerosos e irritantes como moscas; portavam chicotes, lanças, pedaços de pau. Eles riam e resmungavam entre si, mostrando suas bocarras cheias de dentes. Pareciam se divertir cutucando os moribundos, empurrando-os no mar, mordendo, puxando-lhes as pernas.
Télamon sacou sua adaga e se preparou caso aquelas criaturas ousassem desafiá-lo, pois começavam a notá-lo ali. Por outro lado, os moribundos não lhe davam qualquer atenção.
-Terei que atravessar esse amontoado... Droga! – para abrir caminho, empurrava-os com os pés, sem dó nem piedade. – Espero que a tal chave não esteja por aqui... Ei, alguém me ouve? Respondam!
-É inútil tentar interagir com eles. Não possuem o mínimo de inteligência, vivem pelo hábito, pior que animais. – respondeu um ser distinto que apareceu flutuando. Era humanoide, quase um esqueleto, alado, porém o rosto também era desfigurado. Tinha a fala calma e clara. Seus braços eram longos, as mãos eram na altura dos calcanhares.
-Quem é... O que é você?! É diferente deles... É algum chefe local?
- Me chamo Silas. Realmente sou de um tipo superior, mas não sou nenhum chefe, não. Eles são os “Desgraçados”, aqueles que dão nome a este mundo: Terra dos Desgraçados.
-É um tipo de inferno, pelo que posso ver...
-Talvez. Para cá vem as almas daqueles que destruíram vidas por causa de seus vícios... Alcoólatras, drogados e etc. Agora, você não é um morto. Como chegou? O que quer neste lugar?
-É assunto meu.
-Hmmm. Entendo... Está certo, vou deixá-lo em paz. Adeus, mortal.
A criatura bateu suas asas e voou para longe, desaparecendo no horizonte. Télamon seguiu-o com o olhar e depois fitou os moribundos à volta:
-Aqui será minha casa depois que eu morrer, então? Afff... Nem na morte terei sossego.
Ele seguiu o caminho repleto de almas degradadas e diabretes voadores que zumbiam ao seu redor, buscando conhecer o visitante. Nenhum se metia a besta de desafiá-lo, mas se aproximavam para sentir o cheiro da poderosa energia vital emanada dele.
De repente, Télamon paralisou diante de um dos moradores daquela dimensão. O outro, por sua vez, enrijeceu ao ver o rapaz, parecendo reconhecê-lo.
-Você aqui?! – Télamon ficou abismado. Nunca imaginou reencontrar tal pessoal em vida, muito menos na morte.
O homem, já em idade avançada, apresentava marcas de queimaduras profundas no rosto. Quanto mais recobrava a memória, tentava sobressair-se naquela massa de corpos putrefatos. Ele abria a boca com grande esforço, porém nenhuma palavra emitia.
-Tantos anos se passaram, hein! E vejo que as marcas daquela noite permanecem bem vivas em seu rosto... E agora, eu, mais forte do que aquela criança inofensiva do passado, diante do meu maior inimigo... Aquele que deu início a todas as minhas desgraças!
Os dedos de Télamon fecharam-se nas mãos, como se apertassem o pescoço do velho.
-Para estar aqui, então... Ah, sim... Explica muito de suas atitudes... Bêbado incorrigível e provavelmente usuário de outras substâncias... Bem me lembro de seus sumiços durante vários dias enquanto eu passava fome, sozinho em casa. Em pensar que poderia exterminar de vez com sua existência miserável num só movimento...
Ele empunhou a adaga e apertou a ponta afiada na pele do velho. Este apenas ouvia sem maiores reações, talvez se entregando voluntariamente à lâmina de angústia do filho.
Contudo, Télamon recuou e deixou-o tombar no chão empoeirado. O velho se reergueu e levantou os braços, querendo toca-lo.
-Acha que vou permitir que encoste suas patas imundas em mim??? Só não te destruo agora mesmo porque tenho assuntos mil vezes mais importantes do que lidar com você. Tomara que passe milênios neste inferno e seja devorado pelos demônios!!!
Os olhos de Télamon estavam vermelhos, arregalados e cheios d´água. Desejava com todas as suas forças acabar de vez com aquele miserável, mas a imagem de Onze surgia na sua mente, pedindo-lhe ajuda. Enfim, num movimento brusco retirou-se dali, empurrando com violência todos que estavam no seu caminho.
