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Os Adolescentes e o Ensino do Teatro
Douglas Tadeu Bottino Ladenthin

Resumo:
Relato sobre a formação de jovens quando inseridos no teatro.

Os Adolescentes e o Ensino do Teatro
Por Douglas Tadeu Bottino Ladenthin

Como o ensino de teatro pode dialogar com a vida dos adolescentes nos dias atuais?
Se o teatro fosse como a TV, poderíamos elencar uma série de elementos ou fatores que em sua maioria, teriam efeito devastador sobre os adolescentes hoje – o que na verdade não deixa de ser uma realidade no caso da TV. Mas em se tratando do teatro como o conhecemos, a influência sobre os jovens tende a rebuscar, a resgatar tudo aquilo que de mais puro o ser humano tinha em um passado não muito distante. Em outras palavras, neste “passado”, havia mais dignidade, mais calor humano, mais solidariedade, mais confiança... Dizíamos que o Brasil era o país do futuro... Os anos 1980 foram o auge para a chamada Geração Coca-Cola. Tínhamos o poder em nossas mãos – lembram-se dos “caras pintadas”? Lutávamos por aquilo em que acreditávamos... Pois é, parece que tudo isso se perdeu um pouco. Há quem diga que essa fase contribuiu para os dias atuais, ou seja, para as conquistas que alcançamos nestes últimos tempos.
Mas o que acontece? Como é possível que os profissionais da TV de hoje, elaborem uma programação incompatível com aquilo que vivemos anteriormente – diga-se de passagem que eles próprios viveram aquela realidade. Onde estão os valores que aprendemos com nossos pais? O que saiu errado? Algumas emissoras tinham programações excelentes para crianças e adolescentes. E justamente estes adolescentes de ontem é que são os adultos de hoje fazendo a programação da TV atual. Os valores, a cultura que estes adolescentes absorveram naquela época foi jogada pelo ralo abaixo. Pois o que se vê agora, é a desvirtuação desta cultura, destes valores. O que se vê é a contradição em pessoa... Chega a ser ridícula a situação em alguns canais. Uma vez que se havia liberdade muito mais que hoje, como podemos ter nos desviado tanto assim daquilo que aprendemos?
     É justamente aí que o teatro entra. Pois, não se vislumbra mudanças no mesmo. O teatro sempre foi autêntico, sempre verdadeiro naquilo a que se propunha. E é esta característica verdadeira que reforça a predisposição do teatro na área educacional. Ora, mas não é exatamente a verdade que se busca com a educação? A verdade para “curar” o mal que nos assola, a verdade para educar e formar cidadãos? O teatro não deve ser encarado somente como forma de entretenimento, uma cultura no sentido de trazer mais informação ou novas informações ao ser humano. Mas sim no sentido de arraigar no indivíduo social, a cultura do dia a dia, a cultura do fomento à diversidade com igualdade de direitos, mas também de deveres, de princípios. Mas falamos aqui, principalmente de um dever responsável... Responsável para consigo e para com o próximo, tecendo assim uma rede grandiosa de integração entre os adolescentes.
     É muito fácil questionar o que se pode fazer a este respeito... O difícil é obter soluções. E mesmo quando as temos, o quase se torna impossível de vez, quando se trata de como e quando pôr em prática, estas soluções, pois não há suporte – nem físico, nem financeiro.
     Bem... Vamos tentar elucidar alguns tópicos inerentes a este mundo do adolescente: o que será que o adolescente de hoje anda buscando? Temos condição de responder a esta indagação a partir do momento que tivermos contato direto com este mundo. Portanto não basta o ensino de técnicas teatrais, o desenvolvimento de jogos, o estudo da expressão e o fazer artístico (em todas as suas vertentes... cenário, maquiagem, figurino, som, luz, etc.), mas muito mais que isso... Deve-se ir além disso.
O que falta-nos, é acompanhar o processo de formação destes adolescentes através de uma prévia pesquisa sobre suas vidas (família, bairro onde mora, sua condição socioeconômica, cultura que possui, e outros.). Também seria necessário estudar o melhor meio para uma inserção adequada ao teatro - para este adolescente, uma vez que os integrantes que formarão um determinado grupo de convivência, já trazem em si, informações bastante diversas.
Como foi citado no início deste, é preciso cultuar a diversidade. Porém, com igual proporção entre direitos e deveres - e que estes sejam justos na sua devida medida.
É nas tarefas diárias, no exercício do teatro e na função responsável de cada um, que reside a constatação de que somente através do estudo, da convivência, do comprometimento - e principalmente de uma consciência geral sobre a importância de uma educação e de uma cultura de qualidade, é que vamos conseguir obter resultados satisfatórios para uma formação digna e revitalizada do caos que impera entre os milhares de adolescentes nas escolas particulares, municipais, estaduais e federais deste nosso Brasil.
     Outra questão que não podemos ignorar: aquilo que eles buscam, isto é, os diferentes objetivos dos adolescentes, são adequados a estes? Até que ponto o objeto almejado, poderá contribuir com a formação de jovens, diante de tanta diversidade? De que forma, o mundo globalizado – e como fomentador deste universo a internet, contribui na direção de um crescimento pessoal saudável para os jovens? Que tipo de influência deste mundo virtual, pode neutralizar os efeitos do teatro sobre o jovem?
Cabe ao educador fazer com que cada um possa identificar seu objetivo pessoal, e se este é realmente o ideal para suas vidas. Neste processo de descoberta para o adolescente, o teatro através da figura de seus educadores, configura toda a estrutura ideal para o desenvolvimento do aluno em formação pessoal, e como cidadão.
O educador tem o dever, a obrigação de mostrar que o caminho é feito de pedras, isto é, ele será árduo... Mas com direcionamento e lapidação, o aluno terá o devido preparo para buscar suas respostas e melhor identificar suas escolhas.
     Em síntese, o ensino do teatro deve abranger não só as questões respectivas a seu campo de atuação, com seus profissionais, técnicas e variações de estilo (drama, comédia, ficção; fantoches, mamulengos, contação de histórias, monólogo, grupo, interativo), mas acima de tudo, considerar os eventos pessoais, psicológicos, sociais, de ambiente, fenômenos externos e internos (interação, integração pessoal e conflitos do interior).
Considero como ferramenta fundamental, a realização de reuniões periódicas para se discutir poesia; literatura; conflitos, problemas do dia a dia do adolescente, dificuldades nos estudos e no campo profissional; problemas do mundo como ecologia, saúde e sexo; conflitos familiares e outros assuntos que possam vir a somar ou mesmo influenciar o envolvimento no teatro, as escolhas, o pessoal e o trabalho pela vida afora.
Analisado por outro ponto de vista, quero enfatizar como resposta à indagação inserida no tema desta abordagem, um verbo contido na própria pergunta: dialogar. Esta palavra já denota ação... E positiva. Portanto, uma ação que certamente trará bons frutos, mesmo que a longo prazo.
Então, podemos afirmar que o diálogo é - senão a única, ao menos uma das respostas.

