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AS DESIGUALDADES REGIONAIS NO BRASIL
DESIGUALDADES
Ismael Monteiro

Resumo:
A resenha faz uma análise das desigualdades regionais no Brasil

     A análise das grandes regiões brasileiras abrangendo o Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste, é útil para um primeiro contato com as mudanças recentes ocorridas no Brasil, que revelam a situação atual na distribuição territorial da riqueza e as desigualdades regionais na divisão social da renda.
     Ao adotar a proposta da industrialização para cada uma das regiões brasileiras, como solução para o problema do desenvolvimento e das disparidades regionais, o governo seguiu o exemplo de alguns países industrializados que tiveram sucesso.
     Por sua vez, a concentração da produção industrial em São Paulo é vista como algo que precisa ser descentralizado. É importante salientar que São Paulo, desde 1919 ocupava o primeiro lugar, com 31,5% do total nacional no que se refere à produção da indústria de transformação, atingindo o auge da concentração industrial do país com 53% da produção nacional, em 1970. Contudo, esse índice em 1985 baixou para 51,9% do total. Esta desconcentração industrial do estado de São Paulo, está aumentando a participação da indústria em outras regiões do Brasil.
     A Região Norte aumentou de 0,8% para 2,5% sua participação na indústria nacional no período de 1970 e 1985 e com a Zona Franca de Manaus esta participação dobrou entre 1990 e 1995, graças a manutenção de seus incentivos fiscais e a política de abertura e de desregulamentação que tem favorecido um afluxo recente de investimentos na região, embora tenha favorecido também São Paulo, o que de certa forma prejudicou a região. Note-se que a Região Norte é ainda uma imensa superfície florestada e um imenso vazio demográfico. Os esforços de ocupação dessa área, realizados a partir de 1970, com a abertura de rodovias que partiam de Brasília, permitiram o crescimento populacional na região sul da grande massa floresta. Entretanto, a atividade econômica é ainda em grande parte dispersa ou, então, concentra-se ao longo de poucos eixos que partem de cidades encravadas aqui e ali, e ao longo dos rios e rodovias. É baixa a participação desta região no contexto nacional, e se não fosse a Zona Franca de Manaus, sua participação seria menor ainda.
     A participação da região Nordeste cresceu de 5,7% para 8,6% em 1985, e em 1995 desceu meio ponto, devido ao retrocesso de Pernambuco, pela crise química nacional, que afetou a Bahia, e pela contração sofrida pelos setores têxtil e de confecções em quase toda a região. A crise da indústria nordestina, está relacionada com a crise da indústria paulista, grande compradora de insumos e produtos industriais do Nordeste. Apesar de ser a segunda região mais populosa do país, ainda é a área mais pobre, com uma participação na renda nacional inferior à metade de seu peso demográfico.
     O Centro-Oeste, teve uma participação de 0,79% a 1,37% no período de 1970 e 1985, graças à expansão de sua agro-indústria e de sua urbanização. É uma região que tem apresentado uma continuidade de sua expansão industrial, favorecida pelos benefícios fiscais, oferecidos por alguns de seus estados, que, com isso, atraíram novos investimentos. Seu processo de integração foi iniciado com a fundação de Brasília, em 1960. Sua rede de infra-estrutura viária facilitou a expansão da soja, cultura agrícola que integrou definitivamente o Centro-Oeste ao mercado nacional, na década de 1980.
     A Região Sul teve ótimo desempenho (passou de 12% em 1970 para 16,7% em 1985 e 18,1% em 1995), beneficiada pelo instalação do terceiro pólo petroquímico nacional, pelo bom desempenho agroindustrial, de produção de máquinas agrícolas e tratores, equipamentos em geral, material elétrico e de transporte. A região tem tido um grau mais avançado de desconcentração do investimento industrial. Cabe ainda registrar, para a Região Sul, a manutenção da participação da indústria de bens de consumo não-duráveis, que expressa, de certo modo, a formação e consolidação dos complexos agroindustriais, ligados à soja, ao trigo e a carnes.
     A Região Sudeste consolidou-se na década de 70, a indústria de bens de consumo duráveis e de bens de capital, que passou a representar um terço do valor da transformação industrial da região. Considerando-se as mil maiores empresas de todos os setores produtivos (Revista Visão – Quem é Quem na Economia Brasileira), percebe-se que o Sudeste, que detinha 80,3% das empresas em 1975, passou a concentrar 73,8% em 1980 e 68,2% em 1990, o que lhe confere um aumento bastante significativo. Deve-se registrar, no entanto, que os grandes grupos econômicos e conglomerados mantiveram, no período analisado, o mesmo nível de concentração, com suas sedes localizadas no Sudeste e em São Paulo. Isso acontece apesar do processo de desconcentração espacial, que também atingiu as empresas pertencentes a esses grupos.
     Diante do que foi apresentado, verifica-se que o ritmo de desenvolvimento desigual é o responsável pelas disparidades entre as regiões brasileiras, o que resulta em uma grande concentração de pessoas, investimentos e informações na área geoeconômica comandada por São Paulo. Mais recentemente, está ocorrendo vários processos de modernização, notadamente nos centros mais industrializados, como: a terceirização, a importação de componentes e a busca sistemática de melhoria de qualidade de aumento da competitividade internacional. Contudo, isto não tem feito que as desigualdades diminuam e o indicador que mais resume as diferenças entre as regiões é o da incidência de pobreza: no Nordeste 40,9% da população pode ser classificada como indigente, contrastando com uma proporção de 12,4% no Sudeste, 18,1% na regiõa sul e 16,1% no Centro-Oeste. A renda per-capita do paulista é de 6,8 vezes maior que a do brasileiro residente no Piauí. Todos estes índices comprovam que, apesar das transformações ocorridas na economia brasileira nas últimas décadas, são marcantes os níveis de desigualdades entre as regiões e mesmo a produção de novos espaços e a fragmentação de regiões tradicionais, como também, a articulação e a integração de áreas e territórios de distintas regiões, tornaram obsoleta a partição regional adotada no País, não resolvendo o problema das desigualdades.


Biografia:
Sou pesquisador científico há vários anos e possuo conhecimento sobre diversas áreas.
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