Porta inútil que sou,
Busco no lugar comum
Das palavras mal ditas
Preencher o vazio da vida
Transbordada em lágrimas engolidas
Sento, relaxo e observo...
A vida continua comum e incompleta
Em cada gesto, calar ou poesia,
Da janela ao infinito
Quem me dera conseguir encontrar:
- na repetição de cada dia,
- na mutação de cada lua,
- na morte de cada noite...
Motivo qualquer para crer que possa,
Mudar a eternidade para sempre
- o dia para ontem
- a dor para longe
- a vida para trás...
Fiz de tudo o que pude
Em desencontros perdidos na memória
De sonhos deixados para trás,
Esquecidos, preteridos e mudados
Mas sei que irei vencer:
- a angústia da vida mal-vivida,
- a revolta da morte mal-decidida
- o mal-estar das letras esquecidas
Na certeza de que o efêmero é eterno
A busca do tempo se sucede
Ensaiando vitórias e mentiras
Nas esquinas obtusas do futuro
São Paulo (02/12/1994)
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