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HISTÓRIA DA PSICOPEDAGOGIA
PSICOPEDAGOGIA
Ismael Monteiro

Resumo:
Mostra os rumos históricos da psicopedagogia.

HISTÓRIA DA PSICOPEDAGOGIA


RESUMO

Este trabalho faz um breve histórico da evolução da Psicopedagogia. O texto indica os passos iniciais dessa evolução, mostrando alguns fatos que interferiram em sua jornada. Faz comentários sobre o papel da Associação Brasileira de Psicopedagogia e mostra a influência desta entidade para o desenvolvimento da área psicopedagógica no País. Este pequeno histórico apresenta alguns rumos que o pensamento humano tomou, reforçando a idéia de que os problemas de aprendizagem não são restritos nem a causas físicas ou psicológicas, nem a análises das conjunturas sociais. No entanto, é preciso compreendê-los a partir de fatores orgânicos, cognitivos, afetivos, sociais e pedagógicos, para a partir daí, propor ações para os problemas de aprendizagem.
Palavras-chave: Psicopedagogia, histórico, influência, aprendizagem, causas, fatores.


INTRODUÇÃO     

O termo Psicopedagogia tem sido utilizado como uma ação pedagógica e psicológica no tratamento de crianças que apresentam fracasso escolar, ou para compreender e atender portadores de necessidades especiais e outros problemas relacionados ao comprometimento da aprendizagem.
Para WEISS (1997) o fracasso escolar possui diferentes, mas integradas perspectivas: da sociedade, da escola e do aluno. A perspectiva da sociedade abrange as manifestações culturais de determinado grupo social, as condições e relações político-sociais e econômicas vigentes, a estrutura social, a ideologia dominante e suas relações implícitas ou explícitas no processo educativo. A escola é uma instituição cultural que deve permitir ao aluno, desenvolver ou não possibilidades de adquirir certos conhecimentos conforme as informações que chegam até ele.
A Psicopedagogia defende que “para que haja aprendizagem, intervêm o nível cognitivo e o desejante, além do organismo e do corpo” (FERNANDEZ, 1991, p. 74).
Por isso, a Psicopedagogia tem como finalidade estudar o ato de aprender e ensinar, levando sempre em conta as realidades interna e externa da aprendizagem, tomadas em conjunto. Além disso, procura estudar a construção do conhecimento em toda a sua complexidade, procurando colocar em pé de igualdade os aspectos cognitivos, afetivos e sociais que lhe estão implícitos.
A Psicopedagogia trabalha com uma concepção de aprendizagem, segundo a qual, participa desse processo um equipamento biológico com disposições afetivas e intelectuais que interferem na forma de relação do sujeito com o meio, sendo que essas disposições influenciam e são influenciadas pelas condições sócio-culturais do sujeito e do seu meio.
POLITY (2003) faz uma abordagem sistêmica da Psicopedagogia, considerando como pontos básicos a reunião de pessoas com interesses comuns, cujo objetivo é re-significar experiências dentro da tríade: sentir-fazer-pensar, enfatizando a auto-reflexão, auto-referência e onde o observador é participante e co-construtor da realidade.
     Ao psicopedagogo cabe saber como se constitui o sujeito, como este se transforma em suas diversas etapas de vida, quais os recursos de conhecimento de que ele dispõe e a forma pela qual produz conhecimento e aprende. É necessário, também, que o psicopedagogo saiba o que é ensinar e o que é aprender, como interferem os sistemas e métodos educativos; os problemas estruturais que intervém no surgimento dos transtornos de aprendizagem e no processo escolar.
     Numa escola, o psicopedagogo pode trabalhar prestando assessoria aos professores e demais educadores para que esses possam melhorar a qualidade de sua atuação.