     Douglas Tadeu é músico profissional, luthier, educador, sonoplasta cênico, agente cultural, consultor e produtor musical. Atua em orquestra, grupos, bandas e teatro. É proprietário do DDrum Stúdio Office e da Serenata Produções Musicais. Tem diversos trabalhos realizados na área musical e teatro. Atualmente possui dois trabalhos escritos: um sobre Sonoplastia Cênica aguardando publicação e outro no campo musical em fase de desenvolvimento.






Biografia:
Os Adolescentes e o Ensino do Teatro Por Douglas Tadeu Bottino Ladenthin Como o ensino de teatro pode dialogar com a vida dos adolescentes nos dias atuais? Se o teatro fosse como a TV, poderíamos elencar uma série de elementos ou fatores que em sua maioria, teriam efeito devastador sobre os adolescentes hoje – o que na verdade não deixa de ser uma realidade no caso da TV. Mas em se tratando do teatro como o conhecemos, a influência sobre os jovens tende a rebuscar, a resgatar tudo aquilo que de mais puro o ser humano tinha em um passado não muito distante. Em outras palavras, neste “passado”, havia mais dignidade, mais calor humano, mais solidariedade, mais confiança... Dizíamos que o Brasil era o país do futuro... Os anos 1980 foram o auge para a chamada Geração Coca-Cola. Tínhamos o poder em nossas mãos – lembram-se dos “caras pintadas”? Lutávamos por aquilo em que acreditávamos... Pois é, parece que tudo isso se perdeu um pouco. Há quem diga que essa fase contribuiu para os dias atuais, ou seja, para as conquistas que alcançamos nestes últimos tempos. Mas o que acontece? Como é possível que os profissionais da TV de hoje, elaborem uma programação incompatível com aquilo que vivemos anteriormente – diga-se de passagem que eles próprios viveram aquela realidade. Onde estão os valores que aprendemos com nossos pais? O que saiu errado? Algumas emissoras tinham programações excelentes para crianças e adolescentes. E justamente estes adolescentes de ontem é que são os adultos de hoje fazendo a programação da TV atual. Os valores, a cultura que estes adolescentes absorveram naquela época foi jogada pelo ralo abaixo. Pois o que se vê agora, é a desvirtuação desta cultura, destes valores. O que se vê é a contradição em pessoa... Chega a ser ridícula a situação em alguns canais. Uma vez que se havia liberdade muito mais que hoje, como podemos ter nos desviado tanto assim daquilo que aprendemos? É justamente aí que o teatro entra. Pois, não se vislumbra mudanças no mesmo. O teatro sempre foi autêntico, sempre verdadeiro naquilo a que se propunha. E é esta característica verdadeira que reforça a predisposição do teatro na área educacional. Ora, mas não é exatamente a verdade que se busca com a educação? A verdade para “curar” o mal que nos assola, a verdade para educar e formar cidadãos? O teatro não deve ser encarado somente como forma de entretenimento, uma cultura no sentido de trazer mais informação ou novas informações ao ser humano. Mas sim no sentido de arraigar no indivíduo social, a cultura do dia a dia, a cultura do fomento à diversidade com igualdade de direitos, mas também de deveres, de princípios. Mas falamos aqui, principalmente de um dever responsável... Responsável para consigo e para com o próximo, tecendo assim uma rede grandiosa de integração entre os adolescentes. É muito fácil questionar o que se pode fazer a este respeito... O difícil é obter soluções. E mesmo quando as temos, o quase se torna impossível de vez, quando se trata de como e quando pôr em prática, estas soluções, pois não há suporte – nem físico, nem financeiro. Bem... Vamos tentar elucidar alguns tópicos inerentes a este mundo do adolescente: o que será que o adolescente de hoje anda buscando? Temos condição de responder a esta indagação a partir do momento que tivermos contato direto com este mundo. Portanto não basta o ensino de técnicas teatrais, o desenvolvimento de jogos, o estudo da expressão e o fazer artístico (em todas as suas vertentes... cenário, maquiagem, figurino, som, luz, etc.), mas muito mais que isso... Deve-se ir além disso. O que falta-nos, é acompanhar o processo de formação destes adolescentes através de uma prévia pesquisa sobre suas vidas (família, bairro