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Os dias que ainda estão por vir.
Inspirado pelo Filme: Elsa & Fred
Ana Carolina Lamp Dias

Frente à frente com o espelho, nem sequer meu reflexo se faz presente. Meu velho eu parece não existir mais. Diante de meus olhos, a opacidade dos tempos gloriosos; do rosto liso, sem marcas, sem rugas, apenas duas covinhas apresentadas em meio aos doces sorrisos.

Com o afastar do espelho, os remédios gritam minha velhice, assim como a pele enrugada faz em conjunto das sardas em meu rosto, em minhas mãos, em meus braços; espalhadas pelo corpo, vejo só o resto de mim, mas como pode ser eu se nem mesmo me reconheço?

As bolsas sob os olhos, as pálpebras caídas, orelhas e nariz alongados... A pele esticada em lugares em que deveria ser firme, enrugada onde deveria ser esticada. Diante do espelho, só um vulto pretensioso, um fantasma do futuro inconsciente de meus surtos juvenis, completamente inocentes e movidos pela curiosidade de menina.

As sobrancelhas ficam ralas, os lábios lisos agora se encontram com incontáveis imperfeições. Os fios brancos se fazem presentes a ponto de tomar todo espaço da cor anterior. Voltamos a ser crianças, contamos passos, esquecemos coisas, nossas memórias recentes nos traem, mas as antigas ficam junto do que nos resta. Diante do espelho, ainda tento me encontrar. Em vista, sou quem nunca desejei ser, porém, o tempo me trouxe até aqui. O que fazer? Deixo-me levar? Sento e o espero o fim? Leio? Escrevo? Costumo? Teço? Vejo televisão? Ouço música? Danço? O que fazer para sorrir quando nem mesmo sei o que me faz feliz?

Presa ao passado, pergunto-me sobre felicidade. Ora essa... Felicidade. Por que agora? Depois de quantos anos? Quantos sorrisos me permiti dar por momentos presentes sem tocar ao passado ou imaginar o futuro? Bem, não deve ser tarde demais para sorrir. Os lábios não se curvam facilmente, talvez pelo tempo, talvez porque nunca fui boa nisso. Sorrio para aprender a sorrir. E antes que seja tarde demais, sorrio por mim, choro por mim, felicito-me e sofro por tudo que vivi até aqui. Sendo assim, não há retorno, saída, nem mesmo posso avançar a vida. Quem sabe o que me espera no dia de amanhã? Pensando desse modo, é hora de aprender a seguir com um dia de cada vez, até que o fim me aconchegue, feche meus olhos e leve-me sem dor ou sofrimento, permitindo uma última travessura, sorrir como nunca me atrevi antes.


Biografia:
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Poesias A carta Ana Carolina Lamp Dias
Poesias Os dias que ainda estão por vir. Ana Carolina Lamp Dias


Publicações de número 1 até 2 de um total de 2.


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