O rio doce
Por muito tempo ele teve esse nome
Até que algum cruel bicho homem
Matou para sempre sua beleza
Assassinando uma jóia da natureza
Nem mesmo depois de sua morte
O culpado sofreu qualquer corte
Continua impune em sua sorte
Enquanto o rio morto pro oceano
Escorre...
Lá vai o resto de esperança
E o brado do povo um dia forte
Também escorre...
Prá longe, pro fundo, pra onde?
Ninguém tem a resposta
Talvez alhures em outra costa.
O tempo escorre...
O rio morto tudo sepultou
As vidas, sonhos, lembranças, memórias
Triste final de história
E o povo? Jaz sem memória.
O vento empurra
As lembranças do rio que era doce
E fatalmente acabou-se
O tempo desnuda
As lembranças do povo adormecido
Num passado de lama tão perdido.
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