Epidemia social, a cura é a educação
Nem toda cultura deve ser imortalizada, certos atos culturais devem ser repensados e excluídos da sociedade, por exemplo, o ato de mutilar mulheres africanas, cortando-lhes o clitóris para que elas não sintam prazer sexual, além de uma crueldade, uma irracionalidade, pois é sabido que as mulheres não sentem prazer somente nessa região, se bem que depois de uma violência dessas, dificilmente sentirá. No Brasil, não há mutilação ginecológicas em sua lista de tradição, mas há a desconfiguração do caráter ao se cultivar certos hábitos ilícitos ou no mínimo imorais ao aceitarmos como normal certas atitudes praticados por nós. É o famoso jeitinho brasileiro, termo que caracteriza a personalidade do povo tupiniquim.
São atitudes diversas que se encaixam nessa tradição, entre elas, furar a filas disfarçadamente, ou não, já que muitos se orgulham de serem “cultos”, comprar CD, DVD, calça jeans, tênis, perfume, tudo o quanto há de produto pirata, e sair contando vantagem, o pior é nos orgulhamos de sermos assim, só que não deveríamos, pois no instante em que nos associamos ao crime, somos cúmplices dele, não nos sentimos com moral suficiente para cobrar atitudes honestas, pois a desonestidade está em nosso DNA.
Prova disso é que quando ouvimos falar de políticos se corrompem, é comum ouvirmos certos comentários do tipo: “Se roubasse, mais ainda trabalhasse, eu não diria nada não” ou ainda: “Se eu estivesse no lugar dele, eu faria a mesma coisa”. Ser político no país virou sinônimo de malandragem, aliás o malandro é outro personagem de nosso folclore, ou seja, o cara que chega de mansinho e acaba, com jeitinho, conseguindo o que quer, além de ter boa lábia, conquista geral.
É necessária uma mudança de pensamento, pois só quando tivermos condições morais para exigirmos algo, é podemos cobrar, e o povo brasileiro sabe disso, no entanto, essa mudança deve ser feita desde a primeira fase da infância, pois a malandragem pode até ser uma doença de nossa sociedade, mas ela não pode ser vista como crônica, há um tratamento, e esse é deve ser feito às pressas com doses diárias de bons exemplos dos pais, que são os grandes disseminadores dessa praga. Há que se extirpar essas atitudes absurdas com reflexões, conversas, campanhas em prol de uma geração futura saudável. Isso pode ser feito também nas igrejas, pois somos um país cristão em que o maior líder pregava o amor, a paz e a luta pela harmonia entre as pessoas, se aproveitar do outro não condiz com “amar o próximo como a ti mesmo”. A escola também é responsável, promover palestras, leituras, dinâmicas grupais também pode ser um bom caminho que nos leve a uma sociedade inteligente e consciente, só assim teremos condições de cobrar dos nossos líderes, aquilo que para nós é, ou pelo menos deveria ser, motivo de vergonha e não de orgulho como sempre nos foi passado erroneamente.
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