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um tapa
Hilza Regina Durei

um tapa     

Não sei o porquê, mas ela gritava comigo e eu fiquei em silêncio, não reagi e ela continuou a gritar.
Gritou mais uma vez e mais uma, eu permaneci em silêncio, outras garotas riam, foi quando ela levantou sua mão, depois pude vê-la descendo na direção de meu rosto, senti quando esquentou com uma mistura de calor e frio.
Seus dedos desgrudaram de minha pele suada e suas unhas passaram sobre minha pele cortando e raspando, senti arder como laminas, senti que meu sangue iria escorrer, ela gritou novamente algo que nem a ouvi, que estava agitada me ameaçando, se afastou sorrindo.
Na escola para alguns ela era terrível, vivia infeliz e batia nos garotos quando não gostava deles mostrando sua força, agora para outros ela era inteligente o suficiente para passar nos testes da escola.
Não contei para a direção da escola, seria pior se minha mãe viesse tirar satisfações, minha vida já era bem difícil sem ser agredido por pessoas psicologicamente desequilibradas.
Ao chegar à minha casa inventei algumas mentiras para justificar meu rosto ferido, minha melhor justificativa foi que eu tinha caído do skate então minha mãe como uma boa mãe curou minhas feridas e depois me deu carinho dando alguns beijos.
Aprendi que não era seguro me aproximar de certas pessoas na escola, me escondia para evitar surras e hematomas, ser novo em uma escola com pessoas estúpidas era uma tragédia, ser um garoto que apanhava de meninas era pior ainda.
Na rua eu me sentia seguro, andava por toda parte sem medo de nada ate encontrá-la com um grupo de pessoas estranhas e eu escondi por de trás de um carro e percebi que também não era mais seguro andar nas ruas.
Estavam conversando e de repente tudo mudou um garoto forte empurrando a menina da escola, ela se afastou disse palavras ofensivas, o garoto a empurrou com mais força, ela caiu pesadamente entre areia e pedras.
Sem pena ou arrependimentos ele chutou suas pernas, seus amigos não a defenderam, ao menos pediram para ele parar, ela tentou se levantar, mas ele a chutou com mais força em suas costelas.
Meu coração disparou, eu tive receio pelo que eu iria fazer, gritei com ele, todos se viraram para me olhar, riram ao me ver, o garoto que apanhava de meninas.
Ele debochou de mim, disse que logo que terminasse sua ocupação de bater em garotas eu seria o próximo a sentir seus punhos.
Depois levantou sua mão e a desceu assim como a garota tinha feito quando me bateu, mas eu segurei o braço do agressor.
Ele sentiu que eu era forte, se virou me chutando, me esquivei de todos seus chutes e socos, tive muitas oportunidades de acertá-lo, mas não o fiz, não queria ter mais problemas do que já estava tendo, os outros gostaram da minha reação, ele parecia confuso por eu parecer tão indefeso, mas sabia me defender.
Desistiu de tentar me machucar, prometeu me pegar em surra em outra oportunidade, saiu com seus amigos que riam.
A garota não me agradeceu, nem pediu desculpas pelo outro dia, mas não me agrediu mais, sai pela rua em direção de minha casa, onde era o lugar mais seguro depois daquele momento.
Mas uma voz rouca me gritou, eu parei assustado por não ter ouvido direito quem era a garota que eu tinha defendido corria atrás de mim.
Ela com seu jeito desajeitada, com vestias largas, me perguntou por que eu não me defendi quando ela me bateu, eu respondi que vi que ela precisava mostra para os outros da escola que era mais forte, eu era somente um novato e não queria mostrar que eu também podia bater, mas se ela quisesse mesmo me bater não teria segurado a maior parte de sua força, antes de sua mão tocar meu rosto.
Ela ficou sem palavras diante da verdade, depois de um tempo sorriu, também desajeitado, me deu um soco no ombro de leve, com um gesto de amizade, saiu correndo pela rua como um moleque.
Minha mãe olhava da porta, iria me dizer o de sempre, dizia que era para respeitar as garotas, me ensinaria como tratá-las, sempre me pedia para ser um garoto descente, para que no futuro eu fosse um homem o qual as mulheres poderiam confiar.


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