2 HISTÓRICO DA PSICOPEDAGOGIA

     Durante muitos anos os educadores e terapeutas lidaram com os problemas da aprendizagem. Esse enfoque surgiu por volta dos séculos XVIII e XIX, com o grande desenvolvimento das ciências médicas e biológicas.
     Já naquela época, as crianças que não acompanhavam seus colegas na aprendizagem eram chamadas de “anormais”, pois acreditava-se que seu insucesso era proveniente de alguma anomalia orgânica.
     Por isso, buscavam-se respostas para os problemas da aprendizagem através de uma nova concepção de infância, sem esquecer da especificidade psicológica da criança.
No decorrer dos anos, as concepções sobre as causas das dificuldades de aprendizagem tiveram o aporte de alguns conceitos psicanalíticos, o que modificou a visão sobre o fracasso escolar.
     No século XIX apareceram os primeiros indícios da Psicopedagogia na Europa, por causa da necessidade em contribuir na busca de soluções para o problema da aprendizagem.
     A partir de 1946 surgiram os primeiros centros psicopedagógicos, que tinham a função de unir os conhecimentos da Psicologia, da Psicanálise e da Pedagogia para tratar dos comportamentos socialmente inadequados das crianças na escola e no lar.
     Nesta época, os conhecimentos psicopedagógicos e os fatores etiológicos eram utilizados para explicar os índices alarmantes do fracasso escolar, envolvendo os aspectos individuais como desnutrição, problemas neurológicos, psicológicos e outros.
     Na evolução porque passou a Psicopedagogia, ela se estruturou em torno da aprendizagem humana através do relacionamento entre os padrões evolutivos normais e patológicos e a influência do meio, como: família, escola e sociedade.
     Na década de 70 surgiram em Buenos Aires os Centros de Saúde Mental, que tinham como finalidade diagnosticar e tratar os problemas de aprendizagem. No final da década de 70, criou-se no Brasil o primeiro curso de Psicopedagogia, em São Paulo, com o intuito de formar profissionais para esta área.
O professor argentino Jorge Visca foi um dos grandes contribuintes da difusão psicopedagógica no Brasil, pois ele foi o criador da Epistemologia Convergente, uma linha teórica que propõe um trabalho com a aprendizagem utilizando-se a integração de três linhas da Psicologia: Escola de Genebra – Psicogenética de Piaget, Escola Psicanalítica de Freud e a Escola de Psicologia Social de Enrique Pichon Riviére. Ele propunha um trabalho com a aprendizagem utilizando-se de uma confluência dos achados teóricos da escola de Genebra, em que o principal objeto de estudo são os níveis de inteligência, com as teorizações da psicanálise sobre as manifestações emocionais que representam seu interesse predominante (VISCA, 1995).
Mas foi a partir da década de 80, que a Psicopedagogia se estruturou como corpo de conhecimentos e se transformou em campo de estudos multidisciplinares. “Seu objetivo é resgatar uma visão mais globalizante do processo de aprendizagem e, conseqüentemente, dos problemas decorrentes desse processo”, segundo SCOZ (1994, p. 23).
     VISCA (1995) e PAIN (1989) ofereceram valiosas contribuições para o avanço da prática psicopedagógica. Estes autores preocupam-se particularmente das relações entre inteligência e afetividade.
O primeiro deles, concebe a aprendizagem como uma construção intrapsíquica, com continuidade genética e diferenças evolutivas, resultantes das pré-condições energético-estruturais do sujeito e das circunstâncias do meio.
Já PAIN (1989) entende que a aprendizagem depende da articulação de fatores internos e externos ao sujeito; do organismo: a infra-estrutura que leva o indivíduo a registrar, gravar, reconhecer tudo que o cerca através dos sistemas sensoriais; do desejo: entendido como o que se refere às estruturas inconscientes – representa o motor da aprendizagem e deve ser trabalhado a partir da relação que com ela estabelece.
Para esta autora, os processos de aprendizagem são considerados um estado particular de um sistema que, para equilibrar-se, precisou adotar um determinado tipo de comportamento que determina o não aprender e que cumpre uma função positiva.
     Em 1980, entrou em atividade a Associação Brasileira de Psicopedagogia, que assumiu uma nova postura no cenário educacional brasileiro, redimensionando o problema da aprendizagem. A Associação é responsável pela organização de eventos e pela publicação de vários temas relacionados à Psicopedagogia.
     Em 1984, a Associação realizou um encontro intitulado: “Experiências e Perspectivas do Trabalho Psicopedagógico na Realidade Brasileira”, cujo tema versava sobre as abordagens terapêuticas e preventivas do trabalho psicopedagógico, objetivando uma melhoria da qualidade no ensino das escolas (SCOZ, 2002).
     Em 1986, a Associação promoveu o seu 2º Encontro com o tema “Psicopedagogia: O Caráter Interdisciplinar na Formação e na Atuação Profissional”, abrindo espaço para a participação de vários profissionais com conhecimentos científicos diversificados, no intuito de trocarem experiências facilitando uma visão mais abrangente dos problemas de aprendizagem (SCOZ, 2002).
     O terceiro encontro de psicopedagogos aconteceu em 1988, com o intuito de delinear com maior clareza o campo de estudos e atuação da Psicopedagogia e promover uma integração de conhecimentos para compreensão da aprendizagem humana (SCOZ, 2002).
     No IV Encontro, realizado em 1990, a Associação centrou o seu temário na divulgação e aprofundamento de algumas diretrizes para a garantia de um melhor nível de qualidade e comprometimento em suas ações.
     No II Congresso e V Encontro realizados em julho de 1992, a Associação abordou o tema “A Práxis Psicopedagógica na Realidade Educacional Brasileira”, no sentido de oferecer alternativas de ação para uma transformação que possibilitasse à instituição escolar e aos alunos, uma melhoria nas condições de aprendizagem, objetivando reverter a situação dramática das escolas brasileiras.


CONCLUSÃO

     Ao longo de sua história, a Psicopedagogia dominou a patologia e a etiologia dos problemas de aprendizagem, trazendo uma contribuição efetiva aos problemas da aprendizagem e uma melhoria na qualidade do ensino oferecido às escolas.     Nesta sua trajetória, a Psicopedagogia utilizou-se de várias áreas do conhecimento, com a finalidade de aprofundar seu campo de estudo e atuação. Ela abriu caminho para introduzir uma nova dimensão na complexa realidade dos problemas da aprendizagem, adotando uma visão sem preconceitos daqueles alunos que fazem algo diferente da norma.
Dessa maneira, contribuiu para a percepção global do fato educativo e para a compreensão satisfatória dos objetivos da educação e da finalidade da escola, possibilitando uma ação transformadora.


REFERÊNCIAS

FERNANDEZ, Alicia. A inteligência aprisionada. Porto Alegre: ArtMed, 1991.

PAIN, Sara. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.

POLITY, Elisabeth. Ensinando a ensinar: educação com afeto. 2 ed. São Paulo: Vetor Editora Psicopedagógica, 2003.

SCOZ, Beatriz. Psicopedagogia e realidade escolar: o problema escolar e de aprendizagem. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.

VISCA, Jorge. Psicopedagogia: novas contribuições. São Paulo: Nova Fronteira, 1995.

WEISS, Maria L.L. Psicopedagogia


Biografia:
Sou pesquisador científico há vários anos e possuo conhecimento sobre diversas áreas.
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