Vim morrer em casa

Fui mineiro a vida toda………….Depois de trabalhar quase trinta anos na Africa do Sul tive que regressar a casa……Moçambique…….. depois de tantos anos sem cá voltar……agora tenho que voltar para um lar que um dia abandonei porque minha esposa so gerou filhos deficientes…….. abandonei os porque sempre a culpei por isso (os espiritos da famila dela) so depois de tantos anos descobri que ela não teve culpa e sofreu tanto quanto eu ou mais……… quando percebi ja era tarde já era tarde já os tinha abandonado……..hoje preciso de um lar para passer os meus ultimos dias de vida…….. cada curva que o carro fazia meu coração se aperta…… o medo de encontrar o meu passado me assombrava…… a minha consciência pergunta porque volto…… repondo para mi mesmo ….. volto porque sou o homem da casa…….depois me lembro que que eu mesmo renuncie esse posto quando fui embora…….
Era diferente tudo tinha mudado nada era como há trinta anos atrás……. Quanto mais me aproximava percebia que não pertencia aquele lugar….tive vontade de ir para outro lugar lugar lembrei que não tinha mais para onde ir…….. procurei no fundo das minhas lembranças, como estaria a minha Marieta….. lembrei que ela deixou de ser minha quando sai daquela casa de Madeira e zinco a trinta anos sem olhar para traz, depois de a ter acusado de ter se deitado com outro homem e ter concebido os trigémeos….. que aos 2 anos não conheciam o toque do pai………. Procurei lembrar-me do rosto dos três……ai percebi que o tempo tinha matado com a minha ajudo as lembranças que tinha deles.
Voltei a perguntar-me porque volto?
Nesse momento lagrimas ja corriam no meu rosto castigado pela tuberculose…….. derepente o motorista grinta …… Buti (mano) António ufiquile kaia…. Estremeci…..meu coração parou de bater por alguns minutes………não tinha alternativa tive que descer e retirar minhas trouxas que se resumiam em um mala que mal feicha, um saco de batatas, um saco de Cebola, e um cartão de ovos.
Na meia escondia os os 1750 rands que era a pequena parte que sobrou da grande indemnização que recebi………Aos poucos o carro se afastou e me vi sozinho no portão de uma enorme e bela casa……não sei ao certo quanto tempo fiquei ali sem saber o que fazer…… ate que o cansaço me venceu ao abrir o portão oiço uma voz que me fez estremecer………..Pensei que fosse fantasma , mas quando abriste o portão percebi que fantasmas de verdade não abrem portas…….


(Continua)
Suzana Matilde Gaudêncio Zandamela

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