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Eu sou o pecado
Rodrigo Massi

Não é para que ninguém entenda
Hoje eu me sentei perto da porta, de frente para a janela
Apaguei todas as luzes e acendi uma única vela
Concentrei-me em mim mesmo
Estou tentando tateando pelas minhas memorias
Procurando por palavras, eu sei que estou só
Só eu e minha sombra insistente em dançar, envolta da luz
Todo o barulho que se arrasta pela casa é das minhas botas
Eu gostaria de me lembrar, eu queria tanto conseguir
Ir pra algum lugar e não olhar para traz
Às vezes é preciso arrancar a alma de alguém, para sufocar os meus tantos pecados
Gulosos e lascivos, demônios famintos
Que como monstros me devoram por dentro
Eu e só eu, quero tanto fazer estar dor parar
Mais não há redenção, para quem se tornou o próprio pecado
Hoje eu sei quem sou, mais não me lembro de ontem
Do nome que um dia me deram e do homem que eu fui
Mais eu sei, sei sim que agora o fim será só um começo doloroso
A fúria será uma lembrança feliz perto dos meus pesadelos
Os quais farei chover, como tempestades noturnas
Sobre todos os que ainda tiverem alma
Seus corpos vão formigar e por fim arder em meu ódio
Não serei eu, a morte a vagar pela terra
Mais serei eu, a fazer que vocês implorem por ela
Foi-me dado como herança divina o cajado do desespero
O anel da aflição e eu mesmo me tornei o devorador
O consumidor de toda esperança, de toda fé
Serei visto em sonhos, como aquele que se embebeda, do pouco amor que lhes resta
E cavalga em um sombrio cavalo de almas
Eu serei o rei, o seu rei, durante séculos eu serei
Tomarei os tronos, estriparei os reis e me coroarei como o derradeiro
Meus maus caminhos serão seguidos, trilhados afincos
Eu serei desejado, amado, consumido pelos milhares, tragado irrefreavelmente
Serei a fome incontrolável dentro da humanidade
Um oceano interminável de desespero, eu serei o vosso rei
Eu sou o grande o inigualável
Eu sou o próprio pecado a lasciva humana
O câncer da fé, a podridão na esperança
Serei lembrado, eternizado, por que tudo e todos precisam de mim
Querem-me, me desejam, eu me tornei
Eu sou o pecado, a voracidade descontrolada do desejo humano
Não se engane, não traia a si mesmo, eu não sou um anjo e nem um dia eu o fui
Somos iguais, somos todos os mesmos, do mesmo primeiro pedaço de barro
Fui um homem, agora sou um rei
E como um, eu saberei reconhecer a outro e ao único
Ajoelhar-me-ei diante deste e a ele reverenciarei
E neste dia, a toga do acusador repousara sobre meus ombros
Dai a Cesar o que é de Cesar, o de Deus a Deus
E o resto deixe que nos gladiemos
Como bestas selvagens, destroçaremos e nos fartaremos pela eternidade.


Biografia:
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Poesias Deixe me ver o céu Rodrigo Massi
Poesias Eu sou o pecado Rodrigo Massi


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