Télamon vira numa rara curva e a paisagem muda drasticamente. Uma imensa região de vales rochosos e cinzentos e estreitos, cheios de trilhas e becos sem saída.
-Esses vales não eram visíveis antes! Deve ser um labirinto. Como vou encontrar a tal...
-Ora, ora, quem vejo por aqui. – Silas ressurge, baixando calmamente dos céus.
-Você outra vez?!
-Posso lhe ser útil, rapaz.
-E por que me ajudaria?
-É o seguinte: qualquer um destes caminhos te levará à ruína. Vários deles te conduzirão ao grande Arcanjo, o rei desta dimensão e irá te exterminar em segundos. E você pode ser minha porta de saída deste mundo. Eu te ajudo no que precisa, e no final resolvemos numa batalha. Se eu vencer, toda sua energia vital é minha, caso contrário, terá o que busca e volta de onde veio.
Télamon fechou o cenho, estranhando a cordialidade de Silas e sua proposta. Porém, não possuía muitas alternativas.
-Está bem, Silas, irei pagar para ver! Estou à procura de uma Chave que caiu neste mundo. Nunca a vi antes, mas creio que tenha alguma característica especial.
-Claro, claro. Eu me recordo de algo brilhante cruzando os céus e caindo direto na alcova do Arcanjo. Só que não me atrevi a segui-la, escolhi salvaguardar-me. Vou levá-lo até lá e prepare-se para sobreviver.
Juntos adentraram num dos vales, tendo Silas como guia. Não que Télamon confiasse plenamente nele, mas precisava sair dali logo e salvar Onze.
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Eles desembocaram uma extensa planície coberta de cinzas, com algumas montanhas ao fundo, nos confins. Bem no centro havia uma árvore colossal, seus galhos pareciam tocar o céu. Ela se balançava levemente, como soprada por uma brisa. Suas raízes gigantes erguiam-se da terra, semelhantes a serpentes agitadas. O tronco era composto de restos humanos mais ou menos visíveis, como inúmeros rostos e ossos. Sangue e outros fluídos escorriam e empapavam o solo. Gritos de horror ecoavam por todos os lados.
- Isso é o Arcanjo?!
-Parte dele.
-E então onde acha que está a chave?
Eles observam atentamente o local e avistam um ponto brilhante do outro lado.
-Lá está! – apontou Télamon.
-Vamos juntos e apenas defenda-se contra os ataques que virão. Não tente enfrentar o Arcanjo diretamente. Com toda certeza ele enviará os Anjos, aqueles “guardinhas” de meia pataca que você encontrou o início da Terra Dos Desgraçados.
-Ok! Estou pronto.
Télamon desembainha a adaga e a transforma na espada longa. Silas abre suas asas e potencializa suas garras, que crescem em tamanho e se tornam duras e afiadas como aço. Preparados avançam em alta velocidade. Ao se aproximarem da Arvore, são agredidos pelas violentas raízes. Elas tentam esmagá-los a todo custo, e ao atingir o solo levantam grandes porções de terra e rochas. A Arvore solta um urro ensurdecedor e agita-se estremecendo tudo e logo surge uma nuvem de Anjos, zumbindo como abelhas prontas para dar ferroadas. Télamon usa sua espada e veloz parte ao meio as criaturas que metem em seu caminho. Silas captura alguns deles com suas imensas garras e estraçalha-os.
Eles continuam avançando e cruzam a Arvore. Télamon olha para trás e estremece com a visão do Arcanjo, uma horrenda criatura, uma mulher de tamanho idêntico ao da Arvore, amarrada pelas mãos nos galhos mais altos. Seu corpo fundia-se pelos joelhos com a estrutura. Sua cabeleira era composta de centenas de serpentes que brigavam entre si; na face apenas um olho saltado e agitado, na altura do estomago abria-se uma bocarra cheia de dentes afiados, salivando sem parar um veneno mortal.
-Que coisa mais tenebrosa! – gritou Télamon enquanto nocauteava inúmeros Anjos.
-É, o deixa ouvir isso! Hehehe!
