E quem não muda?
E quem não se transforma?
Se assim não fosse,
não estaria aqui a falar.
Desculpe invadir o paraíso.
Desculpe pisar em terrenos
que a mim não cabe andar.
Desculpe por falar.
Em minhas buscas alegrei-me
por conhecer cada vez mais
uma outra parte de mim,
mas enganei-me,
ela não quer se deixar conhecer.
Sabe as dores que sinto?
Sabe o conturbar de meu espírito?
Penso comigo que
é essa parte de mim
que está sofrendo dores
que a mim ainda
não me é dado conhecer.
Mas que fazer?
Tenho medo de falar.
Tenho cada vez mais
medo de dizer.
Pois quando digo
não creio ser compreendida.
Talvez seja mal compreendida.
O que fazer?
Não sei.
Também me pergunto
como evitar a transmutação
de meu próprio ser
que parece gemer
e chorar em dores atrozes.
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