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Codinome Beija-flor
I - O fim
Pedro Arruda

Mais uma vez estava ali, entregue aquela paixão. Marcos sabia que aquilo era apenas uma diversão para Pablo. Uma transa casual. Depois de uma longa tarde de sexo, ele voltaria para os braços de sua noiva, fazendo o papel do hetéro machão para toda sociedade.
Por outro lado, Pablo em seus pensamentos sabia que naquele momento era tão viado quanto Marcos. Diferente do que o parceiro pensa, estava ali não apenas pelo sexo, ele o ama. Mas, sua razão o fazia prender esse sentimento no fundo do peito. Ninguém sabe o quanto lhe doía ter que omitir esse amor, esconder o que é, o que deseja de verdade.
Os dois ali, entreguem a aquela chama de desejos, e perdidos em seus devaneios. Naquele momentos eles são apenas sentimentos, amor exalando pelos poros, pelos olhos, pelas bocas, pelas palavras sussurradas... pelo gozo. Eles são um do outro, mas do que possam imaginam, mas do que possam aceitar...


- Então, essa semana vou pra São Paulo, vou ajudar o velho fechar alguns negócios... - Pablo acabara de sair do banho, enrolado numa toalha. Marcos ainda deitado, com o pensamento longe, estava pouco se lixando para o que Pablo dizia. - Marcos, acorda! Fica aí, viajando poxa.
- Que foi?
- Será que você não pode prestar atenção no que eu estou falando? Estou aqui falando, e você aí, pensando no sei o quê... Que foi, hein?
- Hum... Isso te importa agora?
- Como assim? "Isso te importa agora?" oras, você está estranho demais hoje... Lógico que importa.
- Pablo, você me ama?
De novo aquilo, Marcos mais uma o vez pressionando. Pablo nunca conseguia responder aquela, pois, essa pergunta sempre o deixava sem chão. Não tinha coragem de revelar o que sentia, ao mesmo tempo que lhe faltava coragem para menti, pois sabia que se mentisse magoaria Marcos.
Marcos dessa vez não deixaria Pablo se esquivar. Sempre que o pergunta sobre seus sentimentos ele foge, mas, hoje seria diferente. Marcos está decidido a mudar o jogo, estava cansado de ser a segunda opção, de ser apenas um qualquer para se divertir. Por mais que ame a Pablo, ele colocaria um ponto final naquela loucura.
- Então, estou esperando a resposta. - disse Marcos, depois de longo periodo de silêncio, onde Pablo ficou paralisado e mudo. - Hoje eu quero uma resposta satisfatória... Você me ama ou sou apenas uma diversão?
- Pra que isso, Marcos? Nós nos damos tão bem, sem essas pressões. - Pablo disse enfim. - Pra que atrapalhar o está dando certo?
- Isso quer dizer que você só gosta de se divertir comigo... Ótimo.
- Não é isso que eu quis dizer, Marcos... Eu...
- Eu...??? Fala, Pablo.
Pablo não falou, não conseguia. Ele queria naquele momento gritar que amava Marcos com todo seu ser, mas não podia. Um pânico irracional o impedia. Mesmo sabendo que a ausência dessas pequenas palavras, o afastaria de seu amado. Não conseguia pronucia-las.
Marcos se levantou, acendeu um cigarro, se encostou na janela. Pablo continuava ali, imóvel como se fosse parte da mobília. Marcos estava reunindo forças para o próximo ato. Chegada a hora de colocar um ponto final naquela história. Ama a Pablo, mas ele não quer ficar a vida inteira esperando por um cara que nunca será completamente seu.

- Junte tudo que é seu, que está nesse apartamento, e vai embora - disse no tom mais frio possível.
- Marcos, não vamos terminar assim. Nos temos uma história. - falou Pablo, assustado com o tom da voz do amado. Se aproximou de Marcos. - Nos estamos há tempos juntos.
- Não Pablo, nunca tivemos juntos. Você nunca foi meu. Você nunca nos permitiu sermos, um do outro.
- Marcos me entenda, eu não posso te assumi. Tem minha mãe, tem meu sogro, que é também meu chefe... E tem meu casamento, meu futuro depende desse casamento.
- Você é um idiota, que não consegue assumi o que é... Vai embora, vai pra sua vidinha perfeita de hetéro machão, e me deixa em paz. Não quero mais você na minha vida.
A emoção estava nos olhos de ambos, Marcos nunca tinha visto o Pablo chorar, mesmo assim isso não ia se abalar. Estava determinado em acabar com aquilo, por mais que doa.
- Você tem certeza disso? - perguntou Pablo, não conseguindo segurar as lágrimas.
- Tenho.
- Então, esse é o fim, né?
- Sim...
Pablo não disse mais nada, vestiu sua roupa, e foi juntar suas coisas. Aquele apartamento tinha muito dele também, viveu bons momentos ali. Pablo ajudou Marcos a decorar tudo, desde a escolha do azuleiro do banheiro, dos móveis, e até nos pequenos detalhes, se sentia mais em casa ali do que em sua própria casa. Agora está tudo perdido, por culpa de sua fraqueza e medo de ser o que é.

Marcos se sentou na sala, fazendo um esforço danado pra não desmorronar. Seu amor está partindo, e não há nada que ele possa fazer. Pablo terminou de juntar suas coisas e colocou numa mala. O silêncio imperando no ambiente, Pablo olhou pela última vez para o quarto, o lugar onde foi mais feliz. O lugar onde se sentia mais livre e completo.

- Bem, acho que peguei tudo.
- Se tiver alguma coisa mais, eu te aviso.
Seus olhares se encontraram, ambos estavam rasos d' água. Pablo tinha consciência que uma única frase saída da sua boca, mudaria tudo. Mas, o medo e preconceito foram mais forte.
- Bem, então já vou.
- Adeus...
Pablo agarrou Marcos e o beijou, um beijo intenso e quente, como um beijo de despedida deve ser. Marcos interropeu o beijo. Sabia se continuasse mais tempo nos braços de Pablo, colocaria tudo a perder...
- Tchau.
- Marcos, quero que você saiba que eu nunca vou esquecer o que vivemos. Você foi, e é, muito importante para mim.
- Pena, que você não deu o valor que eu merecia.
- Me perdoa se te fiz sofrer.
- Não há o que perdoar... Tudo foi como tinha que ser... Você nunca mentiu pra mim, e eu aceitei a regra do jogo até onde deu.
- Eu não fui honesto com você... Eu não disse tudo...
- Isso já não importa. Acabou... Tchau!
- É, Marcos, eu...
- Ahh, sim... As chaves, devolva-me as suas cópias.
- Claro, toma.
Pablo devolveu as chaves e saiu. Foi assim que a história de amor de Pablo e Marcos terminou...

Bem, é o que eles pensaram...


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