INFÂNCIA

Torrenciais lembranças daqueles quintais
Que de infância brinquei e não existem mais
Casinhas brancas onde cantavam pardais.

As meninas tinham vestidos de um pano só
Feitos com tanto esmero que mais pareciam filó
Bordadas com pedras e pedrilhos de todo brilho.

Tecíamos histórias que não se contam num dia só
São histórias vividas, multiplicadas, divididas
Pulando amarelinha tentando chegar ao céu.

Minha boneca era de pano quando não imaginada
Brincamos de idéias e ideais pelos pontos cardeais
Família de pouco recurso e grandes percursos

Brinquedos não quebráveis, não custam um tostão
Aconchego em noite enluarada, história recontada
É magia que não se desfaz tamanha seja a desilusão.

Nossa colcha de retalhos, retratos esbranquiçados
Nos faz sentir saudades daquilo que vivemos
Carinho vale mais que qualquer boneca já fabricada.

Infância é o tempo que crava na alma
O desejo da vida que ainda está por vir
Força que move os moinhos da razão





É isso que me leva a seguir o rumo certo
Não sei que caminho foi traçado
Pego meu esboço e sigo pelo atalho.

Quero beber água na fonte
Espero não chegar no deserto.
Espero ouvir a voz sublime, que
Que nos guia infância vida afora.

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