EMPREENDEDORISMO E RELACIONAMENTO:
UM COMPOSTO DE CONFIANÇA E ADAPTABILIDADE
REFERÊNCIA: PAIVA JÚNIOR, Fernando Gomes de; MELLO, Sérgio Carvalho Benício de; GONÇALVES, Carlos Alberto. Empreendedorismo e relacionamento: um composto de confiança e adaptabilidade In: EGEPE – ENCONTRO DE ESTUDOS SOBRE EMPREENDEDORISMO E GESTÃO DE PEQUENAS EMPRESAS. 4. 2005, Curitiba, Anais.... Curitiba, 2005, p. 159-168.
O artigo em análise tem como objetivo estudar o fenômeno empreendedor sob a perspectiva dos dirigentes de empresas de base tecnológicas da Região Metropolitana do Recife. A questão norteadora do artigo é: “de que maneira os relacionamentos do empreendedor se consolidam pela sua credibilidade e adaptabildiade na vivência de negócios?"
Como metodologia o autor faz um referencial teórico sobre o assunto do empreendedorismo, tendo como base: SCHUMPETER (1982); COLE (1959); GARTNER (1988); DOLLINGER (1995); FRITZ (1993); SHARMA (1997), LEÂO (1999); LODISH et al. (2002) e outros. Além desses autores, o autor analisa o empreendedorismo com base na ação de empreender, utilizando o apoio sociológico de Alfred Schütz. Na pesquisa adotou-se o critério de inserção de seis sujeitos de perfil empreendedor com base em amostragem teórica, até a escolha de seis dos dirigentes, cujo relatório está presente na tese de doutorado elaborada por Paiva (2004).
O empreendedorismo em Recife parte de experiências vividas no dia-a-dia dos empresários. Partindo da idéia de que o ato de empreender significa a criação do objeto econômico inovador, esses empresários buscam através do relacionamento, criar condições para o crescimento e criação de novas oportunidades de negócios.
Neste contexto, todos participam, como os dirigentes, os familiares e novos empresários que compram organizações já estruturadas. Acredita-se que essa interação é essencial para todos, que são fortalecidos pela dialógica.
Porém, o empreendedorismo no Brasil ainda é bastante limitado, por causa da rejeição da atividade empreendedora, na qual, a iniciativa individual é vista como interesse particular e contrária ao interesse coletivo. Assim, fica difícil para os empreendedores obterem sucesso no País.
É importante salientar que o empreendedor, quando da abertura de um novo negócio precisa assumir compromissos com clientes, fornecedores, empregados, governo e comunidade local, e nessa perspectiva ele precisa estar respaldado pela atitude de confiança, sem a qual, ele possivelmente não poderá se expandir, pois se ressentirá da falta de adaptabilidade ao mercado.
Por isso, o empreendedor deve saber articular-se com seus parceiros, esquecendo-se das adversidades e partindo para um objetivo comum, que é o de adotar uma atitude de interação, pois assim poderão surgir novas oportunidades no ambiente, que poderão trazer bons rendimentos para todos.
O resultado da investigação junto aos sujeitos empreendedores envolvidos mostrou que a confiança está vigente no convívio deles, e há um consenso de que o diálogo é muito importante para todos, pois cria espaços para um relacionamento produtivo e transferência de conhecimentos. A cooperação que se estabelece com o relacionamento entre os empreendedores é vital, e pode repercutir em ganhos mútuos.
É fácil explicar isso: diante de uma crise, o empreendedor se nutre de informações chaves para poder superá-la, apresentando uma proposta que poderá ser mais plausível do que o esperado pela outra parte, e com isso, pode ocorrer uma flexibilidade negocial em que os envolvidos podem ser beneficiados. Essa atitude pode sem dúvida, fortalecer a ação do empreendedor, pois fortalece a iniciativa, a busca pela adaptação e o aspecto cooperativo entre os sujeitos.
Tudo isso leva a crer que o perfil do empreendedor deve passar pela atitude de diálogo permanente entre ele e o seu projeto de empresa, ou seja, ele precisa saber se desenvolver, utilizando-se para isso das diversas facetas do empreendedorismo, como por exemplo, a cooperação, a solidariedade, a gestão competente e a interação.
Esse rol de atitudes podem permitir ao empreendedor, um maior discernimento em relação as diversas situações do dia-a-dia, abrindo-lhe caminhos que são úteis, na medida que representam vários tentáculos expandidos de sua ação empreendedora.
Porém, o empreendedor não deve se deificar, ou seja, não se isolar, criando seu próprio mundo e sem a coletividade para apoiá-lo e auxiliá-lo a desenvolver-se profissionalmente e relacionalmente. Ele deve sim, buscar a auto-realização, estimular o desenvolvimento como um todo e o desenvolvimento local, no sentido de criar novas oportunidades e adaptando-se ao novo mercado, com ética e cidadania. Em outras palavras, significa o “agir socialmente”, no qual, a ação do empreendedor é sempre coletiva e através disso, ele constrói uma imagem pessoal que revela confiança e adaptação.
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