A dupla é surpreendida por um poderoso tremor sob seus pés e mãos gigantes de pedra brotam do solo para agarra-los. Eles esquivam e por pouco são capturados. Finalmente Silas pega o item radiante, aparentemente uma chave comum, se não fosse o brilho.
-Peguei!
- Me dê!
-Primeiro vamos sair daqui antes que nos devorem!
Télamon mal teve tempo de discutir, é açoitado por uma das raízes e lançado longe. Silas segura firme a chave e vai embora dali.
-Maldito! – Télamon ergue-se com dificuldade e é atacado pelos Anjos que lhe agridem a paus e pedras. – Infelizes, vou lhes mostrar do que sou capaz!!! Espada do Imperador!!!
Télamon toma distancia e desenha inúmeros círculos rubros ao redor, barrando a aproximação das criaturas. Protegido, traça linhas retas enquanto profere em alto e bom som:
-Imperador Vermelho-sangue, lance sua ira contra seus oponentes!
Uma enorme figura translucida surge sobre Télamon, um fantasma vestido com uma armadura rubra cintilante e dono de uma espada gigante, cujo cabo é ornado com dois chifres. Com um urro, ergue e desce com violência sua lâmina, liberando uma onda de energia destruidora composta de milhares de sabres de ouro. A devastação desintegra os Anjos, parte das raízes, as mãos de pedra e causa danos no Arcanjo, fazendo a Arvore envergar levemente para trás. Aproveitando Télamon recobra suas forças e foge.
Em meio aos vales de pedra, senta e recosta-se para descansar. Seu corpo doía por causa do golpe da raiz e sentia-se super exausto.
-Uau! Nunca gastei tanta energia como hoje... Sempre enfrentei oponentes mortais e fracos. E para onde foi aquele patife mequetrefe?!
Télamon junta forças para se levantar e se apoia na parede.
-Não há tempo para descanso. Preciso encontra-lo.
Decidido, segue se arrastando pelas trilhas estreitas e escuras, buscando recordar o caminho que usara para chegar até ali.
-Que demora, hein! Estava ficando entediado aqui! – disse Silas quando Télamon alcançou-o.
-Onde está a chave, seu fujão?!
-Esta? – Silas estende a grande mão ossuda e mostra o item brilhante. – Pois bem, agora é hora em que nós dois temos uma pequena conversa. Hehehe.
-Claro, conforme o combinado. É bom saber que você tem um pingo de compromisso. Hahaha! – Télamon brandiu a espada.
-Serei breve, não se preocupe. Devorarei sua alma e ainda me aposso deste interessante objeto.
-Quanta confiança. Tem boa alta estima, hein.
-Hahaha! – com suas garras Silas abre seu peito cadavérico e põe dentro a chave e alça voo na direção de Télamon, que finca os pés no solo e defende-se com a lâmina, endurecendo seu corpo como uma montanha. – Pensei que a luta contra o Arcanjo tivesse esgotado suas forças!
-Era isso que queria, não é? Deixar-me fraco para acabar comigo sem muito esforço! Hahaha! – Télamon suspende a defesa, recua alguns passos e desfere um golpe de espada a arder como as chamas de um vulcão. O peito de Silas fere e queima com profundidade, arrancando-lhe urro de dor. No entanto, Télamon cai de joelhos, tendo sua visão de súbito turvada. – O que está havendo?!
Ele apoia-se na espada e se esforça para se reerguer.
Silas voa para o alto e gira incontáveis vezes, desenhando um grande círculo no céu:
-Essa é minha chance! Obliteração!!!
Do centro do círculo precipita-se uma torrente de energia negra semelhante a um raio interminável sobre Télamon. Ele grita ao receber a descarga elétrica, seu corpo treme violentamente. O raio vai abrindo uma imensa cratera sob seus pés, fazendo saltar milhares de pedregulhos e levantar uma enorme nuvem de poeira em todas as direções.
Findando o espetáculo de horror, Silas desaba de bruços sobre os destroços, completamente sem forças. Após o barulhento ataque, impera o silencio. Ele não enxerga Télamon, talvez tenha o reduzido ao que pretendia: a uma semente energética capaz de ser absorvida.
