Ah! Eu nunca deveria ter visto teus olhos,
Você... não deveria tê-los mostrado.
Poderia ter sido
os olhos de uma dançarina de Bali,
eu deveria ter adormecido
no colo de uma odalisca.
Ter-me rendido
aos encantos de uma cigana
ou outra estrangeira qualquer.
E nunca ter visto o verde mar
naqueles olhos,
Onde minha nau errante
pôs-se a navegar
e nunca mais voltou.
Ah! Eu nunca deveria ter visto teus olhos,
Você... não deveria tê-los mostrado.
Poderia ter sido
os olhos da musa consoladora,
eu deveria ter sossegado meus lábios
com vinho e ninfas,
ter-me exilado no país de Afrodite
Ou inventado outra fantasia qualquer.
E nunca teria naufragado de saudades
naqueles olhos de verdes sem fim,
Onde não há ilhas, nem voltas,
Só calmaria e luz.
Ah! Eu nunca deveria ter visto teus olhos,
Você... não deveria tê-los mostrado.
Mas poderia ter sido
os olhos de uma prenda,
ou eu poderia ter trocado tudo
Pelos lençóis de uma morena
Ou ter adormecido, para sempre,
nos braços da menina faceira,
ou qualquer outra brasileira.
E nunca ter visto o céu
dentro daquele verde olhar,
Onde estrelas se fragmentaram
e o horizonte era um beijo
do céu no mar.
Ah! Eu nunca deveria ter visto teus olhos,
Você... não deveria tê-los mostrado.
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