onde mora, sua condição socioeconômica, cultura que possui, e outros.). Também seria necessário estudar o melhor meio para uma inserção adequada ao teatro - para este adolescente, uma vez que os integrantes que formarão um determinado grupo de convivência, já trazem em si, informações bastante diversas. Como foi citado no início deste, é preciso cultuar a diversidade. Porém, com igual proporção entre direitos e deveres - e que estes sejam justos na sua devida medida. É nas tarefas diárias, no exercício do teatro e na função responsável de cada um, que reside a constatação de que somente através do estudo, da convivência, do comprometimento - e principalmente de uma consciência geral sobre a importância de uma educação e de uma cultura de qualidade, é que vamos conseguir obter resultados satisfatórios para uma formação digna e revitalizada do caos que impera entre os milhares de adolescentes nas escolas particulares, municipais, estaduais e federais deste nosso Brasil. Outra questão que não podemos ignorar: aquilo que eles buscam, isto é, os diferentes objetivos dos adolescentes, são adequados a estes? Até que ponto o objeto almejado, poderá contribuir com a formação de jovens, diante de tanta diversidade? De que forma, o mundo globalizado – e como fomentador deste universo a internet, contribui na direção de um crescimento pessoal saudável para os jovens? Que tipo de influência deste mundo virtual, pode neutralizar os efeitos do teatro sobre o jovem? Cabe ao educador fazer com que cada um possa identificar seu objetivo pessoal, e se este é realmente o ideal para suas vidas. Neste processo de descoberta para o adolescente, o teatro através da figura de seus educadores, configura toda a estrutura ideal para o desenvolvimento do aluno em formação pessoal, e como cidadão. O educador tem o dever, a obrigação de mostrar que o caminho é feito de pedras, isto é, ele será árduo... Mas com direcionamento e lapidação, o aluno terá o devido preparo para buscar suas respostas e melhor identificar suas escolhas. Em síntese, o ensino do teatro deve abranger não só as questões respectivas a seu campo de atuação, com seus profissionais, técnicas e variações de estilo (drama, comédia, ficção; fantoches, mamulengos, contação de histórias, monólogo, grupo, interativo), mas acima de tudo, considerar os eventos pessoais, psicológicos, sociais, de ambiente, fenômenos externos e internos (interação, integração pessoal e conflitos do interior). Considero como ferramenta fundamental, a realização de reuniões periódicas para se discutir poesia; literatura; conflitos, problemas do dia a dia do adolescente, dificuldades nos estudos e no campo profissional; problemas do mundo como ecologia, saúde e sexo; conflitos familiares e outros assuntos que possam vir a somar ou mesmo influenciar o envolvimento no teatro, as escolhas, o pessoal e o trabalho pela vida afora. Analisado por outro ponto de vista, quero enfatizar como resposta à indagação inserida no tema desta abordagem, um verbo contido na própria pergunta: dialogar. Esta palavra já denota ação... E positiva. Portanto, uma ação que certamente trará bons frutos, mesmo que a longo prazo. Então, podemos afirmar que o diálogo é - senão a única, ao menos uma das respostas. Douglas Tadeu é músico profissional, luthier, educador, sonoplasta cênico, agente cultural, consultor e produtor musical. Atua em orquestra, grupos, bandas e teatro. É proprietário do DDrum Stúdio Office e da Serenata Produções Musicais. Tem diversos trabalhos realizados na área musical e teatro. Atualmente possui dois trabalhos escritos: um sobre Sonoplastia Cênica aguardando publicação e outro no campo musical em fase de desenvolvimento. Douglas Tadeu é músico profissional, luthier, educador, sonoplasta cênico, agente cultural, consultor e produtor musical. Atua em orquestra, grupos, bandas e teatro. É proprietário do DDrum Stúdio Office e da Serenata Produções Musicais. Tem diversos trabalhos realizados na área musical e teatro. Atualmente possui dois trabalhos escritos: um sobre Sonoplastia Cênica aguardando publicação e outro no campo musical em fase de desenvolvimento.
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