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Uma noite diferente
Estela Guimarães Ferreira

Quarta-feira, dia 22, sim,  exatamente isso.
Estava eu no meu serviço de guarda, vigiando a empresa, sentado na minha cadeira de couro observando o movimento. Quando de repente vejo uma moça que nunca havia visto antes, chorando sentada na calçada de uma lojinha de chocolates, a loja estava fechada, claro, já eram onze da noite, que loja estaria aberta?
Enfim, ela chorava desesperada, parecia ter perdido algo que não pudesse mas recuperar.
Talvez houvesse brigado com um amigo, brigado com a mãe, aaah talvez ela tivesse  brigado com o namorado.
Mas ela não era uma garota qualquer, não parecia uma garota comum, dessas que a gente vê por aí, em toda esquina.
Mesmo naquela escuridão imensa eu podia ver o brilho de seus olhos, e esse brilho não era causado pelas lágrimas não, era por que ela tinha algo diferente em si.
Eu observando ela, fazendo o possível pra que ela não me visse, fiquei escondido atrás da porta e puxei minha cadeira pra dentro, com todo o cuidado do mundo.
Não queria ser visto, pois ela sairia dali e eu não queria isso.
Eu queria descobrir o que havia de diferente nela.
Ela chorava, chorava e olhava pro vazio, mas não era aquele choro escandaloso, era um choro tão silencioso que quem via, sofria tanto quanto ela, porque o silêncio machuca, e como machuca.
Eu apenas observava aquela garota que parecia ter uns 18 anos, no máximo, de repente um rapaz meio desajeitado, veio em sua direção, eu estava me preparando pra defendê-la quando vi que ela o conhecia.
Ele se sentou ao seu lado e lhe deu um abraço, ela nem se mexeu, nem fez questão de abraça-lo, mas quando ele soltou seus braços, ela os pegou  e se abraçou com ele.
Vi naquele momento que os dois tinham uma relação muito forte, intensa, mas de alguma forma, difícil.
Talvez os pais dela não gostassem dele ou os pais dele não gostassem dela, ou talvez os dois não se entendessem o tempo todo, apenas.
Tentei ouvir os sussuros e conversas dos dois, mas só o que consegui escutar foi algo curto e estranho : “não quero que me diga com demonstrar meus sentimentos Margarida, é uma forma estranha, diferente, mas é verdadeira. ”
Achei bonito mas achei estranho, talvez ele a maltratasse de vez em quando, mas ela parecia ter perdoado ele, pois sorriu e o beijou.
Os dois se levantaram da calçada e encaixaram suas mãos uma na outra, começaram a andar de mãos dadas em direção à uma rua deserta, e se beijaram novamente, mas era um beijo tão sofrido dessa vez, havia tanto sentimento, parecia que eles iriam se separar pra sempre naquele momento.
Ela o beijou, soltou a mão dele e ele se transformou em algo pavoroso, tinha um som estranho, cor esquisita, parecia muito um zumbi, ele virou pó em sua frente e ela limpou suas lágrimas, olhou pro céu, e continuou andando sem rumo.
Talvez ela ainda esteja por aí, sem rumo, sempre dói quando alguem vai em bora e ela, tão jovem, deve achar que seu mundo acabou, aliás, pra quem viu seu amor desmoronar em sua frente, não é fácil continuar com o  seu mundo de pé.

By:Estela Guimarães
 

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