Éramos nós, agora há nós de gravatas e sapatos. Além dos nós náuticos, que acidentalmente, me levam ao trabalho. Visto um terno negro, uma camisa branca e uma gravata vermelha que me assemelham a um boto fora água. Ao menos foi o que sugeriu o olhar punitivo dos passageiros. Aliás, de quem é o traje antitropical?
E onde estará sendo desatados todos os nós daquele teu vestido verde? Imagino se pudéssemos costurar cada remendo de nós ou simplesmente desatar todos aqueles nós.
Mas o que é o descuido? Se não a falta de cuidado...
Quem deixou escorregar pelas mãos, algo tão sagrado?
Nós éramos como a noz moscada, agridoce, que em doses degustativas te levam ao firmamento, mas em dosagens ininterruptas ao poço. E esta última foi nossa sorte. Fomos juízes de uma sentença severa conosco, porém onde quer que estejamos, espero por uma reparação dessa pena.
Se eu pudesse estar numa leve brisa marinha que umidificasse tua pele ou ao menos em uma imagem pueril da tua memória.
Venho estancando ideias há tempos e hoje resolvi te ligar, mas até o último segundo do dia, hesitei. Percebi que após minha autorreciclagem eu ainda estava lá. Parecia bem mais simples banir todo um sepulcral silêncio.
Pela manhã, antes do labor, me fito no espelho remangando a camisa até o ombro. Relembro de algumas tatuagens antigas que foram encobertas por areias de ampulhetas. Os reflexos invertidos no espelho não codificam as inscrições tatuadas, mas ainda é possível ler difusamente: Amazônia livre e Viva Chico Mendes.
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