As trevas
Essa escuridão gelada
Pareciam pingar dos telhados
Enquanto a bruma passageira
Desse tempo que foge
Esvaecia ao vento
Como a fumaça dos cigarros
Dos cigarros desses boêmios
Desses pobres tolos
Sonhadores até
Mergulhados em amores
E castelos levados pelo mar
A contemplar esquinas vazias

E as trevas?
Sobre estas não há muito
Apenas estendem-se pelas ruas
Enquanto dormem os incrédulos
E vagam por aí os poetas
Como se tivessem asas
E o céu estivesse muito perto
Mais perto do que as pessoas
Mais perto do que os abraços
Esses gestos simples
Tão amenos
De que precisam tanto os poetas
Apesar da manhãs
Apesar dos incrédulos
E das nossas asas partidas...

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