Eu tenho um nome
mas você não sabe qual é;
se sou palimpsesto, hieróglifo, Zé,
se vim do puro espaço habitado,
se nasci debaixo do cacho
de bananas, pendurado...
Apenas sabe que sou as palavras
que pelos teus olhos entram,
te alcançam, te arruína o dia
ou te apascenta...
Que busca a casa da poesia,
todo dia,
toda noite também,
mesmo que em sonhos,
depois que eu diga amém...
Só tenho um motivo para estar presente,
ser servido como chá frio ou café quente:
te amo, mesmo que não te conheça,
mesmo que nem contigo me pareça,
te amo porque amar não é servidão,
amar é ver tudo claro
dentro da escuridão...
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