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Ir comprar pão na lua.
João Carlos Azevedo

Dada a devida importância à sua rotina, nem tudo é insignificante como muitas vezes se imagina. Talvez a maioria das coisas que tu considera insignificante sejam tão difíceis de se fazer quanto as coisas que você imagina significante. A rotina tem um papel importante em tirar a beleza das coisas corriqueiras, mas cabe a nós enxergar sem filtros o mundo e apreciar com toda nossa capacidade a beleza que há em tudo.

Comprou pão hoje? Você se deu ao trabalho de sair da sua casa, se transportar até uma padaria (ou qualquer lugar que venda pão), comprar o pão com dinheiro do trabalho de alguém. E esse pão que foi pago com o dinheiro conseguido do trabalho de alguém pagará o trabalho de outra pessoa: a pessoa que fez o pão. Essa pessoa que fez o pão acorda todo dia e tem em mente "eu vou fazer pão". Ela faz pão. Ela vende o pão. Você compra o pão. Conte que o pão precisou de vários fatores pra poder ser produzido. E você participou disso comprando o pão. Você sozinho (nem tanto) movimentou uma indústria inteira, várias pessoas e horas de trabalho pra comprar pão! E isso é lindo.

Você foi à lua hoje? Você se deu ao trabalho de sair de casa, se transportar à estação de lançamento ou decolagem (ou qualquer lugar de onde se possa partir à lua), entrou no veículo que o levaria até a lua. Toda essa infraestrutura foi construída pagando alguém e alguém recebendo por isso. Todo mundo que participou da rotina de testes, treinamentos e da construção de tudo receberam para poder fazer aquele momento acontecer. Todos que participaram acordavam e tinham em mente "eu vou fazer alguém ir à lua". Você e sua ida à lua movimentou várias indústrias, várias pessoas e horas de trabalho pra ir à lua. E isso é lindo.

Dada a devida proporção às causas, toda ação em sociedade não depende só de você (retirando o óbvio) e a sua rotina pode ser tão cheia de sentido e beleza quanto qualquer coisa que outras pessoas façam. Mesmo que os filtros que a rotina te traz distorçam a maioria da sua realidade.

Eu entendo que existem horas que nem tudo que façamos faz sentido, mas pensando profundamente sobre tudo, o que faz sentido? Sendo assim, é melhor enxergar o lado bonito e viver com mais felicidade do que se atolar na areia movediça da insignificância.


Biografia:
Quase escritor, quase músico, quase filósofo, quase fotógrafo. Focado em deixar de ser "quase" em tudo que faz. Quase focado.
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Crônicas Eu era o excesso João Carlos Azevedo
Crônicas Ir comprar pão na lua. João Carlos Azevedo


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