-Hehehe... Consegui... Enfim poderei me libertar desta prisão desgraçada...
Silas força os braços para levantar o resto do corpo, quando sente uma lâmina cheia de dentes ardidos ser enterrada em suas costas, atravessando-o o tórax até alcançar o chão acabado.
Ele tenta virar o pescoço e vê Télamon aos trapos sobre si, fincando a espada.
-Não foi dessa vez, Silas. Quem sairá daqui serei eu!
-Ugh...Ugh...Ugh... – Silas perde a visão e seu corpo pesa e tomba.
Télamon arranca a lâmina e cai sentado.
O adversário perdedor vai perdendo sua materialidade e torna-se uma fumaça negra. A adaga de Télamon brilha e puxa para si a densa fumaça, absorvendo-lhe. Porém, resta algo semelhante a uma folha escura, que uma súbita brisa carrega para o mar de cera.
-Acho que chega por hoje. – diz e pega a Chave.
A absorção da alma de Silas o revigora parcialmente, dando-lhe energia o bastante para regressar. Ele atravessa outra vez a massa de corpos putrefatos, escala o paredão cinzento e é engolido pelo portal.
Horas depois, sob a noite do céu estrelado...
-Aqui está sua maldita chave! Mas primeiro liberte as crianças!
O velho ladeado por seus dois capangas mascarados fuma um charuto e solta uma baforada no ar:
-Não fale assim, meu rapaz. Esta missão lhe foi muito útil, apesar de tudo. Não tenho tempo para birras, você cumpriu sua parte e eu a minha. Melhor cultivar amizades.
Um dos criados caminha na direção de Télamon e lança aos seus pés uma maleta preta.
-Eles estão aí dentro. – diz o velho.
Télamon abre e encara grande quantidade de dinheiro e dois bonequinhos idênticos a Onze e Cindy.
-Como eles voltam ao normal?!
-Entregue a chave ao meu serviçal e eles terão a forma original restabelecida. Ande logo, não sou do tipo de vilão “Zé ruela” que não cumpre acordos. Bem, estou indo.
Tranquilo o velho entra na carruagem. Télamon entrega o maldito objeto nas mãos do criado, que se se afasta. Imediatamente os bonequinhos estouram e surgem Onze e sua cachorrinha.
-Até mais, Télamon! Creio que ainda seremos grandes amigos! Hehehe!!! – diz o velho da janela do veículo, antes de sumirem no horizonte.
-Vocês estão bem?! Eles te machucaram?! – Télamon avança sobre o garoto e o envolve num abraço tão forte e espontâneo que quase o sufoca. - Foi tudo culpa minha, mas juro que não nunca vou abandona-los!
-Cof!Cof! Espera! Que isso?! Não consigo respirar!!!
-Opa, desculpa! Eu realmente fiquei preocupado!- Telamon o solta e o observa com cara de bobo. Nunca havia se emocionado assim antes. Cindy late contente e pula em torno deles.
-Tudo bem, eu te perdoo. Você foi um idiota, todos agem assim algum dia. Mas como Cindy e eu somos de uma raça superior, vamos perdoa-lo desta vez. Mas se houver uma próxima, será devidamente castigado! – diz Onze de braços cruzados e de peito estufado.
Télamon não consegue segurar o riso e apenas concorda.
Juntos, então retornam para seu casebre caindo aos pedaços, mas somente por esta noite. Agora, Télamon tinha tudo o que precisava para acolher o menino e sua fiel companheira. Uma estrada de esperança se abria e iluminava as trevas que havia fincado raízes em seu coração por tantos anos. Até mesmo as amarguradas lembranças de seu passado com seu pai perdiam a força diante do novo futuro que parecia se apresentar.
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-Ele está progredindo. Foi uma jogada de mestre colocar essa criança em seu caminho. – duas pessoas cobertas de armadura o observavam através de uma imensa tela.
-Logo, logo ele estará pronto para voltar. Depois que expiar todos os seus crimes, regressará e nos será realmente útil.
-E se ele se tornar forte demais?
-Não se preocupe. Vou lhe contar um segredo...
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Outros títulos do mesmo autor

Crônicas Crônicas de St. Yória A.Henrique SR
Contos "Uma Deusa e eu" A.Henrique SR


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