"Eu estava a fitá-la toda a manhã de quarta-feira...Sentada no ônibus, calada e reservada. Uma postura que nenhuma garota sabia ter, e facilmente chamava a minha atenção. Era encantador.
As horas e os dias passavam, nossos olhares se encontravam, desviavam, estranhavam e mudávamos de direção. Repetidamente, por meses... E então consegui o seu telefone.
A sensação me enchia de alegria, orgulho e arrancava sorrisos avulsos, como uma criança que acabara de ganhar algum doce. Era engraçado, como falamos de festas, músicas, danças e livros. A impressão era que iria dar certo.
E isso continuou por alguns dias, em uma ilusão deliciosa que fazia tudo ficar melhor e sempre dava um motivo para sorrir, até que não houve mais conversas, mas assunto, e nem mesmo um bom dia; Tudo se esvaíra de uma vez, como um perfume barato que não se sente o cheiro nem na primeira borrifada, ela se foi...
Agora nos vemos no ônibus, todos os dias da semana; Trocamos olhares, um aceno seco e obrigatório com a cabeça e ponho-me a sentar . Ela, calada e reservada, ouvindo uma música qualquer..."
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